GERENCIAMENTO DE LESÕES TRAUMÁTICAS EM REGIÃO DE EXTRAVASAMENTO DE SILICONE INDUSTRIAL EM MULHER TRANS

RELATO DE CASO

Autores

  • VERA ILZA FERREIRA DA CRUZ CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO EM DST/AIDS
  • MARIA CRISTINA PESSOA GOMES COMERCIAL 3ALBE
  • MATEUS ETTORI CARDOSO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO EM DST/AIDS
  • SIMONE DE BARROS TENORE CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO EM DST/AIDS
  • CÉLIA REGINA RODRIGUES GUEDES DO CARMO CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO EM DST/AIDS

Resumo

Gerenciamento de lesões traumáticas em região de extravasamento de silicone industrial em mulher trans: relato de caso” Introdução: Há anos o ser humano busca padrões de beleza e vê a necessidade em melhorar sua estética corporal. Várias inovações são apresentadas como alternativa, mas nem sempre são seguras (1). Baseado nesses padrões, aplicações de silicone líquido industrial são utilizados com fins estéticos. Travestis e mulheres no processo de transição usam hormônios, realizam cirurgias plásticas, inserem silicone líquido industrial (2,3). O líquido de silicone pode movimentar-se a medida que o invólucro protético enfraquece o que pode afetar todo o tecido circundante e por ser lipossolúvel espalha-se formando um granuloma de silicone (siliconomas) propiciando uma resposta fisiológica inflamatória, criando uma massa firme, provocando destruição tecidual local como necroses cutâneas, ulceração e danos nervosos. Pequenas áreas isquêmicas e a presença de tecidos de esfacelo e necrose podem eventualmente ser tratadas com técnicas de desbridamento por um enfermeiro estomaterapeuta que realizará a avaliação e indicação de tecnologias que podem auxiliar na cicatrização das lesões. Na presença de extensas áreas necróticas, indica-se o tratamento cirúrgico uma vez que a remoção é quase impossível limitar a ressecção dos siliconomas e tecidos comprometidos, tendo em vista as sequelas locais de ressecções mais extensas (5). Objetivo: Relatar o caso de uma paciente transexual com lesões traumáticas em regiões com extravasamento de silicone industrial. Método: estudo descritivo transversal realizado no ambulatório do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS (CRT DST/AIDS) na cidade de São Paulo. Resultados: Mulher transexual, 48 anos, em acompanhamento no CRT DST/AIDS. Em 2004 aplicou 4 litros de silicone industrial nos glúteos e quadril. Após a aplicação, na primeira semana de repouso, ocorreu a migração do líquido para joelho, perna e pés. Durante anos não necessitou acompanhamento, entretanto, em 2019, buscou atendimento por apresentar importante rompimento de pele, com diâmetro de 6cm, exposição da derme, esfacelo e pequeno sangramento. Evoluía com cicatrização lentificada, quando teve novo acidente doméstico e surgimento de nova lesão cutânea na região de tríceps sural direito. Retornou ao ambulatório, onde foi assistida por 02 meses e novo sucesso. Após outros episódios, sempre foi avaliada por nossa equipe. Há 01 mês e 30 dias teve nova lesão em MID em região face interna da tíbia de com 5cm de diâmetro, presença de necrose. Em maio de 2023, depois de completa cicatrização, recebeu alta. Segue acompanhamento no ambulatório de feridas. Conclusão: A aplicação de silicone industrial com fins estéticos é uma prática irregular, e existe alto risco de morte quando feito de maneira clandestina. Os fatores anteriormente citados demonstram a importância do olhar integral do paciente. Desta forma a participação da equipe multidisciplinar e o importante papel da equipe de estomaterapia de maneira contínua tiveram sucesso na cicatrização das lesões traumáticas ocasionadas pela aplicação do silicone industrial.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

ILZA FERREIRA DA CRUZ, V., CRISTINA PESSOA GOMES, M. ., ETTORI CARDOSO, M. ., DE BARROS TENORE, S. ., & REGINA RODRIGUES GUEDES DO CARMO, C. . (2023). GERENCIAMENTO DE LESÕES TRAUMÁTICAS EM REGIÃO DE EXTRAVASAMENTO DE SILICONE INDUSTRIAL EM MULHER TRANS: RELATO DE CASO. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/733