PERFIL DE COMPLICAÇÕES DE ESTOMIAS E PELE PERIESTOMA EM PACIENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA-ESTUDO TRANSVERSAL

Autores

  • THAÍS MARTINS GOMES DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE DO DISTRITO FEDERAL

Resumo

Introdução: As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), que incluem a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, são caracterizadas pela presença de uma inflamação crônica no intestino, afetando principalmente o intestino delgado e/ou o cólon. Os sintomas comuns dessas doenças incluem náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, sangramento gastrointestinal e retal, perda de peso, má nutrição e fadiga, juntamente com outros sintomas que frequentemente estão associados a complicações físicas, psicológicas, sociais e familiares1. Embora as causas exatas das DII ainda não sejam completamente compreendidas, fatores genéticos, ambientais e imunológicos desempenham um papel importante no seu desenvolvimento. Essas doenças representam um sério problema de saúde pública devido à sua natureza crônica e progressiva. Elas afetam uma em cada 200 pessoas em países em desenvolvimento e têm apresentado uma incidência crescente1 . O suporte de uma equipe multidisciplinar, é fundamental no manejo e tratamento dessas condições, visando a redução dos sintomas, prevenção de complicações e melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O caráter crônico dessas doenças muitas vezes resulta em eventos graves, que exigem tratamentos cirúrgicos, incluindo amputações intestinais e retais, e a criação de um estoma intestinal. A presença de um estoma, juntamente com as DII, representa uma série de fatores que impactam significativamente a qualidade de vida, a autoestima, as interações sociais e a ocorrência de complicações, incluindo complicações no estoma e na pele ao redor dele 2. As complicações, podem ser classificadas como imediatas, precoces e tardias de acordo com o tempo decorrido entre a cirurgia e o surgimento da complicação. Entre as complicações precoces ou tardias estão sangramentos, necrose, edema, retração, estenose, prolapso e hérnia. Além disso existem as complicações de pele ao redor do estoma, como as dermatites 3. As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) apresentam uma realidade complexa e desafiadora, exigindo uma assistência de enfermagem fundamentada no conhecimento especializado e uma atuação contínua, especialmente através da educação em saúde pré-operatória. Os enfermeiros desempenham um papel crucial no monitoramento do estado das doenças e na prestação de cuidados de enfermagem relacionados aos tratamentos, que incluem: situações como doença fistulizante, acometimento perineal e tratamento medicamentoso refratário 1;4-5. A atuação da enfermagem nesse contexto é imprescindível para garantir uma assistência de qualidade, promovendo o autocuidado, a melhoria da qualidade de vida e o controle efetivo das Doenças Inflamatórias Intestinais. Este cenário precisa ser mais conhecido e melhor estudado. Tendo em vista que a literatura não aborda amplamente o tema, investigações neste âmbito são necessárias. Objetivo: Apresentar o perfil sócioclinicodemográfico de pacientes com DII atendidos em um ambulatório de referência no Centro-Oeste brasileiro e identificar os tipos estomias, complicações de estomias intestinais e pele periestoma desses pacientes. Método: Estudo observacional do tipo transversal, com pacientes vinculados há um ambulatório de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) ao atendimento de pacientes com DII. Os dados dos pacientes foram recrutados e extraídos dos prontuários eletrônicos dos pacientes através de um instrumento de coleta de dados elaborado por enfermeiras estomaterapeutas, com dados clínicos e sóciodemograficos. As informações foram coletadasno período de março a julho de 2020, incluindo prontuários dos anos de 2012 a 2019, período que se encontraram todos os registros de atendimentos. Foram incluídos: pacientes com diagnóstico de DII, submetidos a cirurgias geradoras de estomas intestinais, maiores de 18 anos, acompanhados pelo ambulatório de referência. Foram excluídos: prontuários com dados incompletos e Histórico de cirurgias abdominais recentes que não estivessem diretamente relacionadas às DII ou estomias intestinais, relatados em prontuário. Os dados foram registrados e tabulados através de uma planilha no Excel, por meio da estatística descritiva, as variáveis foram apresentadas através de frequências absolutas e relativas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa CAAE: 28530820.7.0000.8153 sob o parecer 3.920.715 e foi desenvolvido de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Resolução de 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde). Resultados Dos 277 pacientes que estão registrados no ambulatório especializado em estomias e DII, apenas um total de 17 pacientes receberam o diagnóstico. A amostra foi constituída por maioria feminina (58,8%), faixa estaria predominante de 31 a 40 anos (35,3%), estado civil casado(a) (52,9%), maioria de ocupação não informada (70,6%) e de escolaridade predominante, nível médio (41,2%). Os tipos de estomias mais frequente foram a ileostomia (88,2%) e a colostomia descendente (35,3%). A tabela 1, traz informações a respeito das complicações de estoma e pele periestoma identificados nos prontuários de pacientes com DII atendidos no ambulatório de referência do SUS. Tabela 1. Complicações de pacientes estomizados atendidos em um ambulatório de referencia para DII e estomias do SUS (2012-2019). Tipo de complicação N % Sangramento 2 11,8 Necrose 0 0 Retração 2 11,8 Fissura 1 5,9 Estenoses 5 29,4 Prolapso 2 11,8 Hérnia paraestomal 2 11,8 Dermatite 5 29,4 Fístula. 5 29,4 A respeito da prevalência de complicações encontradas, verificou-se que 70,6% (12) dos pacientes, apresentaram complicações relacionadas a estomia e a pele periestoma. As complicações identificadas podem ser classificadas em precoces ou tardias, embora o tempo decorrido para sua classificação não tenha sido claramente indicado nos registros dos prontuários. Conclusão A identificação do perfil clínico e sóciodemográfico permitiu identificar amostra maioria feminina, na faixa etária predominante jovem adulto, maioria casada, com escolaridade predominante nível médio. Os tipos de estomias da amostra foram: ileostomia e colostomia descendente. Em relação as complicações de estoma e pele periestoma, foram identificados na maioria da amostra, sendo as mais frequentes: estenoses, dermatite e fístula. As DII podem ser consideradas um fator de risco significativo para o surgimento de complicações, juntamente com a técnica cirúrgica utilizada, o tipo de estoma e se a cirurgia foi planejada ou de emergência, sendo estes fatores potenciais influenciadores para a ocorrência de complicações, especialmente quando não se possibilita a demarcação pré-operatória. A soma das estomias e doenças inflamatórias intestinais aponta a necessidade e a recomendação sobre a condução de estudos adicionais para identificar a relação entre as DII e a ocorrência de complicações relacionadas a estomas e à pele periestoma, tendo em vista a baixa de estudo sobre o tema, levando-se em consideração a necessidade de mais registros que possam elucidar a possível correlação entre essas doenças e a ocorrência de complicações; bem como investigar o impacto das intervenções de enfermagem na prevenção e tratamento dessas complicações, considerando que assistência de enfermagem qualificada é determinante e prioritária nessa condução.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

MARTINS GOMES DE OLIVEIRA, T. (2024). PERFIL DE COMPLICAÇÕES DE ESTOMIAS E PELE PERIESTOMA EM PACIENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE REFERÊNCIA-ESTUDO TRANSVERSAL. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/549