PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUANTO ÀS ÚLCERAS TERMINAIS DE KENNEDY (UTK)

Autores

  • GERLUCE ARAÚJO SILVA DE SOUZA MONTEIRO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (HUOC/UPE)
  • BRUNNA FRANCISCA DE FARIAS ARAGÃO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (HUOC/UPE)
  • FÁBIA MARIA DE LIMA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (HUOC/UPE)
  • DEUZANY BEZERRA DE MELO LEÃO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO OSWALDO CRUZ DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (HUOC/UPE)
  • PÉROLA BRITO PALHANO FACULDADE DE ENFERMAGEM NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS DA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO (FENSG/UPE)

Resumo

PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUANTO ÀS ÚLCERAS TERMINAIS DE KENNEDY(UTK). RESUMO: Existem alterações da pele que são inevitáveis, ocorrendo mesmo após a aplicação de intervenções adequadas ou excedentes de padrões de cuidado. A UTK é causada por fatores intrínsecos, incluindo hipoperfusão e isquemia tecidual, associados à falência múltipla dos órgãos, já a lesão por pressão (LPP) é causada por fatores extrínsecos, como a pressão, fricção e cisalhamento. Objetivo: Conhecer a percepção dos profissionais de saúde acerca das UTK. Método: Tratou-se de um estudo do tipo qualitativo, realizado na Clínica Geriátrica de um Hospital Universitário na cidade do Recife, Pernambuco. A coleta foi realizada entre janeiro e março de 2021. Resultados: Dentre os 22 profissionais participantes do estudo, 11 afirmaram nunca ter ouvido falar sobre a UTK e, entre os 11 que afirmaram já terem ouvido falar sobre, mais de 80% (n= 10), não souberam responder a todas as questões acerca da mesma e/ou responderam de modo incorreto, tendo a maioria, confundido a UTK com uma LPP. Conclusão: Percebeu-se que a maioria dos profissionais não conseguiu definir e/ou distinguir a UTK corretamente; reafirmando a necessidade da construção de estudos e pesquisas voltados para este tema com pouca visibilidade científica, implementando intervenções direcionadas ao conforto e a prevenção de sofrimentos dos pacientes com UTK e sua família. INTRODUÇÃO Em 1983, a enfermeira Karen Lou Kennedy-Evans, apresentou suas observações clínicas e os dados sobre as lesões de pele obtidas na unidade de cuidados intermediários em Byron Health Center, EUA onde trabalhava com sua equipe; a Úlcera Terminal de Kennedy (UTK) foi descrita na primeira conferência do National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP). Os dados revelaram que mais da metade de seus pacientes havia falecido em 6 semanas após o desenvolvimento de uma determinada Lesão por Pressão (LPP).¹ Essa unidade foi constituída uma das primeiras Skin Care Team, com o objetivo de investigar LPP, através de indicadores como a prevalência, o estado, a progressão e a mortalidade de pacientes com estas feridas.1 Os pacientes apresentavam uma úlcera com aparência inicial de abrasão ou flictena; no formato de pera, borboleta ou ferradura; de cor que variava com o desenvolvimento da lesão (vermelha, amarela, azul, roxa ou preta) e localizadas nas regiões sacrococcígea, calcâneos e panturrilha; com rápida progressão e relação com terminalidade.1 As alterações da pele são inevitáveis, ocorrendo mesmo após a aplicação de intervenções adequadas ou excedentes de padrões de cuidado; caracterizando-se como alterações fisiológicas que acometem os mecanismos homeostáticos do organismo e ocorrem como resultado do processo de morte celular, afetando a pele e os tecidos moles ocorrendo baixa perfusão de oxigênio e diminuição de processos metabólicos, denominando essa nova lesão como UTK. 1-2 Enquanto a UTK é causada por fatores intrínsecos, incluindo hipoperfusão e isquemia tecidual, associados à falência múltipla dos órgãos, a LPP é causada por fatores extrínsecos, como a pressão, fricção e o cisalhamento.3 Esta diferença na etiologia é importante na análise e caracterização da mesma, visto que sua identificação e diagnóstico são bastante particulares e característicos, afirmando a necessidade de estudos e conhecimentos acerca da mesma, que possibilitem ao profissional de saúde a capacidade de identificá-la sabendo como agir e quais cuidados e orientações deverá empregar.4 O presente estudo