CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA DE ENFERMEIROS CIRÚRGICOS NA PREVENÇÃO E MANEJO DE COMPLICAÇÕES ESTOMAIS E PERIESTOMAIS
Resumo
Introdução: A presença de complicações estomais e periestomais em pessoas com estomias intestinais e urinárias representa um desafio para a prática clínica de enfermeiros, especialmente os que atuam em unidades cirúrgicas. A autoeficácia, segundo Bandura, é um fator determinante para o desempenho profissional, influenciada por experiências prévias, modelos vicários, estados fisiológicos e persuasão verbal. O desenvolvimento de um instrumento de medida da autoeficácia pode subsidiar formação e melhorar a assistência. Objetivo: Construir um instrumento baseado no modelo teórico de autoeficácia de Bandura para avaliar os conhecimentos, habilidades e atitudes de enfermeiros cirúrgicos na prevenção e manejo de complicações estomais e periestomais. Métodos: Estudo metodológico dividido em três etapas: (1) revisão integrativa e escopo teórico, com busca em bases indexadas (MEDLINE, LILACS, CINAHL, Scopus) para identificar competências clínicas esperadas de enfermeiros na atenção a pessoas com estomias e possíveis complicações; (2) construção dos itens do instrumento, a partir das dimensões teóricas de autoeficácia de Bandura, distribuídas nos domínios: conhecimentos técnicos (10 itens), habilidades técnicas (8 itens), atitudes (6 itens) e comportamentos profissionais (6 itens), além de 6 itens voltados ao componente emocional e vivencial da autoeficácia (medo, ansiedade, insegurança, experiências vicárias e prévias); e (3) avaliação semântica e aparência, por meio de leitura crítica e aplicação piloto a um grupo de seis enfermeiros cirúrgicos e dois docentes da área, com registro de sugestões de clareza, coerência e aplicabilidade. Resultados: A primeira versão do instrumento resultou em 36 itens, com formato tipo Likert de 5 pontos (1 = nada confiante a 5 = totalmente confiante). Dividido em seis domínios: 1 Domínio: Conhecimentos (10 itens) - Avalia o domínio teórico sobre complicações estomais e periestomais, anatomofisiologia, intervenções preventivas e terapêuticas; 2. Domínio: Habilidades Técnicas (8 itens): Avalia a confiança na execução prática de procedimentos de prevenção e manejo; 3. Domínio: Atitudes (6 itens): Avalia crenças, disponibilidade afetiva, respeito e ética no cuidado com pessoas estomizadas; 4. Domínio: Comportamentos Profissionais (6 itens): Avalia ações proativas, trabalho em equipe, educação ao paciente e registro clínico; 5. Domínio Crenças e Experiências Vicárias (6 itens). Os itens foram formulados para contemplar desde o reconhecimento dos sinais de complicações (prolapso, retração, dermatite periestomal, necrose, fístulas) até o planejamento terapêutico e acompanhamento pós-intervenção. Enfermeiros participantes da avaliação preliminar relataram dificuldade em autoavaliar atitudes frente a situações clínicas que envolviam dor, odor, secreções ou falhas técnicas. Relataram também que experiências anteriores negativas ou a ausência de formação prática durante a graduação interferiram na percepção de autoeficácia. Itens como "Sinto-me confiante para manejar o sangramento ao redor da estomia" e "A presença de ansiedade interfere na minha tomada de decisão frente a complicações periestomais" foram destacados como relevantes. Conclusão: O instrumento mostrou-se promissor para mensurar a autoeficácia de enfermeiros cirúrgicos na prevenção e manejo de complicações estomais e periestomais, integrando os componentes cognitivos, emocionais e comportamentais preconizados no modelo de Bandura. O uso do instrumento pode contribuir para identificar lacunas de formação e orientar estratégias educativas, bem como fortalecer a atuação clínica qualificada e segura dos enfermeiros nesse cuidado especializado.Downloads
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Publicado
2025-10-01
Como Citar
Silva, R. A., Videres, A. R. N., Oliveira, L. B. D., Santos, V. B., Lopes, C. T., Sampaio, L. R. L., & César, E. A. (2025). CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DA AUTOEFICÁCIA DE ENFERMEIROS CIRÚRGICOS NA PREVENÇÃO E MANEJO DE COMPLICAÇÕES ESTOMAIS E PERIESTOMAIS. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2006
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Seção
Artigos