TRANSFERÊNCIA DO CUIDADO DA PESSOA COM ESTOMIA DE ELIMINAÇÃO:
INTEGRAÇÃO ENTRE SERVIÇOS DE SAÚDE
Resumo
Introdução: a confecção de uma estomia de eliminação (EE) provoca mudanças severas na qualidade de vida das pessoas. Ainda durante a internação é essencial o suporte do enfermeiro estomaterapeuta para lidar com os cuidados diários.1 A atenção à pessoa com EE requer educação em saúde e planejamento da alta hospitalar para continuidade do cuidado no domicílio.2 A transferência do cuidado integra o conceito de alta hospitalar responsável, disposto na Política Nacional de Atenção Hospitalar,3 na qual se estabelece a articulação entre o hospital e os demais pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Assim, a transferência do cuidado implica em práticas organizadas que garantem a segurança e continuidade do tratamento após a alta hospitalar, a fim de assegurar qualidade de vida e acesso aos serviços de saúde. Os enfermeiros atuam como protagonistas dessa prática, ao contribuir com a gestão de casos e integração entre serviços.4 As instituições hospitalares utilizam dispositivos para gestão da alta e transferência do cuidado que possibilitam a contrarreferência e dinamizam a integração dos serviços da RAS, a fim de efetivar o acesso a profissionais e recursos necessários com maior brevidade. Objetivo: relatar o processo de transferência do cuidado da pessoa com EE da atenção hospitalar para a especializada através da comunicação efetiva entre os serviços. Método: estudo descritivo, do tipo relato de experiência. Resultados: o fluxograma de inserção da pessoa com EE no serviço de referência no cuidado à pessoa com estomia (SRCPE) de Florianópolis, Santa Catarina, prevê o início da transferência do cuidado a partir do contato do serviço hospitalar com o SRCPE ainda durante a internação da pessoa. A estratégia objetiva facilitar o processo de contrarreferência na rede de atenção, agilizar o fornecimento do material necessário e vincular precocemente a pessoa, cuidador e familiar ao SRCPE. A fim de colocar em prática o fluxo construído, foi instituído projeto piloto com o Escritório de Gestão de Altas (EGA) do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), o qual aprimora a articulação com demais pontos das RAS para, em conjunto com a equipe assistencial operacionalizar a alta hospitalar responsável. Em seis meses, foram atendidas 23 pessoas no processo de transferência do cuidado. A comunicação é realizada através de WhatsApp Business® institucional de ambos os serviços, desta forma o processo de cadastro para recebimento de equipamentos e adjuvantes tornou-se mais ágil, visto que todos os documentos necessários já são encaminhados pelo EGA. Também houve maior padronização no preenchimento dos documentos após capacitação realizada pelo SRCPE às equipes de enfermagem do HU-UFSC. Nota-se que as pessoas que tiveram alta do HU-UFSC saem melhor orientadas quanto à continuidade do cuidado e funcionamento do SRCPE. Conclusão: a integração entre os serviços mostra-se como importante estratégia para continuidade do cuidado pós alta hospitalar e encaminhamento seguro do usuário que necessita de acompanhamento no processo de adaptação ao novo quotidiano de viver com uma estomia de eliminação. Reduzem-se as demandas de atividades pós alta hospitalar e garante-se eficácia no acesso.