ESTRATÉGIA PARA ENVOLVIMENTO DO PACIENTE NO TRATAMENTO DE FERIDAS

Autores

  • DOMITÍLIA BONFIM DE MACÊDO MIHALIUC SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
  • SIMONE SOUZA NASCIMENTO SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
  • LUCIENE DE MORAES LACORT NATIVIDADE SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL
  • MARIA LUIZA MEDEIROS DO NASCIMENTO ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
  • LUCAS NUNES DA SILVA ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
  • MAÍLLY FERRÃO SILVA ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Resumo

Introdução: A Organização Mundial da Saúde recomenda o “Envolvimento do Cidadão na sua Segurança” como eixo principal para prevenção de falhas e de danos em serviços de saúde. O comprometimento do paciente com sua própria saúde é uma das principais diretrizes do Programa Nacional de Segurança do Paciente. Família, acompanhante e paciente devem prestar atenção no cuidado recebido e perguntar em caso de dúvida ou preocupação antes, durante e após o atendimento1. Durante a avaliação de uma ferida, o acrônimo TIMERS é uma ferramenta que orienta profissionais no processo de tomada de decisão para o tratamento, incluindo a escolha da tecnologia adequada e os intervalos de troca dos curativos por exemplo. O “T” (tissue) representa a avaliação da viabilidade tecidual; o “I” (infection/inflammation) é elemento que orienta a verificação da presença de infecção/inflamação; o “M” (moisture) direciona para observação da umidade do leito da ferida, denominada de exsudato; o “E” (edge) aponta para a avaliação das bordas, importantes para a cicatrização; o “R” (regeneration) direciona sobre a necessidade de reparo tecidual no local; e o “S” (social) diz respeito a situação/fatores sociais, orientando profissional de saúde a identificar fatores de risco não clínicos relacionados ao paciente, incluindo educação em saúde com linguagem e materiais que ele possa entender, reconhecendo a importância do envolvimento do paciente no seu tratamento e aumentando a probabilidade de cura2. Fatores sociodemográficos, econômicos e culturais podem se tornar barreiras na participação destes indivíduos no processo de cicatrização2. Estudo sobre a percepção dos profissionais da atenção básica acerca da participação do paciente no cuidado destacou a importância de dar voz ao paciente, manter diálogo horizontalizado e linguagem simples, destacou também a corresponsabilidade do paciente e seu nível de letramento como aspectos importantes para facilitar a troca de informações3. A portaria nº 1.820, de 13 de agosto de 2009, dispõe sobre os direitos e os deveres dos usuários da saúde. Para garantir a continuidade do tratamento, deve ser assegurada informação a respeito das diferentes possibilidades terapêuticas. É direito dos usuários do Sistema Único de Saúde ter autonomia para tomar decisões, consentindo ou recusando, procedimentos terapêuticos4. Objetivo: Relatar a experiência docente da construção e da utilização de ferramenta para promover o envolvimento do paciente no tratamento de feridas no contexto da atenção primária à saúde. Método: Relato de experiência, utilizando o método do Arco de Maguerez com suas cinco etapas: observação da realidade e identificação de problemas, pontos-chaves para serem explorados, teorização para a busca de melhores evidências para a prática clínica, hipóteses de solução para a resolução de problemas e aplicação à realidade, quando é possível modificar o cenário inicialmente observado5. A utilização do método descrito faz parte das metodologias ativas adotadas nos cenários de prática da instituição de ensino superior à qual as docentes estão vinculadas e permite a sistematização da resolução de problemas reais. A atividade foi desenvolvida em unidade básica de saúde localizada em área de inúmeras vulnerabilidades, entre elas a socioeconômica. As docentes problematizaram com estudantes sobre a passividade do paciente durante troca de curativos. A sala de curativos do cenário de desenvolvimento do estágio não tem equipe própria, todos utilizam o lugar para atender usuários vinculados a cada equipe da Estratégia Saúde da Família, inclusive profissionais diferentes acompanham a evolução das lesões. Observou-se que os pacientes não esboçavam nenhum conhecimento sobre a tecnologia que estava sendo utilizada em sua ferida, mesmo que sentissem dor, prurido ou não observassem êxito no tratamento, ou seja, estavam omissos no processo de cicatrização de suas feridas. As docentes problematizaram a situação observada, questionando sobre a importância da participação do paciente no atendimento. Diante disso, foram elencados os seguintes pontos chaves: segurança do paciente, envolvimento do paciente no seu próprio cuidado e tratamento de feridas com utilização do acrômio TIMERS no processo decisório de tratamento de feridas, com ênfase para o aspecto social. Levantou-se a hipótese da construção de banner contendo a imagem de cada tecnologia disponível no serviço para alcançar também os indivíduos com baixa ou nenhuma escolaridade. A ferramenta também possui a pergunta “Você sabe qual curativo está usando”? para incentivar a resposta do paciente. A intervenção foi aplicada à realidade para criar a cultura do envolvimento do paciente no tratamento de feridas. Resultados: A ferramenta construída engajou paciente, família e acompanhante a participar ativamente do tratamento de feridas através do conhecimento dos produtos disponíveis e do reconhecimento do que será utilizado. A intervenção proporcionou ao estudante a resolução de um problema observado na realidade através da aprendizagem significativa. Um ano após a intervenção, observam-se resultados qualitativos no cenário, como a mudança de comportamento da equipe de enfermagem, ao solicitar que o paciente identifique o que está sendo usado no seu curativo; a identificação de pacientes com alergia à prata, antimicrobiano presente em muitos dos produtos disponíveis; a preocupação do paciente de manter o tratamento com a tecnologia mais adequada e confortável; e a cultura da segurança na sala de curativos. O paciente não permanece omisso durante seu tratamento. Conclusão: O banner elaborado apresenta linguagem escrita, através de uma pergunta, e não-escrita, através de imagens dos produtos, de forma clara, didática e acessível a todos de tal forma a envolver o paciente em seu próprio cuidado. Cada tipo de cuidado, cenário e população atendida, requer estratégias específicas considerando o ser humano em sua integridade. Sugere-se que outras estratégias sejam desenvolvidas e testadas para favorecer cuidado holístico, humanizado, seguro e de qualidade durante o tratamento de feridas, grande área de atuação da estomaterapia. A limitação da experiência é o fato de que a ferramenta foi aplicada em um único serviço. Uma dificuldade da estratégia é que a reimpressão do banner se faz necessária quanto novos produtos chegarem ao serviço. Outra possibilidade semelhante é a construção de quadro “vivo” com a utilização das embalagens reais das tecnologias disponíveis no respectivo local. É importante criar estratégias concretas que promovam a segurança do paciente em qualquer atendimento de saúde para minimizar e evitar falhas e erros. As coberturas e os correlatos para tratamento de feridas são tecnologias caras para o serviço público. É fundamental que a indicação correta tenha a participação do paciente envolvido.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

BONFIM DE MACÊDO MIHALIUC, D., SOUZA NASCIMENTO, S. ., DE MORAES LACORT NATIVIDADE, L. ., LUIZA MEDEIROS DO NASCIMENTO, M. ., NUNES DA SILVA, L., & FERRÃO SILVA, M. . (2024). ESTRATÉGIA PARA ENVOLVIMENTO DO PACIENTE NO TRATAMENTO DE FERIDAS. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/477