CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLO CLÍNICO DE ATENDIMENTO DO SERVIÇO DE ESTOMATERAPIA EM UM CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADURAS

Autores

  • CARLOS ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • ANA DÉBORA ALCÂNTARA COELHO BOMFIM NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • DÉBORA TAYNÃ GOMES QUEIROZ NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • KARLA ANDRÉA DE ALMEIDA ABREU NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • MÁRCIA VITAL DA ROCHA NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • KARINE BASTOS PONTES SAMPAIO NÚCLEO DE ESTOMATERAPIA DO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA, FORTALEZA-CE
  • SILVÂNIA MENDONÇA ALENCAR ARARIPE INSTITUTO DR JOSE FROTA

Resumo

INTRODUÇÃO: A Estomaterapia é uma especialidade da Enfermagem que presta assistência a pessoas com feridas complexas, estomias e incontinências no âmbito da prevenção, tratamento, reabilitação, ensino e pesquisa. Dentro do campo das feridas existem as lesões causadas por queimaduras que dependendo dos graus, extensão e dos agentes causais podem se tornar feridas complexas e de cuidados prolongados necessitando de tratamentos especializados em centros com equipes multiprofissionais. Nesse contexto a presença do Estomaterapeuta dentro desses centros especializados vem sendo de suma necessidade, já que esse profissional pode implantar um cuidado sistematizado com tecnologias para o tratamento das lesões trazendo impactos qualitativos e quantitativos para ao atendimento a esse público, esse contexto acaba demandando assim a necessidade de criação de um protocolo clínico com fluxos a serem implementados dentro dos diversos nichos assistenciais e contemplando as variadas demandas dos pacientes atendidos de um setor complexo e especializado para tratamento de queimados. Assim é de essencial importância a criação de protocolos, os quais devem ser guias de orientação sucinta, que auxiliem na prática diária¹ e padronizem fluxos e condutas para pacientes com lesões por queimaduras, devidamente respaldados em evidências científicas possibilitando o envolvimento de todos os atores em colaboração com o serviço especializado de Estomaterapia da instituição. OBJETIVO: Apresentar a construção de um protocolo clínico abordando os fluxos assistenciais e condutas clínicas do serviço de estomaterapia no cenário de uma unidade para tratamento de queimados. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa metodológica, a qual envolve investigação dos métodos de obtenção e organização de dados e condução de pesquisas rigorosas. Os estudos metodológicos tratam do desenvolvimento, da validação e da avaliação de ferramentas e métodos de pesquisa. As crescentes demandas por avaliações de resultados sólidos e confiáveis, testes rigorosos de intervenções e procedimentos sofisticados de obtenção de dados têm levado a um aumento do interesse pela pesquisa metodológica entre enfermeiros pesquisadores². Realizada no período de março de 2022 a março de 2023 em um centro de tratamento de queimaduras referência para atendimento estadual de um hospital público da capital cearense referência no atendimento em trauma. A pesquisa foi constituída pelas etapas: diagnóstico situacional para estabelecer a estrutura conceitual e definir os objetivos do protocolo; revisão de literatura pertinentes ao tema proposto e construção do instrumento embasado nos principais guidelines de associações/sociedades internacionais e nacionais para tratamento de queimaduras, adaptando ao contexto assistencial da instituição e as normas e rotinas já aprovadas dessa. O material foi confeccionado e enviado para avaliação e diagramação no setor de assessoria da qualidade da instituição. O estudo está eticamente respaldado pelo parecer CAEE Nº 611.459.22.3.0000.5047 do Comitê de ética em pesquisa institucional. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Em um primeiro momento o protocolo faz uma explanação geral do funcionamento da Comissão intra- hospitalar de tratamento de feridas / Núcleo de Estomaterapia da instituição , sua composição profissional e como se dá o seu funcionamento dentro do contexto hospitalar e as unidades abrangidas pelos seus atendimentos , após isso o documento se volta a explicitar como se define a atuação da Estomaterapia no núcleo de queimados dentro de todos os seus espaços nesse complexo assistencial, os quais são: Ambulatório de Queimados, Unidade de Internação Clínico-cirúrgica adulta e pediátrica, Sala de Balneoterapia e Centro Cirúrgico. Além