BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS DA AROMATERAPIA NO AUTOCUIDADO DE MULHERES E HOMENS COM ESTOMAS INTESTINAIS:

DA PERCEPÇÃO AO PROTAGONISMO EM ENFERMAGEM

Autores

  • ISABELLA FÉLIX MEIRA ARAÚJO UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • ROSIMEYRE ARAÚJO CAVALCANTE UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • AURENICE KARINE ALMEIDA ALBERGARIA CENTRO ESTADUAL DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA/SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA
  • ROSE ANA RIOS DAVID UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • RUDVAL SOUZA DA SILVA UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB CAMPUS VII
  • SILVIA DA SILVA SANTOS PASSOS UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
  • ANDERSON REIS DE SOUSA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
  • EVANILDA SOUZA DE SANTANA CARVALHO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

Resumo

Introdução: O autocuidado é descrito como a capacidade do indivíduo de cuidar de si, bem como incluir habilidades para incorporar ou excluir coisas específicas, a partir da compreensão de seus significados em entender suas necessidades incluindo mudanças que possam trazer bem-estar e promoção de saúde(1). Segundo a Teoria do Autocuidado de Enfermagem de Dorothea Orem, as pessoas podem cuidar de si próprias, para sua reabilitação e cuidados primários, devendo ser estimuladas a serem independentes o máximo possível, sendo esse o principal objetivo da Enfermeira no processo de cuidar(2). Em relação a pessoa que convive com o estoma intestinal poderá enfrentar diversas modificações nos aspectos físicos, estéticos, emocionais e sociais, podendo levar ao desenvolvimento de sentimento de impotência, baixa autoestima, dificuldade no convívio social, restrição nas atividades de lazer e resistência na relação sexual, visto que a bolsa de colostomia é um dispositivo que modifica a fisiologia de eliminação intestinal, passando esta a ser involuntária e através da região abdominal. Em virtude dessa problemática, faz-se necessário incluir estratégias de autocuidado que auxiliem na autoaceitação, bem-estar e interação social(1,3). Neste cenário contamos com a aromaterapia, uma prática que utiliza os efeitos terapêuticos dos óleos essenciais para promover bem-estar de uma forma integrativa abrangendo os aspectos físicos, piscoemocionais e espirituais(3) Objetivo: descrever os efeitos terapêuticos da aromaterapia no autocuidado de mulheres e homens com estomas intestinais a partir dos autorelatos. Método: trata-se de um estudo exploratório e descritivo de abordagem qualitativa realizado em um Centro Especializado em Reabilitação de referência no estado da Bahia, Brasil. Participaram da pesquisa 11 pessoas com estomas intestinais, sendo seis mulheres e cinco homens, que passaram por entrevistas individuais em profundidade com realização da aromaterapia, as coletas ocorreram entre os meses de outubro de 2022 a janeiro de 2023, de forma remota, mediada através do aplicativo WhatsApp®, a partir dos recursos de áudio, vídeo e conversação. Quanto à inclusão dos participantes foi estabelecido os seguintes critérios: ser mulher ou homem, adultos, vivendo com estoma intestinal. Foram excluídos os participantes que desistiram durante uma das etapas do estudo. A utilização da aromaterapia como estratégia de cuidado para as mulheres e homens com estomas intestinais, se deu através do uso dos óleos essenciais via inalatória e tópico. No primeiro momento, a entrevista foi guiada por um instrumento semiestruturado, que explorou as características sociodemográficas, de saúde e relacionadas com experiências prévias de cuidado utilizando a aplicação da aromaterapia. No segundo momento, após a aplicação da aromaterapia os mesmos participantes responderam a questões relacionadas à experiência recente, a exemplo de: Conte-me a sua experiência de auto cuidar-se com o uso da aromaterapia; descreva-me como foi para você incluir a aromaterapia na rotina do seu autocuidado diário? Conte-me sobre sua experiência de cuidado com você usando a aromaterapia nestas últimas semanas? Para a etapa da vivência foram utilizados