ABORDAGEM DE CONTEÚDOS RELACIONADOS À ÁREA DE ESTOMATERAPIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Resumo
Introdução: a estomaterapia, área de atuação exclusiva do enfermeiro, abrange o cuidado a pessoas com estomias, feridas agudas e crônicas, e incontinências urinária e anal, fístulas, drenos e cateteres1,2. A relevância dessa especialidade é acentuada pela crescente demanda por assistência a pessoas com condições de saúde complexas, como doenças crônicas não transmissíveis e traumas, que frequentemente resultam na necessidade de estomias ou no desenvolvimento de lesões e incontinências3. No entanto, apesar da importância do tema, observa-se que a abordagem dos conteúdos relacionados à estomaterapia nos cursos de graduação em enfermagem pode apresentar lacunas, gerando desafios para os profissionais na prática assistencial4,5. Diante desse contexto, este estudo tem como objeto a abordagem dos conteúdos relacionados à estomaterapia nos cursos de graduação em enfermagem, visando contribuir para a discussão sobre a adequação curricular frente às necessidades epidemiológicas e assistenciais da população. Objetivos: identificar as metodologias e as estratégias pedagógicas para o desenvolvimento dos conteúdos relativos à estomaterapia nos cursos de graduação em enfermagem e analisar os conteúdos relativos à estomaterapia abordados nos cursos de graduação em enfermagem. Método: trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado com onze coordenadores de cursos de graduação em Enfermagem de instituições de ensino públicas e privadas do Estado do Rio de Janeiro. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o parecer nº 6.954.796. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, e as informações foram processadas pelo software IraMuTeQ®. A análise seguiu a Classificação Hierárquica Descendente (CHD), permitindo a identificação de eixos temáticos. Resultados: a análise das entrevistas resultou na identificação de quatro classes, organizadas em dois blocos temáticos. O primeiro bloco, intitulado "Fundamentos para o ensino do cuidado em estomaterapia", é composto pela classe referente às bases teóricas e práticas para o desenvolvimento de competências e habilidades nessa área, representando 22,4% (f = 26 Segmentos de Texto - ST) do corpus analisado. Os léxicos mais representativos desta classe incluem: desenvolver, semiologia, pele, aprofundar, olhar, problema, semiotécnica, fisiologia, procedimento, patológico, início e fisiopatologia. Verificou-se uma formação progressiva, que se inicia com disciplinas teóricas como Anatomia, Fisiologia Humana e Fisiopatologia, avançando posteriormente para componentes práticos como Semiologia e Semiotécnica. Esses conteúdos curriculares são considerados essenciais para a formação do enfermeiro, pois fornecem a base morfológica e morfofisiológica necessária à compreensão da estrutura e funcionamento do corpo humano, bem como das alterações decorrentes de processos patológicos. O segundo bloco temático, denominado "Implementação do ensino da estomaterapia nos cursos de graduação em Enfermagem", é composto por três classes. A primeira delas trata da articulação teórico-prática no ensino da estomaterapia, abrangendo 25,9% (f = 30 ST) do corpus. Entre os léxicos mais frequentes nesta classe, destacam-se: treinamento, campo, aluno, técnica, simulação, ensino teórico-prático, habilidade, teórico e laboratório. A segunda classe refere-se às metodologias, estratégias e períodos letivos associados ao ensino da estomaterapia, também com 25,9% (f = 30 ST) do corpus. Os léxicos predominantes incluem: sétimo período, oitavo período, aulas expositivas, estágio, recurso, nono período, cirúrgico, décimo período, internato, quinto período, vídeo, laboratório de simulação realística, sexto período e estratégias de ensino. A análise revelou que os conteúdos de estomaterapia são organizados curricularmente do terceiro ao décimo período, promovendo um processo de aprendizagem progressivo e contínuo. A terceira classe deste bloco aborda as disciplinas e conteúdos relacionados ao cuidado em estomaterapia, também correspondentes a 25,9% (f = 30 ST) do corpus. Os principais léxicos identificados foram: saúde do adulto e do idoso, clínica médica, disciplina, atenção básica, hospital, cuidativa, hospitalar, domiciliar, área, fundamentos de enfermagem e semestre. A partir dos ST analisados, constatou-se que os conteúdos relativos à estomaterapia estão inseridos em disciplinas obrigatórias da matriz curricular, com destaque para Saúde do Adulto e do Idoso e Fundamentos de Enfermagem. Observou-se, ainda, uma progressiva inserção de temas como feridas, estomias, incontinência, fístulas, drenos e cateteres, os quais são abordados em diferentes disciplinas ao longo da formação acadêmica. Conclusão: os resultados evidenciam a necessidade de ampliar e aprofundar os conteúdos relacionados à estomaterapia nos cursos de graduação em enfermagem. Destaca-se a importância de integrar o desenvolvimento desses conteúdos ao longo dos ciclos básico e profissional, com o objetivo de garantir uma abordagem equilibrada e progressiva das disciplinas. Tal integração evita tanto a omissão quanto a repetição de temas, promovendo uma formação mais coesa, eficiente e alinhada às demandas da prática profissional contemporânea.Downloads
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Publicado
2025-10-01
Como Citar
Medaber, C. C. R. C., Santos, J. C. D., Pappalardo, B. D. S., Soares, S. S. S., Silva, F. H. D., Costa, C. C. P. D., & Souza, N. V. D. D. O. (2025). ABORDAGEM DE CONTEÚDOS RELACIONADOS À ÁREA DE ESTOMATERAPIA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2302
Edição
Seção
Artigos
