PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) NO GERENCIAMENTO DE FÍSTULAS ENTERCUTÂNEAS NA PEDIATRIA

Autores

  • Madna Avelino Silva Hospital Infantil Albert Sabin (Hias

Resumo

Introdução: Fístulas enterocutâneas são comunicações anômalas entre o tubo digestivo e a pele. Surgem de maneira espontânea ou iatrogênica e demandam condução interdisciplinar para a prevenção das complicações associadas (distúrbio hidroeletrolítico, desnutrição e sepse)¹-².Objetivo: Descrever a experiência de Projeto Terapêutico Singular (PTS) no gerenciamento de fístulas enterocutâneas na pediatria. Metodologia: Relato de experiência realizado a partir de assistência prestada a uma criança com fístulas enterocutâneas, em um hospital pediátrico de referência do município de Fortaleza-CE, no período de maio de 2023 a fevereiro de 2024. Foram respeitadas as normas éticas e legais de pesquisas envolvendo seres humanos. Resultados: A criança possui diagnósticos de anomalia anorretal, disfunção vesical e intestinal. Foi submetido a apendicovesicostomia e a múltiplas enterectomias, desenvolvendo fístula enterocutânea em abril de 2023. Evoluiu com infecção de foco abdominal e endocardite infecciosa, necessitando de cuidados intensivos. Retornou posteriormente para a internação. A criança apresentava múltiplas fístulas entero-atmosféricas com hipersecreção de conteúdo gastroentérico. Evidenciava-se borda macerada e friável, além de lesões periestoma erosivas. Ao exame de imagem, constatado comprometimento significativo de parede abdominal (quadro incompatível com a vida). Realizado em outubro de 2023 conferência interdisciplinar com a presença dos genitores, onde se discutiu o prognóstico da criança e a perspectiva dos pais em relação ao mesmo, sendo estruturado, assim, o Cuidado Centrado na Família (CCF) e o Projeto Terapêutico Singular (PTS). Definiu-se as seguintes metas: controle hidroeletrolítico e nutricional do paciente; prevenção de complicações relacionadas às lesões periestomal; adaptação das tecnologias empregadas (coletor de efluentes e coberturas) às necessidades da criança; gerenciamento da dor; assistência psicossocial aos pais; envolvimento da família no cuidado; educação da equipe assistencial para a gestão adequada das fístulas. No que concerne ao tratamento in loco, a estomaterapia conduziu da seguinte maneira: higienização com solução fisiológica 0,9% e solução de Polyhexanide; administração tópica de adjuvantes; aplicação de coletor de efluentes(sistema de fístula). As trocas dos curativos foram realizadas considerando o alto débito das fístulas e saturação do equipamento coletor. Conclusão: A gestão das fístulas enterocutâneas foi um desafio único para a equipe. O fechamento total do abdome da criança ocorreu em 9 meses, como resultado do trabalho interdisciplinar da equipe, baseado no CCF e direcionado pelo PTS. A abordagem interdisciplinar em condições clínicas complexas é essencial para o sucesso da gestão terapêutica, sobretudo em situações similares ao aqui relatado³. Ressaltamos, ainda, que a inserção do enfermeiro especialista na tomada de decisões clínicas, fortalece a praxe do cuidado de uma enfermagem crítica, reflexiva e atitudinal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Publicado

2025-10-01

Como Citar

Silva, M. A. (2025). PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR (PTS) NO GERENCIAMENTO DE FÍSTULAS ENTERCUTÂNEAS NA PEDIATRIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2055