FISTULOCLISE: DESAFIO PARA PRÁTICA CLÍNICA DO ENFERMEIRO

Autores

  • GLORINHA PEREIRA ALVES FACULDADE CIÊNCIAS MÉDICAS DE BELO HORIZONTE
  • DANIEL NOGUEIRA CORTEZ UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI/CAMPUS CENTRO OESTE
  • JULIANO TEIXEIRA MORAES UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI/CAMPUS CENTRO OESTE

Resumo

Introdução: Fístulas enteroatmosféricas (EAF) são conexões anormais entre o sistema gastrointestinal e a pele que podem ocorrer espontaneamente ou relacionadas à cirurgia; elas são comumente associadas à desnutrição e à sepse pós-cirúrgica (1). A EAF é uma das complicações mais temidas do abdome aberto apresentando um conjunto complexo de desafios cirúrgicos, nutricionais e de cuidados intensivos (2). Pacientes com EAF têm altas taxas de morbidades, que incluem perda de fluidos e eletrólitos e desequilíbrio ácido-base (3). O manejo da EAF constitui desafio para o trabalho do enfermeiro no que tange o cuidado à pele perifístula, mensuração de efluentes, utilização de equipamentos coletores e manutenção da nutrição por meio da fistuloclise. A fistuloclise é a reinfusão do efluente na sonda para absorção de nutrientes (1). Objetivo: descrever a técnica e desafios para a prática clínica do enfermeiro no manejo da fistuloclise. Método: Trata-se de uma pesquisa descritiva, do tipo relato de experiência, desenvolvido no período de 30/06/23 a 18/07/23. Resultados: a técnica descrita a seguir refere-se à fistuloclise por meio de uma sonda enteral tamanho 12 em fistula distal até jejuno que se tornou uma jejunostomia. Material para a técnica: equipamentos de proteção individual; sonda enteral; equipamento coletor: sistema fístula ou bolsa colostomia 60mm com janela; pasta para estomia, espátula (para realizar rejunte entre ferida e equipamento coletor); frasco dieta 300ml; equipo dieta ou seringa 60ml; urofix; funil; cordão para melhor fixação da sonda e micropore. Para uma coleta eficaz do efluente é necessário que seja realizada por via gravitacional, através de um coletor (dispositivos coletores para estomias+urofix) que será aderido na parede abdominal-fístula e o conteúdo é drenado até atingir um volume de 250ml. Em seguida realiza-se filtragem deste conteúdo por meio de uma peneira (utensilio doméstico destinado apenas a este fim) transferindo-o para um frasco próprio de dieta enteral com equipo. Após, conecta-se a sonda implantada para fistuloclise e novamente de maneira gravitacional com auxílio de um suporte, administra-se o efluente em forma de gotejamento lento. Se o efluente estiver com viscosidade elevada será necessário realizar fistuloclise de forma manual com o auxílio de uma seringa de 60ml de forma lenta até o término do conteúdo, denominado ciclo da fistuloclise. Em média a técnica é realizada duas vezes ao dia. Os desafios para a fistuloclise iniciam-se pela falta de literatura brasileira sobre a técnica, falta de experiência do enfermeiro com o manejo da fistuloclise, ausência do tema nos currículos de graduação ou pós-graduação (estomaterapia) e tempo demandado para o procedimento. Conclusão: a fistuloclise é pouco realizada na prática clínica o que limita a experiência de enfermeiros neste cuidado. A sua realização pode ser um entrave pela escassa disponibilidade de materiais bibliográficos no Brasil. Para superar os desafios descritos torna-se necessário buscar na literatura internacional as melhores adequações para conseguir concluir e seguir com o procedimento. O enfermeiro tem papel indispensável na avaliação e cuidado da fistuloclise que garante a sobrevida com qualidade durante e após a internação.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

PEREIRA ALVES, G. ., NOGUEIRA CORTEZ, D. ., & TEIXEIRA MORAES, J. . (2024). FISTULOCLISE: DESAFIO PARA PRÁTICA CLÍNICA DO ENFERMEIRO. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/537