disso o serviço presta assistência a pacientes queimados em outras unidades da instituição como a emergência, traumatologia, unidades de terapia intensiva, dentre outras. Para cada um desses setores foram criados fluxogramas de atuação específicos do serviço de estomaterapia, os quais vem ilustrados no protocolo, que são: Fluxograma de atendimento em Estomaterapia na Sala de Balneoterapia ( que define a atuação do serviço dentro do processo de balneoterapia anestésica ou trocas de curativos comuns , desde a definição de limpeza das lesões, escolha de coberturas especiais, atuação multiprofissional para decisão de procedimentos cirúrgicos que o paciente ainda precise como desbridamentos, enxertias; inspeção de integridade da pele; cuidados com lesões de outras etiologias que não as queimaduras; cuidados com estomias, proporcionando seguimento do cuidado dentro do processo de internação, na desospitalização com acompanhamento ambulatorial e na referência responsável para outros serviços de saúde); Fluxograma de atendimento em centro cirúrgico (define atuação no pré, no intra/trans e no pós-operatório desde o preparo da lesão para enxertias, desbridamentos, dentro do processo cirúrgico padronizando protocolos de limpeza e selecionando coberturas para lesões, gerenciamento de enxertos e áreas doadoras de pele) e o Fluxograma de atendimento em ambulatório (onde é dado seguimento de pacientes internados que estavam sendo acompanhados pelo serviço de estomaterapia ou pacientes que não são critérios de internação mas precisam de atenção ambulatorial). Na segunda parte o protocolo se dedica a explanar sobre a terapia tópica a ser utilizada em queimaduras pontuando desde a padronização de limpeza das lesões, prevenção e tratamento do biofilme em feridas complexas até a terapia tópica. Assim são mostrados fluxos de uso de coberturas em vários cenários de acordo com os espaço assistencial e das características e estadiamento da lesão por queimadura que são: Curativos realizados pela primeira vez em ambulatório de queimados/pronto atendimento em pacientes sem critério de admissão para internação hospitalar, excetuando queimaduras em face e genitália; Curativos realizado pela primeira vez atendidos no pronto atendimento/ambulatório com critérios de internação, exceto para face e genitália; Fluxograma decisório para uso de coberturas em queimaduras superficiais; Curativos de queimaduras de 3º grau; Fluxogramas de coberturas para gestão do exsudato; Gestão de Flictenas; Gestão de Hipergranulação; Curativos e Coberturas em Áreas Especiais; Atendimento às farmacodermias (o serviço também é referência para essas afecções de pele). Em última parte, o protocolo vem trazendo o portfólio de coberturas padronizadas na instituição e sua aplicação no tratamento de queimaduras, como forma de utilização, preparo especial, principais indicações e contraindicações, tempo de troca e demais manejos específicos. CONCLUSÃO: A construção e implantação de um protocolo assistencial do serviço de Estomaterapia dentro de uma unidade complexa e tão especializada como um centro de tratamento de queimaduras vem potencializar o empoderamento e respaldo da especialidade dentro do organograma e processos institucionais permitindo que a equipe multiprofissional trabalhe de forma integrada para a construção de boas práticas na assistência ao paciente queimado e na condução de suas lesões que são na maioria das vezes complexas e de difícil cicatrização. O trabalho baseado em recomendações de órgãos nacionais e internacionais e de publicações renomadas da área proporciona o gerenciamento e uso racional de tecnologias e insumos gerando um melhor custo-benefício para instituição, proporcionando também qualidade no atendimento e na experiência ao paciente. O protocolo está em fase de finalização para publicação na intranet institucional, e como capítulo do manual de normas e rotinas do Núcleo de Queimados e no Manual de Boas práticas do serviço de Estomaterapia, podendo sofrer atualizações de acordo com novas evidências científicas, ficando disponível assim aos profissionais e sendo difundido em momentos de educação continuada.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI, C. ., DÉBORA ALCÂNTARA COELHO BOMFIM, A. ., TAYNÃ GOMES QUEIROZ, D. ., ANDRÉA DE ALMEIDA ABREU, K. ., VITAL DA ROCHA, M. ., BASTOS PONTES SAMPAIO, K. ., & MENDONÇA ALENCAR ARARIPE, S. . (2024). CONSTRUÇÃO DE PROTOCOLO CLÍNICO DE ATENDIMENTO DO SERVIÇO DE ESTOMATERAPIA EM UM CENTRO DE TRATAMENTO DE QUEIMADURAS. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/634