teve como objetivo conhecer a percepção dos profissionais de saúde acerca da UTK. MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um estudo do tipo qualitativo. A implementação do mesmo foi realizada entre janeiro e março de 2021 na Clínica Geriátrica de um Hospital Universitário na cidade de Recife, Pernambuco. A amostra foi constituída por 22 profissionais de saúde que trabalhavam na clínica geriátrica. Dentre eles: 10 Técnicos de Enfermagem, 4 Enfermeiros, 3 Médicos, 2 Fisioterapeutas, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Nutricionista e 1 Fonoaudiólogo. Como critérios de inclusão foram eleitos todos os profissionais de saúde, lotados na Clínica Geriátrica e que estavam trabalhando durante o período da coleta. Os critérios de exclusão couberam àqueles que embora trabalhassem no referido setor, estivessem de férias ou licença médica no período da coleta. A coleta de dados ocorreu por livre demanda. O instrumento de coleta utilizado foi um formulário com questões abertas, fechadas e de múltiplas escolhas dividido nas seguintes partes: 1) Caracterização demográfica compreendendo as seguintes variáveis: idade, sexo; 2) Formação profissional tipo de curso que efetuou durante a graduação ou grau técnico, se realizou pós-graduação, mestrado, doutorado e/ou pós-doutorado, se possui formação em cuidados paliativos, e se afirmativo descrevê-la; 3) Experiência profissional, tendo como variáveis: o tempo em que exerce a profissão, se já trabalhou/a em cuidados paliativos e o tempo; 4) Conhecimento acerca das UTK’s, 5) Formação sobre UTK. Os questionários foram entregues aos participantes, juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), durante seu horário de trabalho. Os mesmos respondiam as questões acerca da UTK conforme seus conhecimentos prévios, sem nenhuma interferência dos pesquisadores, visando proteger a fidelidade dos dados da coleta. A análise dos dados foi realizada baseando-se na análise de conteúdo segundo a visão de Laurence Bardin; que estabelece reflexões acerca da análise do conteúdo e da linguística. Ela apresenta critérios para organização de uma análise: a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados obtidos na interpretação.5 O projeto seguiu as normas e diretrizes para realização de pesquisas envolvendo seres humanos de acordo através da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde/ MS. Recebendo o CAAE: 30101220.0.0000.5192. Parecer de nº 4.000.456, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa no dia 30/04/2020. RESULTADOS Entre os 22 profissionais participantes do estudo, 11 afirmaram nunca ter ouvido falar sobre a UTK e, dentre os 11 que afirmaram ter ouvido falar sobre a UTK, mais de 80% (n= 10) não souberam responder a todas as questões sobre a UTK e/ou responderam de modo incorreto, tendo a maioria confundido a UTK com uma LPP. A grande maioria dos profissionais demonstra desconhecimento acerca do tema. Percebe-se que, apesar de uma grande parcela da amostra atender pacientes em Cuidados Paliativos ou com a própria UTK, a grande maioria dos profissionais entrevistados ainda não conseguem defini-la e/ou distingui-la corretamente; ficando notória a confusão dos mesmos acerca da diferenciação entre uma UTK e uma LPP, conforme respondiam a pergunta "O que entende por Úlceras Terminais de Kennedy?" (pergunta 2 do questionário) CONCLUSÃO A escassez de literatura acerca do tema, além de configurar uma limitação para o estudo, leva a reflexão de que muitos profissionais de saúde têm pouco ou nenhum conhecimento sobre este tipo de úlcera, o que compromete a assistência, acarretando um tratamento inadequado e ineficaz. O estudo traz um novo olhar acerca de um tema com pouca visibilidade científica, necessitando do desenvolvimento de estudos e pesquisas. A assistência aos portadores de UTK deve ser individualizada e holística mesmo que no campo paliativo garantindo conforto e humanização aos pacientes e familiares.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

ARAÚJO SILVA DE SOUZA MONTEIRO, G. ., FRANCISCA DE FARIAS ARAGÃO, B. ., MARIA DE LIMA, F. ., BEZERRA DE MELO LEÃO, D. ., & BRITO PALHANO, P. . (2023). PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUANTO ÀS ÚLCERAS TERMINAIS DE KENNEDY (UTK). Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/810