AMBULATÓRIO DE ENFERMAGEM NAS DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução: As incontinências em geral são consideradas uma questão de saúde pública¹. Estudos indicam a prevalência de incontinência urinária maior que 40% na população feminina. Estima-se que cerca de 200 milhões de pessoas convivam com esta disfunção no mundo². O enfermeiro é um dos profissionais que atua na prevenção e no tratamento conservador das disfunções do assoalho pélvico a partir da orientação das mudanças comportamentais e treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP), inserção de pessário para prolapso e orientação quanto ao cateterismo intermitente limpo³. O tratamento conservador é a primeira linha de tratamento para IU, descrevendo as medidas como: modificação do estilo de vida, micção programada, treinamento muscular, terapia térmica, terapia manual e eletroterapia4. Diante deste contexto e devido a demanda institucional fez-se necessário a inserção do enfermeiro no ambulatório de disfunções pélvicas. Objetivo(s): Descrever o perfil da população e a atuação do enfermeiro no atendimento de pacientes em um ambulatório de disfunções do assoalho pélvico. Método: Trata-se de um relato de experiência sobre a atuação de enfermeiras estomaterapeutas no ambulatório de um hospital público de Porto Alegre. São atendidos em média 10 pacientes semanais que retornam a cada 3 ou 4 semanas. Também são realizadas sessões de eletroestimulação que ocorrem semanalmente quando indicado. Resultados: A assistência se baseia em protocolos validados através da anamnese, avaliação física e funcional do assoalho pélvico. São identificados os fatores de risco associados, diagnósticos de enfermagem e prescritas as intervenções individualizadas. O ambulatório recebe pacientes encaminhados das equipes da Proctologia, Urologia (pré e pós-operatório) e Ginecologia. De março a julho/2023, atendeu-se 55 pacientes, totalizando 112 atendimentos. Entre esses, 58,18% do sexo feminino e 41,81% do sexo masculino. Os casos atendidos foram: 11 (20%) IU de esforço, 6 (10,9%) IU de urgência, 33 (60%) IU mista, 5 (9,09%) constipação, 3 (5,45%) dor, 17 (30,90%) incontinência anal (IA), 2 (3,63%) retenção urinária. Entre as pacientes do sexo feminino foram identificadas 31,25% com distopias genitais. Além disso, 34,54% possuíam 2 ou mais condições descritas acima. As orientações passam por modificações de hábitos comportamentais: ingesta de água, redução de alimentos irritantes vesicais, comportamento sanitário, manejo de constipação, TMAP, relaxamento. A eletroestimulação é indicada para pacientes sem propriocepção ou Oxford <2 sem melhora com TMAP. Além disso, houve a necessidade de ampliação do serviço com a participação de outros profissionais (psicologia e nutrição). Prevê-se aplicar os atendimentos para pacientes em pré-reconstrução de trânsito intestinal, realização de grupos de pacientes e expandir o ambulatório para rede Estadual. Conclusão: Observou-se a redução da fila de espera e uma boa adesão dos pacientes aos cuidados propostos e consequentemente um resultado satisfatório das queixas apresentadas inicialmente, demonstrando a efetividade das orientações e empenho dos pacientes com os exercícios no domicílio. A atuação do enfermeiro neste cenário em nível nacional ainda é incipiente. Sabe-se que novos estudos são necessários sobre a temática.