CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA PARA GESTÃO DE DIREITOS PELA PESSOA COM ESTOMIA

Autores

  • SILVANA MARIA LIMA BRAGA BARBOSA QUEBEC COMERCIAL
  • LUIS RAFAEL LEITE SAMPAIO UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
  • ANNA LAURITA PEQUENO LANDIM FREIRE QUEBEC COMERCIAL
  • MARCELA DE SOUZA LIMA QUEBEC COMERCIAL
  • WYLLANA KELLY ALVES LOPES RODRIGUES QUEBEC COMERCIAL
  • RAQUEL VIRGINIO DE SOUSA BRAGA QUEBEC COMERCIAL

Resumo

Introdução O significado da palavra estoma e/ou ostomia envolve um conceito que vem do grego caracterizado como “boca ou abertura”. A palavra ostomia refere-se a processo cirúrgico que cria um orifício (estoma/ostoma) na traqueia ou no abdômen, permitindo a comunicação com a porção exterior do corpo. São elas: traqueostomia (comunicação da traqueia com o meio externo); ileostomia (comunicação do intestino delgado com o meio externo); colostomia (comunicação do intestino grosso com o meio externo); gastrostomia (comunicação do estômago com o meio externo); urostomia (cria um trajeto alternativo para a saída da urina). ¹ A ostomia é uma intervenção cirúrgica que pode ser temporária ou permanente e é realizada por diversas condições médicas, incluindo câncer, doença de Crohn, a implantação desse novo dispositivo pode trazer diversos desafios para os indivíduos, incluindo alteração na percepção da imagem corporal, redução da autoestima, depressão e problemas conjugais, além disso, os pacientes com ostomia podem evitar interações sociais devido a odores e vazamentos. ² O cuidado com pacientes com estomia ainda tem muitas lacunas, que vão desde o autocuidado e perpassam por aspectos legais sobre direitos, necessidades e as principais orientações jurídicas para pessoa com estomia. ³ A legislação brasileira, como a Portaria GM/SAS/MS nº 400/2009, garante o direito das pessoas com estomia ao acesso aos dispositivos coletoras e cuidados de saúde. Além disso, a Lei 5.296/2004 classifica a ostomia como deficiência física, garantindo certos direitos, como o passe livre em transporte público, atendimento prioritário e reserva de vagas em concursos públicos e empresas privadas. As pessoas com estomia enfrentam preconceitos e desconhecem seus direitos, nesta perspectiva no intuito de melhorar o conhecimento e dispor informações pertinentes as pessoas com estomia, a elaboração de um instrumento que possa nortear seus direitos, como um vídeo educativo, pode proporcionar subsídio para desenvolver uma autonomia e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. OBJETIVOS Construir e validar uma tecnologia educativa para gestão de direitos pela pessoa com estomia. MÉTODO Trata-se de estudo metodológico realizado em Fortaleza-CE, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Cariri (URCA). e recebeu Parecer favorável ao seu desenvolvimento – Parecer n°. 4.262.82, foi desenvolvido em duas etapas, a primeira foi a elaboração da tecnologia educativa, o vídeo; a segunda, a validação por juízes de conteúdo e técnicos, o vídeo educativo se caracteriza um compilado de imagens organizadas que podem conter ilustrações, textos, mapas, gráficos e outros 4, o processo de construção e validação de vídeo educativo ocorreu entre agosto a novembro de 2022. Foi realizado também uma busca na literatura de produções científicas nacionais e internacionais para obtenção de artigos científicos com o objetivo de examinar a literatura relacionado aos direitos, necessidades e as principais orientações para pessoas com estomias, a busca foi realizada nas bases de dados: LILACS, MEDLINE, Scopus, Embase, BVS, PubMed e Elsevier. Em relação a construção do vídeo educativo, o presente estudo ocorre em três fases: pré-produção, produção e pós-produção. Na pré-produção, foi construído o storyboard, o qual se caracteriza como a apresentação do fluxo cronológico das ilustrações de cada cena a ser reproduzida e permite pré-visualização do layout do produto final. Após a etapa de validação do storyboard, se iniciou a fase de produção do vídeo, após produzir o vídeo, foi selecionado um grupo de pessoas que tenha competência de avaliar o material proposto, composto por juízes-experts, capacitados para analisar a apresentação, o conteúdo, a clareza e a compreensão do constructo, estes profissionais apresentam conhecimento em uma das seguintes áreas: em tecnologia educacional e/ou estomia. A participação dos juízes-experts ocorreu mediante carta convite, concordância e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O instrumento de validação de conteúdo do vídeo foi dividido em 2 partes. A primeira parte foi composta por dados que permitissem a identificação do expert, como tempo de formação, profissão e maior titulação, na segunda parte foi avaliado a adequação de objetivos, estrutura/apresentação e relevância da tecnologia, nesta etapa cada afirmativa deveria ser julgada segundo a valoração que melhor representasse a opinião do participante sendo: 1. Concordo 2. Concordo parcialmente 3. Indiferente (não concordo e nem discordo) 4. Discordo 