APLICAÇÃO DA ESCALA DE BRISTOL COMO MÉTODO DE LETRAMENTO EM SAÚDE
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
INTRODUÇÃO: A avaliação da pessoa com disfunção pélvica demanda saberes específicos do enfermeiro. O diário intestinal é uma ferramenta aplicada para avaliar o hábito evacuatório de indivíduos com quadro de incontinência e/ou retenção fecal¹. É um impresso criado para o indivíduo registrar evacuações observando alguns sinais, baseados nos critérios de Roma IV e Escala de Bristol, como episódios de incontinência, dor e esforço, utilização de manobras facilitadoras para saída de fezes, entre outros, sendo um método complementar de avaliação das disfunções intestinais². Para descrever a consistência das fezes, a Escala de Bristol é utilizada concomitante ao diário intestinal, sendo útil para relacionar com os hábitos de vida, monitoramento terapêutico e sintomas patológicos². No entanto, esses dois instrumentos são entregues para os pacientes preencherem em suas residências, podendo gerar dúvidas e inseguranças de acordo com o nível de entendimento individual. Além disso, estudantes e profissionais que não estão habituados com a utilização desses instrumentos podem encontrar dificuldades com sua aplicação e avaliação. Para intervir nessas dificuldades, o Letramento em Saúde se mostra como uma intervenção a ser considerada³, processo no qual são desenvolvidas estratégias para explicar, ensinar e facilitar a compreensão de pessoas sobre determinado assunto na saúde. OBJETIVO: relatar a experiência da equipe de enfermeiros atuantes na clínica de estomaterapia ao utilizar o letramento em saúde na assistência do paciente com incontinência intestinal. MÉTODO: estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado em novembro de 2022 no consultório de atendimento ao paciente com incontinência intestinal de uma clínica de estomaterapia localizada no Estado do Rio de Janeiro. RESULTADOS: A aplicação da Escala de Bristol como método de letramento em saúde surgiu diante da pluralidade do nível de escolaridade e socioeconômico dos pacientes atendidos no consultório de incontinências, sendo necessárias estratégias para melhor elucidação do instrumento para com o paciente. A escala só é encontrada em imagem/foto com características físicas escritas de 1 a 7, o que pode dificultar o seu entendimento por parte dos pacientes. Nesse sentido, foram utilizados instrumentos lúdicos para melhor compreensão durante as consultas de enfermagem juntamente com o diário intestinal, permitindo melhor assimilação das informações. Esse processo foi mais bem exitoso com os pacientes que não eram alfabetizados, permitindo esclarecimento visual dos tipos de fezes apresentadas. Além disso, notou-se maior domínio durante as consultas pelos estudantes e profissionais que ingressaram no serviço após a elucidação da escala, contribuindo para a formação acadêmica e qualificação profissional. Por fim, durante as consultas de revisão, os pacientes conseguiram apontar com maior facilidade quais os tipos de fezes que apresentavam, relacionando com a escala de bristol. CONCLUSÃO: O resultado evidenciou que o letramento em saúde e a utilização de outros instrumentos para para a consulta de enfermagem trouxeram benefícios para melhor compreensão do usuário, estudante e profissional acerca da escala de bristol, contribuindo para melhoria da qualidade da assistência.