CURSO DE DESBRIDAMENTO EM FERIDAS:

RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA LIGA ACADÊMICA

Autores

  • SHIRLEY BOLLER UFPR
  • ISABELLA BUENO FUSCULIM UFPR
  • LUCIANE LACHOUSKI UFPR
  • INGRID CAMILI GELINSKI STACHERA CENTRO UNIVERSITÁRIO SANTA CRUZ DE CURITIBA
  • LIRIAN VAZ DE OLIVEIRA UFPR
  • GABRIELLE STELLA PICANÇO UFPR
  • RICSON ROMÁRIO NASCIMENTO UFPR
  • RENILDA PEREIRA ROYKE KOZLOWSKI CHC-UFPR

Resumo

INTRODUÇÃO O desbridamento em feridas é definido como a remoção de tecidos inviáveis ??que interferem na cicatrização, sendo tipificado como necrose seca e úmida, crostas, biofilme, hiperqueratose, corpos estranhos, fragmentos ósseos, microorganismos ou qualquer outro tipo de biocarga1. O enfermeiro exerce um papel fundamental na área da saúde, sendo um dos responsáveis pela execução do desbridamento. Conforme estabelecido na resolução COFEN nº 0501/2015, por meio do anexo I, cabe ao enfermeiro a competência de realizar desbridamento autolítico, instrumental conservador, químico e mecânico. Porém, é necessário que o profissional seja capacitado para realizar esta técnica a fim de garantir a segurança do paciente atendido2. As ligas acadêmicas de enfermagem em estomaterapia são entidades acadêmicas, que tem como essência promover o aprimoramento dos conhecimentos em estomaterapia pelos discentes e compartilhá-los com a comunidade. Nesse sentido, uma liga acadêmica de uma universidade pública do sul do Brasil, reconheceu a necessidade de capacitar discentes e profissionais de enfermagem nos cuidados a lesões cutâneas no processo de limpeza e coberturas. Aprofundar a temática no tratamento em feridas para este público, torna-se relevante por aumentar a confiança na técnica do desbridamento, entender o mecanismo de ação das principais coberturas especiais e identificar as individualidades de cada paciente para que o resultado esperado seja de fato determinante no processo de cicatrização. Nessa perspectiva, o objeto da liga neste trabalho é compartilhar a vivência da organização de um curso de desbridamento, entendendo que um relato de experiência consiste em uma produção de conhecimento teórico de vivências acadêmicas associada a um dos pilares da formação universitária. Em contexto acadêmico, esse tipo de escrita tem como objetivo, além do registro, a valorização de experiências vividas por meio de embasamento científico, reflexão crítica e metodológica³. OBJETIVO Relatar a experiência da liga acadêmica de enfermagem em estomaterapia, de uma universidade pública do sul do Brasil, na organização do curso de desbridamento em feridas. MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, qualitativo, do tipo relato de experiência, tendo como base as práticas vivenciadas por estudantes da diretoria da liga na organização do curso de desbridamento. Por se tratar de um relato de experiência, sem coleta de dados pessoais dos participantes, o estudo não exigiu apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP). As atividades de planejamento iniciaram no primeiro semestre de 2023, em que a Diretoria da Liga Acadêmica definiu os dias de curso conforme calendário acadêmico e disponibilidade dos ligantes. A partir disso foram definidos os ministrantes do curso sendo estes, enfermeiros especialistas que realizam a prática de desbridamento de forma cotidiana em seu exercício profissional. A seguir, a carga horária do curso e o conteúdo programático foram determinados. O conteúdo teórico foi escolhido a partir do julgamento necessário para embasar a realização do desbridamento. Um enfermeiro ministrou a aula teórica e outro a aula prática, sendo que ambos estão lotados na mesma instituição de saúde. Além disso, foram convidadas empresas de produtos hospitalares voltados para a área de estomaterapia. A programação foi idealizada com oito horas presenciais de módulo teórico e duas horas presenciais de módulo prático, com intervalo para conhecer e manusear as tecnologias disponibilizadas pelas empresas. Os participantes foram divididos em duas turmas para a realização da prática, face ao espaço físico limitado do laboratório, enquanto que para o módulo teórico permaneceu uma única turma. No módulo prático, para fundamentar as técnicas de slice e square, patas de suíno foram previamente preparadas com auxílio de um maçarico para simular tecido necrótico. Para fins de avaliação do curso, foi elaborado um formulário anônimo no “Google Forms” o qual contemplou oito perguntas objetivas com resposta de escala de Likert de um a cinco, sendo: um - ruim; dois- razoável; três- bom; quatro- muito bom; cinco- Excelente. As perguntas foram: Como você classifica o curso? Como você classifica a organização do evento? Como você classifica a duração do evento? O evento cumpriu as suas expectativas? Caso a resposta anterior tenha sido negativa, nos explique um pouco mais? O evento ajudou você a obter novos conhecimentos? Você diria