CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUANTO AO PROCESSO CICATRICIAL DE FERIDAS
Resumo
Introdução: A cicatrização de uma ferida é um processo complexo que envolve mecanismos celulares, moleculares e bioquímicos, visando à restauração da função dos tecidos. Consiste em uma cascata de eventos que culminam com a reconstituição tecidual. É comum a todas as feridas, independente do agente que a causou, sendo dividido em três fases: inflamatória, proliferação ou granulação e remodelamento ou maturação. Objetivo: Descrever o conhecimento dos profissionais de saúde sobre o processo fisiológico da cicatrização em um hospital escola. Metodologia: Trata-se de um estudo analítico, quantitativo, realizado a partir de dados secundários, referentes ao pré-teste realizado durante treinamento da equipe de saúde em um hospital universitário em Recife-PE. Os dados foram fornecidos pela Comissão de pele, após anuência da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP). Por se tratar de dados secundários, foi dispensada a submissão ao Comitê de Ética. O questionário utilizado no treinamento é do tipo estruturado, com questões relativas ao setor que exerce seu trabalho, formação, atualização e tempo de atuação. Seguido por perguntas sobre o processo cicatricial de feridas. Resultados: Dos profissionais participantes, 35% eram enfermeiros, 35% residentes de enfermagem, 25% técnicos ou auxiliar de enfermagem, 2% médicos. Com idade média de 34,58 anos e tempo de formação maior que 8 anos. A maioria refere não possuir cursos de atualização sobre o tema e pouco conhecimento sobre o processo cicatricial. Das 160 vagas oferecidas para o treinamento compareceram 61 profissionais, correspondendo a um pouco mais que 38% das vagas preenchidas. Em relação as fases da cicatrização, 71% responderam que na fase I ocorrem fenômenos vasculares e a hemostasia, 80% reconhecem que a fase II é permeada pela ação celular, angiogênese e formação da matriz extracelular e 75% identificaram que a fase III corresponde a remodelação, nesta questão 12,3% dos participantes se abstiveram. Quanto ao exsudato, 78% dos entrevistados consideram-no como fisiológico, 66% identificaram corretamente as características do exsudato seroso e que a qualidade e a quantidade podem interferir no processo de cicatrização. Sobre o tipo de tecido presente no leito da lesão, 80% dos entrevistados demonstraram conhecimento na diferenciação de necrose de liquefação e necrose de coagulação e 72% entendem que o termo escara não se refere a classificação de lesão por pressão. Quanto ao tecido de granulação 95% foram assertivas, do mesmo modo que 88% identificam o tecido de epitelização. Conclusão: Conclui-se que a busca pelo aperfeiçoamento foi baixa, visto que o número de vagas ociosas ultrapassou 60%. O tempo de formação não interferiu sobre o conhecimento e acerto das respostas. A maior parte dos profissionais referiu baixo conhecimento quanto ao processo cicatricial, porém a média de acertos foi superior a 70%. Embora o número de acertos tenha sido elevado, na maior parte das questões a porcentagem de respostas inadequadas e/ou deixadas em branco superou 20%. Essas lacunas são uma oportunidade para os serviços de saúde explorarem esse tema afim de melhorar a qualidade da assistência e a qualidade de vida do paciente, além disso, evidencia o potencial para futuras pesquisas.