óleos essenciais de lavanda (lavanda – lavandula officinalis), peppermint (mentha piperita) e bergamota (citrus & bergamia). O desenvolvimento da pesquisa vinculou-se a um estudo de dissertação de mestrado em Enfermagem e Saúde, do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Federal da Bahia, realizado em parceria com a Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, Brasil. Atendeu as normativas éticas em pesquisa, mediante a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, sob o parecer de número: 5.506.266/2022. Foram aplicados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido em todos os participantes, sendo conferida a anuência dos mesmos para a participação nas etapas de pesquisa e de implementação. Os dados foram submetidos à Análise de Conteúdo Reflexiva(5) e interpretados à luz da Teoria do Déficit de Autocuidado de Dorothea Orem. Resultados: Os participantes da pesquisa se identificaram como mulheres (seis) e homens (cinco), na faixa etária de 30 a 75 anos, heterossexuais, casados, na sua maioria com baixo nível de escolaridade, raça/cor pretos, solteiros e/ou separados. Apresentaram como principal motivo da implantação do estoma a neoplasia de intestino, com a confecção do tipo colostomia, de definição temporária, com apresentação de comorbidades associadas e queixas clínicas frequentes: insônia ou sono perturbado, ansiedade, tristeza, desânimo, dor abdominal, sintomas respiratórios (tosse, coriza), dor no corpo (muscular), isolamento social. A partir dos resultados foi estabelecido os seguintes temas para explicação do fenômeno: Tema 1 - Voltar a estar bem consigo próprio/a, Tema 2 - Dormir mais e melhor é restaurador, Tema 3 - Controlar as emoções leva ao alcance do bem-estar psicoemocional, Tema 4 - Reduzir os mal-estares físicos motiva a adesão do autocuidado, Tema 5 - Ampliar ações de autocuidado para controle de desconfortos físicos não relacionados ao estoma, Tema 6 - Contornar desconfortos gastrintestinais e alterar o cuidado apreendido. Esses temas foram estruturados a partir do Tema Gerador Inicial denominado de: “Autocuidado mediado pela aromaterapia”, associando aos pressupostos de autocuidado da Teoria de Orem. Por fim, evidenciou-se que a introdução da aromaterapia ajuda no autocuidado e bem-estar diários das pessoas com estoma intestinal, melhorando o ritmo e qualidade do sono, gestão emocional e relaxamento, redução da ansiedade e fadiga, redução de desconfortos abdominais com alívio da dor e diminuição da produção de gases e desconfortos intestinais. Conclusão: Foi demonstrado a adesão ao autocuidado a partir da aromaterapia com o emprego de óleos essenciais, refletindo sobre os padrões de bem-estar físico e emocional dos participantes e potencializando a sua capacidade criativa ao possibilitar que o autocuidado seja expandido para além do estoma intestinal. Em vista disso, a pesquisa trouxe avanços significativos a partir do conceito de “autocuidado” para a fundamentação teórica na produção do conhecimento científico de enfermagem, na identificação do autocuidado e dos seus requisitos na experiência humana de mulheres e homens em convivência com os estomas intestinais. Ademais, os resultados podem apoiar as ações de promoção e reabilitação à saúde, além de contribuir para uma assistência de enfermagem humanizada, holística e integralizada e para a incorporação de práticas integrativas no cotidiano do cuidado individualizado, além de colaborar no planejamento e aplicação do processo de enfermagem na prática de profissionais enfermeiras especialistas, estomaterapeutas, atuantes em unidades de atenção primária em saúde, ambulatoriais, centros especializados de reabilitação e assistência domiciliar.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

FÉLIX MEIRA ARAÚJO, I., ARAÚJO CAVALCANTE, R. ., KARINE ALMEIDA ALBERGARIA, A. ., ANA RIOS DAVID, R. ., SOUZA DA SILVA, R. ., DA SILVA SANTOS PASSOS, S. ., REIS DE SOUSA, A. ., & SOUZA DE SANTANA CARVALHO, E. . (2024). BENEFÍCIOS TERAPÊUTICOS DA AROMATERAPIA NO AUTOCUIDADO DE MULHERES E HOMENS COM ESTOMAS INTESTINAIS:: DA PERCEPÇÃO AO PROTAGONISMO EM ENFERMAGEM. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/515