ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA DEISCÊNCIA DE FERIDA OPERATÓRIA ABDOMINAL:
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
INTRODUÇÃO: Deiscência da ferida operatória abdominal ou aponeurótica pode ser definida como a separação da fáscia anterior aproximada, podendo ser parcial ou total, com eliminação do conteúdo abdominal, também designada de evisceração. O processo de cicatrização de feridas cirúrgicas envolve a interação de diversos fatores que influenciam em algumas etapas, a inflamação, a reepitelização, a contração e a síntese do colágeno. Dentre estes fatores podemos elencar o ambiente físico, os procedimentos adotados em cada um desses períodos, como também a colonização do leito por diversos microrganismos, além das condições clinicas apresentada pelo indivíduo. Neste contexto os sujeitos que possuem IMC acima 25 kg/m2 e circunferência abdominal superior a 88cm nas mulheres e 102cm nos homens apresentam maior risco de incidirem com complicações no processo de cicatrização das feridas operatórias. OBJETIVO: Relatar a assistência de enfermagem prestada a paciente com deiscência de ferida operatória após tratamento cirúrgico de hérnia umbilical encarcerada. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência da assistência de enfermagem em estomaterapia prestada a paciente que evoluiu com deiscência da ferida operatória após tratamento cirúrgico de hérnia encarcerada, que apresentava como característica de risco para esta complicação o acúmulo de tecido adiposo em região abdominal. O mesmo foi acompanhado por uma equipe em saúde composta por enfermeiros estomaterapeutas, enfermeiros generalistas e acadêmicos de enfermagem nas instalações de um ambulatório em estomaterapia de uma universidade estadual e pela equipe médica responsável pelo procedimento cirúrgico, totalizando um período de 6 meses desde a apresentação da complicação no pós cirúrgico até a total reepitelização do leito da ferida operatória. .RESULTADOS: A assistência prestada consistiu na limpeza diária da ferida, removendodo secreções, debris e resquícios de produtos, usando gazes estéreis, solução fisiológica a 0,9% e sabonete antisséptico com PHMB, seguido da aplicação de solução de PHMB a 0,2%, com ação de 15 minutos no leito da lesão. A cobertura primária foi realizada com alginato de cálcio (Suprasorb A + Ag) seguido de cobertura secundária de gazes e micropore, com intervalos de roca da cobertura primária de 72 horas e secundária 24 horas. Quando o processo de cicatrização foi evoluindo e o leito da lesão apresentava-se plano, total contração de bordas e reepitelização do leito, foi adotado como cobertura primária de manutenção a papaína a 5% seguida de cobertura secundária de gazes e micropore até a total reestruturação e fortalecimento do tecido de granulação. Foi realizado também, a orientação quanto ao controle de peso e escolhas mais saudáveis de alimentos, além do cuidado durante a deambulação com o controle da pressão no local da ferida. CONCLUSÃO: Concluiu-se que o uso de uma cobertura de baixo poder aquisitivo como curativo diário e a avaliação das variáveis especificas, limpeza, dieta e cuidados com a ferida operatória, influenciaram para o bom desfecho da assistência de enfermagem em estomaterapia a paciente obeso com deiscência de ferida operatória.