CAPACITAÇÃO EM FERIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • JÉSSYCA FERNANDA PEREIRA BRITO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • KAYRON RODRIGO FERREIRA CUNHA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
  • RHAUANNA MYLENA DOS SANTOS CASTRO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
  • DANIELLE SOUZA SILVA VARELA REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA (RENAFS)
  • SANDRA MARINA GONÇALVES BEZERRA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
  • JEFFERSON ABRAÃO CAETANO LIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
  • VALERIA MARIA SILVA NEPOMUCENO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
  • DINARA RAQUEL ARAÚJO SILVA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

Resumo

INTRODUÇÃO: Na Atenção Primaria da Saúde, o atendimento a pessoas com feridas faz parte da rotina diária do enfermeiro e/ou técnico em enfermagem, sendo as feridas crônicas feridas cirúrgicas e lesões por acidentes, as intercorrências atendidas com maior frequência. Mas, apesar da demanda constante e de uma legislação específica que lhes atribuem responsabilidades nesse processo, muitos profissionais possuem dificuldades no manejo de pacientes com feridas, isso em decorrência de uma base de conhecimento fragilizada sobre o assunto. OBJETIVO: Relatar o processo de planejamento e execução de uma capacitação em feridas direcionada a equipe de enfermagem da atenção básica de um município piauiense, sobre o atendimento à pessoa com feridas. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência sobre a realização de uma capacitação para enfermeiros e técnicos de enfermagem atuantes na Atenção Primária à Saúde do município de Parnaíba- Piauí, em setembro de 2022. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A capacitação foi realizada em dois dias, de forma híbrida, por duas enfermeiras especialistas em estomaterapia. O primeiro dia da capacitação em feridas ocorreu em uma universidade de referência do município de Parnaíba-PI no turno da manhã. Discutiu-se sobre os tipos de feridas, as fases, fatores que interferem na cicatrização, avaliação das condições gerais do paciente, métodos para avaliação da ferida, métodos de desbridamento. O segundo dia da capacitação foi realizado na modalidade on-line, neste segundo momento, foi dado ênfase a falas relacionadas a atuação do enfermeiro na prevenção de feridas e discussão de casos clínicos reais tratados pela palestrante. Foi ainda apontado os tipos de coberturas mais utilizadas, destacando seu custo-benefício, levando em consideração que grande parte dos usuários possuem uma realidade de precariedade, e muitos insumos necessários não estão disponíveis na Atenção Básica. CONCLUSÃO: O treinamento apresentou boa aceitação por todos os profissionais e trouxe um despertar para o papel do enfermeiro no cuidado e manjo de feridas, além de fomentar a participação multiprofissional para um efetivo tratamento. ? INTRODUÇÃO O atendimento a pessoas com feridas faz parte da rotina diária do enfermeiro e/ou técnico em enfermagem, sendo as feridas crônicas feridas cirúrgicas e lesões por acidentes, as intercorrências atendidas com maior frequência. Nesse aspecto, entende-se que a equipe de enfermagem precisa estar preparada para prestar os cuidados e, diante da complexidade encaminhar para serviço especializado (COFEN, 2018). Apesar da demanda constante e de uma legislação específica que lhes atribuem responsabilidades nesse processo, muitos profissionais possuem dificuldades no manejo de pacientes com feridas, isso em decorrência de uma base de conhecimento fragilizada sobre o assunto (OLIVEIRA et al., 2021). Essas arestas no processo de cuidado e aprendizagem sobre feridas, inicia-se na formação inicial desses profissionais, onde se percebe uma precariedade na formação técnica e universitária da enfermagem, no que diz respeito à estomaterapia (FURTADO et al., 2019; GONÇALVES et al., 2018). Ao mesmo tempo, a fragilidade de políticas públicas específicas ao portador de lesões que norteiam a prática do profissional de enfermagem e a carência de estudos que evidenciam essa temática, a coloca como segundo plano nos serviços de saúde. Nesse contexto, além de uma graduação em enfermagem que oferte conteúdos que envolvam a avalição do paciente com feridas e curativos, a fim de que o egresso possa desenvolver competências mínimas para atender esses pacientes, é preciso buscar por capacitação que elevem seu grau de conhecimento na temática, e que se desenvolva nos serviços uma linha de cuidado protocolada. Acredita-se que a capacitação possa ampliar o conhecimento dos profissionais, e desenvolver nesses, competências próprias para o cuidado à pessoa com feridas, de modo que, os usuários não fiquem desassistidos na rede de saúde(COSTA et al., 2022). O presente relato de experiência tem como objetivo relatar o processo de planejamento e execução de uma capacitação direcionada a equipe de enfermagem da Atenção Primária da Saúde de um município piauiense, sobre o atendimento à pessoa com feridas. METODOLOGIA Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, do tipo relato de experiência. O relato trata da jornada de organização e execução de uma capacitação para enfermeiros e técnicos de enfermagem atuantes na Atenção Primária à Saúde sobre o tema “Atendimento a pessoas com feridas na Atenção Básica, considerando a alta demanda de usuários com essas necessidades no serviço, em concomitância aos relatos de profissionais que veem uma carência de atualização sobre o assunto. O treinamento foi uma parceria entre residentes de enfermagem da Residência Multiprofissional em atenção Básica/Saúde da Família e profissionais especialista em estomaterapia de uma universidade