DESENVOLVIMENTO DE MODELOS DIDÁTICOS DE FERIDAS E ESTOMIAS EM MASSA DE BISCUIT:

UM ESTUDO METODOLÓGICO

Autores

  • THAIS LIMA VIEIRA DE SOUZA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • MARIA LAURA SILVA GOMES ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • ALYNE SOARES FREITAS ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • CAMILA APARECIDA COSTA SILVA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • JOYCE DA SILVA COSTA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA)
  • GABRIEL ANGELO DE AQUINO ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • SOLANGE GURGEL ALEXANDRE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Resumo

Introdução: A utilização de metodologias ativas permite o envolvimento participativo e estimula a criatividade do indivíduo, tornando-o protagonista do processo de aprendizagem. A mudança de paradigma propiciada pela prática baseada em evidências tem notabilizado a importância da combinação do uso de metodologias ativas e tecnologias com o intuito de estimular habilidades exigidas no mercado de trabalho, como pensamento crítico, capacidade de resolução de problemas, autonomia, protagonismo, visão holística, autoconfiança e trabalho em equipe1-2. Ainda, as novas diretrizes curriculares nacionais para os cursos da área da saúde, como medicina, enfermagem e farmácia, recomendam o uso de estratégias de ensino mais inovadoras e eficientes para a assimilação do conteúdo e desenvolvimento de habilidades em situações práticas2. Uma revisão integrativa identificou que o tipo de metodologia ativa mais utilizado é a aprendizagem baseada em evidências, visto que foi uma das primeiras estratégias aplicadas como método de ensino. Por sua vez, existem outras estratégias que podem ser aplicadas no processo de ensino-aprendizagem que estimulam e auxiliam na aproximação da realidade profissional2. Nesta perspectiva, o uso de modelos anatômicos no ensino do manejo de feridas e estomias possibilita o aprimoramento do conhecimento teórico, atrelado ao desenvolvimento de habilidades práticas, além de proporcionar a segurança do paciente, visto que o profissional se aperfeiçoa previamente com um simulador ao invés de expor o paciente em um contexto assistencial real4. Contudo, a aquisição de modelos anatômicos, por vezes, esbarra no alto custo, sendo que a utilização da massa de biscuit para sua construção se configura como uma alternativa viável, haja vista o seu valor econômico reduzido, quando comparado a equipamentos sofisticados, o fácil manuseio, devido à sua consistência, e a durabilidade. Além disso, o processo de criação do modelo anatômico contribui para a correlação com os conhecimentos teóricos e a capacidade de representar ou adaptar o contexto real no modelo. Objetivo: Descrever o desenvolvimento de modelos didáticos de feridas e estomias em biscuit como método facilitador do ensino-aprendizagem. Método: Trata-se de um estudo metodológico acerca do processo de desenvolvimento de uma tecnologia dura, que se divide em quatro etapas: 1) seleção de imagens de feridas e estomias para inspiração; 2) vídeos para instrução básica de como manipular os materiais; 3) aquisição dos materiais para confecção dos produtos; 4) oficina para construção dos modelos didáticos. As três etapas desse processo ocorreram no período de 10 a 25 de março de 2023, contando com a execução por seis enfermeiros estomaterapeutas com ampla atuação no ensino, pesquisa e assistência nas diversas áreas da estomaterapia, com experiência assistencial para o tratamento de feridas e/ou estomias de eliminação com mais de três anos, além da formação em ensino de adultos durante a pós- graduação stricto sensu. Este estudo foi realizado no município de Fortaleza-Ceará. Resultado: A seleção de imagens de feridas e estomias para inspiração se deu por meio da busca no Google, em que foram elencadas inicialmente as lesões de pele com as seguintes características: lesão por pressão (LP), com destaque para a visualização das estruturas acometidas em cada estágio (LP estágio 1, LP estágio 2, LP estágio 3, LP estágio 4, LP tissular profunda e LP não