que os palestrantes estavam bem informados? Você tem outros comentários ou sugestões para nos ajudar a melhorar os eventos futuros?. RESULTADOS O curso foi aberto para os ligantes da liga como também para discentes e docentes em Enfermagem. Por meio do formulário de inscrição, obtiveram-se 50 interessados, destes, 24 foram selecionados conforme os critérios de seleção. Como se trata do primeiro curso promovido pela liga acadêmica, a intenção foi limitar o número de vagas para analisar a adesão dos participantes. O resultado de maior procura do que oferta de vagas incentivou a diretoria da Liga a organizar outros cursos similares a este. Dos 24 participantes, três foram docentes do curso de Enfermagem e 21 estudantes de Enfermagem, destes, 12 também são ligantes da Liga acadêmica. A programação foi dividida em três módulos. O primeiro contemplou o conteúdo teórico, realizado em dois dias com carga horária de quatro horas por dia. Neste módulo foram discutidos temas centrais baseados em evidências científicas como feridas de difícil cicatrização, o processo de cicatrização, o respaldo legal para a realização do desbridamento por enfermeiros, a realização do preparo do leito da ferida, as finalidades do desbridamento, os tipos de desbridamento, as técnicas para sua realização, o manejo do biofilme em feridas, as coberturas que devem ser utilizadas e novas tecnologias na área de estomaterapia. O segundo módulo contemplou as habilidades manuais por meio da realização prática do desbridamento. Os participantes experienciaram o procedimento de desbridamento instrumental conservador, utilizando pés de suínos com orientação de um enfermeiro dermatológico. Neste módulo, os discentes da liga organizaram o laboratório de práticas e disponibilizaram uma bandeja metálica para cada participante, um pé suíno com necrose seca, um kit curativo (composto de pinça kelly, pinça anatômica metálica, pinça dente-de-rato metálica), uma lâmina de bisturi e luvas de procedimento. Utilizou-se o pé suíno face à similaridade com a pele humana, sendo assim, a realização desta dinâmica se aproxima a uma simulação realística sendo fundamental para o aprendizado, uma vez que é possível visualizar estruturas internas como vasos sanguíneos, tendões, ligamentos e ossos. Dessa forma foi enfatizado a importância de reconhecer essas estruturas para não desbridar tecidos para além da fáscia muscular e de competência do enfermeiro. E, por fim, a terceira parte do curso contou com estandes de coberturas especiais para apresentar produtos tecnológicos avançados para o tratamento de feridas. Este momento de interação oportunizou o manuseio de coberturas e facilitou a compreensão do seu mecanismo de ação agregando conhecimento à temática do curso. Com o objetivo de avaliar o curso, as respostas obtidas do formulário de avaliação, caracterizou o curso como excelente por 83,3% dos participantes; quanto a organização, 100% avaliou como excelente; a duração do evento foi classificada como bom em 100% das respostas; todos os participantes indicaram que o evento cumpriu com suas expectativas e não houve comentário sugerindo mudanças. Em adição, todos os participantes responderam que o curso ajudou a obter novos conhecimentos e os palestrantes estavam bem informados acerca da temática. Dentre os comentários e sugestões, destacam-se: "Perfeito! Quero mais cursos!” e “Curso muito proveitoso”. De uma maneira geral, o curso foi avaliado como excelente e nesse sentido, instigou a liga acadêmica a aprimorar a organização das atividades desenvolvidas em edições futuras. CONCLUSÃO O relato de experiência permitiu compartilhar como foi organizar um curso de desbridamento em feridas e como a sua realização impactou no aprendizado dos participantes. A aprendizagem propiciada pela interação entre os profissionais e os discentes durante as atividades desenvolvidas reafirma a importância do contato entre a academia e os estudantes, permitindo que os indivíduos inseridos nesse processo adquiram novos saberes e um olhar diferenciado a respeito das situações experienciadas incluindo a acessibilidade ao sistema de saúde, bem como a realidade a qual muitas vezes o acadêmico não tem proximidade. Sendo assim, por meio do feedback dos palestrantes e dos participantes, notou-se que houveram somas de experiências que certamente fortalecerão a formação acadêmica e a reflexão da necessidade constante de construir uma formação profissional comprometida com conhecimento científico, com a vida e com a sociedade.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

BOLLER, S. ., BUENO FUSCULIM, I., LACHOUSKI, L. ., CAMILI GELINSKI STACHERA, I. ., VAZ DE OLIVEIRA, L. ., STELLA PICANÇO, G. ., ROMÁRIO NASCIMENTO, R. ., & PEREIRA ROYKE KOZLOWSKI, R. . (2024). CURSO DE DESBRIDAMENTO EM FERIDAS:: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA LIGA ACADÊMICA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/644