pública do município do Piauí. O planejamento da capacitação demandou algumas reuniões entre profissionais da saúde que visavam implementar a capacitação, coordenação do programa de residência juntamente com a coordenação da secretaria municipal de saúde do município de Parnaíba, que se prontificou em liberar todos os profissionais para a capacitação. Na ocasião, foram alinhados pontos contendo os aspectos metodológicos da ação, tais como: a necessidade de recursos matérias (projetor de vídeo, equipamento de sonoplastia, impressos e recursos financeiros para eventuais necessidades e coffee break), recursos de pessoal necessários para atuar na capacitação (palestrantes, moderadores e facilitadores, responsáveis pela divulgação, matrícula e pelo credenciamento no dia da atividade, responsáveis pela organização e articulação do espaço e montagem dos equipamentos), assim como definição do local, datas e horários de execução do projeto (CARDOSO, et al., 2017). Para ministração da capacitação, a coordenação da residência e os residentes realizaram convite formal para duas enfermeiras com pós- graduação em estomaterapia. Foram coletados os dados quantitativos dos profissionais atuantes da Atenção Primária do município, que contemplaram um total de 44 enfermeiros, 64 técnicos em enfermagem e 6 residentes de enfermagem. Para a realização da capacitação, foram necessários dois encontros em dias distintos em setembro de 2022, sendo o primeiro encontro presencial e o segundo remoto. A divulgação da capacitação foi realizada via memorando impresso, encaminhado pela coordenação de Atenção Básica a todos os profissionais de enfermagem atuantes nas Unidades Básicas de Saúde do município, com uma antecedência de 15 dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO O primeiro dia da capacitação em feridas ocorreu em uma universidade de referência do município no turno manhã. A priori, a capacitação foi ofertada para técnicos e enfermeiros da Atenção Básica, porém, outros profissionais solicitaram a oportunidade da participação na capacitação. Assim, houve a presença de outras categorias profissionais. Participaram da capacitação 45 enfermeiros, 35 técnicos em enfermagem, 4 residentes de enfermagem, 5 residentes de fisioterapia, 4 residentes de psicologia, 2 residentes de farmácia, 2 médicos e 8 estagiários de enfermagem, totalizando um quantitativo de 101 pessoas inscritas na capacitação. A capacitação iniciou com as boas vindas do público presente, a ministrante fez uso de metodologias ativas de participação e integração com o público. Como ponto de partida para abordar a temática, foi trazida a Resolução 567/2018, que regulamenta a atuação da Equipe de Enfermagem no Cuidado aos pacientes com feridas (CARDOSO et al., 2017). Adentrando na temática abordada pela palestrante, discutiu-se sobre as fases e tipos de cicatrização, fatores sistêmicos e locais que interferem na cicatrização, avaliação das condições gerais do paciente (História Clínica + Exame físico), tipos de feridas, métodos para avaliação da ferida, métodos de desbridamento e exemplos de produtos que fazem desbridamento autolítico e enzimático, assim como antimicrobianos a exemplo do PHMB e a prata, inclusive levando materiais para conhecer sua apresentação pessoalmente. Dentre as principais dúvidas que surgiram durante a capacitação destacaram-se perguntas relacionadas as formas de uso de determinadas coberturas e correlatos, frequência de troca do curativo, conduta diante de feridas infectadas, e o que fazer frente a escassez de insumos na APS para o tratamento de feridas. Dúvidas essas que foram sanadas ainda durante a exposição. O segundo dia da capacitação foi realizado na modalidade on-line, via plataforma digital, buscando contemplar as demandas levantadas com o instrumento de avaliação da primeira parte do curso. Todos os inscritos receberam um link previamente pelos canais de comunicação. A ministrante iniciou falando da importância do enfermeiro nos cuidados as feridas na Atenção Básica para redução de casos complexos e complicações a nível hospitalar. Neste segundo momento, foi dado ênfase a falas relacionadas a atuação da APS na prevenção de feridas e discussão de casos clínicos reais tratados pela palestrante. Foi ainda apontado os tipos de coberturas mais utilizadas, destacando seu custo-benefício, levando em consideração que grande parte dos usuários possuem uma realidade de precariedade, e muitos insumos necessários não estão disponíveis na Atenção Básica. Fator esse que reforça os relatos dos profissionais no primeiro dia da capacitação. Frente ao processo de cuidar foi abordado a necessidade de um trabalho multiprofissional no cuidado ao usuário com lesão na atenção básica, reforçando que o usuário é o protagonista e todos devem estar dispostos a cuidá-lo. Por fim, a capacitação foi finalizada após um momento para as dúvidas. CONCLUSÃO O treinamento apresentou boa aceitação por todos os profissionais e trouxe um despertar para o papel do enfermeiro no cuidado e manjo de feridas, além de fomentar a participação multiprofissional para um efetivo tratamento. Salienta-se a necessidade de treinamento contínuo sobre a prevenção, avaliação e tratamento de feridas, bem como suporte dos gestores para “equipar” os serviços de saúde para o recebimento dessas demandas.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

FERNANDA PEREIRA BRITO, J. ., RODRIGO FERREIRA CUNHA, K. ., MYLENA DOS SANTOS CASTRO, R. ., SOUZA SILVA VARELA, D. ., MARINA GONÇALVES BEZERRA, S. ., ABRAÃO CAETANO LIRA, J. ., MARIA SILVA NEPOMUCENO, V. ., & RAQUEL ARAÚJO SILVA, D. . (2024). CAPACITAÇÃO EM FERIDAS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DA SAÚDE:: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/618