classificável); deiscência de ferida operatória; ferida apenas com tecido de granulação; ferida constituída por tecido de granulação, tecido subcutâneo e necrose úmida; ferida operatória infectada; ferida com epíbole; ferida cavitária e com bordas descolada; ferida com necrose seca aderida no leito para exemplificar a técnica de escarificação e as técnicas de desbridamento instrumental conservador (Técnica de Square e Cover). No âmbito das estomias de eliminação, foram selecionadas estomias com ângulo de drenagem centralizado e lateralizado; protuso, plano e retraído; e de uma e duas bocas. Sobre as principais complicações com estomias, foram escolhidas a dermatite periestomal, o descolamento mucocutâneo, a necrose e o sangramento. Os vídeos com instruções básicas sobre o manuseio da massa de biscuit e outros materiais complementares foram selecionados após pesquisa em canais nacionais e internacionais do YouTube, como tutorial para colorir a massa de biscuit em diversas tonalidades de pele. A aquisição dos materiais para confecção dos modelos didáticos se deu com base na seleção de cores mais presentes nas imagens e nos expostos nos tutoriais, sendo eles: massa de biscuit; creme para massa de biscuit; jogo de estecas; tinta PVA nas cores amarela, azul, branca, marrom, pêssego, preta e vermelha; kit de giz pastel; e caixas de MDF. Após a realização dessas três etapas, agendou-se uma tarde para realização da oficina para construção dos modelos. Para facilitar a operacionalização da construção dos modelos, foram separadas estações para preparação e coloração do biscuit, especialmente para permitir a variedade de coloração dos tons de pele e tecidos das feridas e estomias. Os diferentes tons de pele foram elaborados intencionalmente para aproximar a realidade prática, atingindo peles de etnia branca, parda, negra e amarela. Em seguida, os modelos selecionados por foto foram separados entre os enfermeiros do grupo de acordo com habilidade manual e experiência prática. Os detalhes de contorno e marcas dos tecidos e pele foram produzidos com o jogo de estecas. No modelo de estomia com ângulo de drenagem centralizado foi arquitetado uma estrutura para liberação de conteúdo líquido e pastoso, simulando o efluente das estomias de eliminação intestinal. Essa experiência permitiu aos participantes o estímulo da criatividade, aproximação do modelo com a prática clínica para o tratamento de feridas complexas e estomias, fortalecimento do trabalho em equipe e resolutividade de problemas. Sabe-se que esses modelos anatômicos se encontram disponíveis no mercado ou mesmo que existem profissionais que os constroem de acordo com as especificações exigidas. Entretanto, a experiência do processo de construção contribui no aspecto do desenvolvimento da criatividade, assimilação do conteúdo teórico com a prática e surgimento de ideias inovadoras em outros âmbitos. Além disso, esse material permite a construção do modelo anatômico pelo próprio aluno, se configurando no segundo melhor método para a aprendizagem, pois aprendemos 80% quando fazemos, segundo William Glasser5. Conclusão: O uso de metodologias ativas é recomendado para o ensino de adultos, entre as quais a confecção de modelos anatômicos de feridas e estomias pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem de formação de enfermeiros, tanto generalistas quanto especializandos, assim como pode estimular outras habilidades importantes para o mercado de trabalho, nas diversas áreas da enfermagem. Com isso, podemos inferir que o processo de confecção de modelos anatômicos em biscuit pode ser utilizado como uma estratégia de ensino-aprendizagem profissional para a assistência de pessoas com feridas e estomias, além de promover a segurança do paciente.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

LIMA VIEIRA DE SOUZA, T., LAURA SILVA GOMES, M., SOARES FREITAS, A., APARECIDA COSTA SILVA, C., DA SILVA COSTA, J., ANGELO DE AQUINO, G., & GURGEL ALEXANDRE, S. (2024). DESENVOLVIMENTO DE MODELOS DIDÁTICOS DE FERIDAS E ESTOMIAS EM MASSA DE BISCUIT:: UM ESTUDO METODOLÓGICO. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/467