5. Discordo parcialmente. Para determinar o nível de concordância entre os experts, utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) para cada um dos itens que deveria ser avaliado no vídeo, o uso do IVC é indicado para medir a proporção de concordância dos experts sobre determinado aspecto a ser julgado ou que ainda não há consenso, o escore do índice foi obtido pela soma de concordância dos itens marcados em “1” ou “2” pelos experts para uma escala de “1” a ”5”, os critérios que recebessem maior média de pontuação para respostas “4” ou “5” seriam revisados ou eliminados. A fórmula utilizada para calcular o IVC de cada critério é: IVC = número de respostas “1” ou “2” ÷ número total de respostas.5 RESULTADOS Etapa 1 - Busca e seleção da literatura, a pesquisa objetivou responder à questão norteadora: segundo a literatura, quais são os direitos que pessoas com estomia possuem? A busca nas diferentes bases de dados científicas resultou na identificação de 281 estudos (MEDLINE = 91, Web of Science = 36, CINAHL = 24, Scopus = 98, LILACS = 32), os quais foram exportados e selecionados manualmente para a inclusão nesta revisão, após leitura foram incluídos 7 textos. De uma forma geral, os textos apontam que os padrões de qualidade de atendimento e os direitos dos pacientes com ostomias talvez não estejam ocorrendo da forma adequada em alguns países estudados, como nos EUA e Brasil em todos os ambientes de saúde. Entre os principais resultados destaca-se que: 1) As instalações de saúde devem apoiar esses direitos de fornecer atendimento de alta qualidade centrado no paciente com ostomia, bem como melhorar os resultados e a satisfação do paciente. 2) A prestação de cuidados deve incluir acesso a clínicas de ostomia ambulatoriais e enfermeiros/experts em ostomia certificados pelas instituições; 3) Os prestadores de cuidados de saúde deveriam utilizar e reconhecer estes direitos como diretrizes para os melhores padrões práticos de cuidados de qualidade; 4) Os pacientes deveriam ser envolvidos em todas as fases da experiência cirúrgica, exceto em situações de emergência; 5) Os pacientes devem ter uma ferramenta que os capacite a defender seus próprios cuidados e saber o que é razoável pedir para facilitar o seu melhor resultado, bem como ter expectativas claras quando forem submetidos ao tratamento; 6) Os pacientes, seus familiares e os profissionais de saúde devem buscar e reconhecer a importância de um forte relacionamento colaborativo entre si; 7) Até que cada paciente com ostomia receba esses direitos de assistência à saúde, em todos os ambientes de assistência à saúde, eles serão realmente realizados e respeitados como direitos humanos e receberão os cuidados adequados de que necessitam. No que diz respeito a elaboração do vídeo, a ferramenta educativa em formato de vídeo foi elaborada e contou com duração de 3min e 50s e recebeu o título “INFORMAÇÕES PARA A PESSOA COM ESTOMIA DE ELIMINAÇÕES”. Segue abaixo a descrição de cada etapa da pré- produção do vídeo. a) Sinopse: O vídeo aborda ludicamente de forma detalhada os aspectos legais bem como das necessidades relacionadas à pessoa com estomia. b) Roteiro: explicita a cena, as informações para o vídeo (imagem e texto) e as informações para o áudio a serem transmitidos simultaneamente. c) Storyboard: foi elaborado na forma de desenhos do tipo xilogravura em sua maior parte. As imagens foram retiradas do banco de imagens do profissional contratado. Para a etapa de validação de conteúdo participaram 15 juízes experts, a média de idade desses juízes foi de 40,6 anos e a média de anos de formação de 13,6 anos, o IVC global foi de 0,97, todos os 15 juízes concordaram com a versão final do conteúdo do vídeo. CONCLUSÃO O vídeo educativo, enquanto tecnologia em saúde, desenvolvido em nosso estudo mostrou-se viável e válido aos aspectos metodológicos, com potencial para melhorar o conhecimento das pessoas com estomas sobre os seus direitos. Atingindo, portanto, o objetivo geral e os objetivos específicos. Este estudo proporcionou saberes relacionados aos direitos dos pacientes com estomia. A tecnologia é considerada relevante, pelo seu potencial como veículo de comunicação e educação em saúde, bem como possibilidade de disseminação em massa em plataformas de rede social. As limitações do estudo foram relacionadas ao conteúdo científico encontrado voltado ao tema. Tendo, portanto, um quantitativo reduzido de artigos relacionados ao tema. Considerando os vídeos como ferramenta didática e de educação e promoção em saúde, o material proposto pode atuar como facilitador do processo ensino-aprendizagem para pessoas com estoma.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

MARIA LIMA BRAGA BARBOSA, S. ., RAFAEL LEITE SAMPAIO, L. ., LAURITA PEQUENO LANDIM FREIRE, A. ., DE SOUZA LIMA, M. ., KELLY ALVES LOPES RODRIGUES, W. ., & VIRGINIO DE SOUSA BRAGA, R. . (2024). CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA PARA GESTÃO DE DIREITOS PELA PESSOA COM ESTOMIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/521