OFICINA SOBRE FERIDAS EM HANSENÍASE E CUIDADOS COM CURATIVO EM DUAS UNIDADES DE REFERÊNCIA EM HANSENÍASE EM PERNAMBUCO

Autores

  • VICTORIA REGINA ARCANJO LINS UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
  • ADRIENE MICHELLE TAURINO DA SILVA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
  • ANGELA MARIA DOS SANTOS SILVA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
  • DANIELLE CHRISTINE MOURA DOS SANTOS UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
  • HERBERT HUMBERTO DE MELO SILVA UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
  • MARIZE CONCEIÇÃO VENTIN LIMA NETHERLANDS HANSENIASIS RELIEF - BRASIL (NHR-BRASIL)
  • RAPHAELA DELMONDES DO NASCIMENTO UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE

Resumo

INTRODUÇÃO A estomaterapia é uma área da saúde, voltada para assistência de pessoas que possuem algum dispositivo de acesso como, por exemplo, cateteres, drenos e tubos ou quando há feridas agudas e crônicas, bem como incontinências anal e urinária¹. A hanseníase, causada pelo mycobacterium leprae, é uma doença crônica que possui afinidade pela pele e nervos periféricos, podendo provocar uma degeneração do sistema nervoso periférico e feridas pela perda da integridade da derme quando há alterações na sensibilidade térmica, tátil e dolorosa, ocasionando paresias, paralisias e alterações na face, mãos e pés². Assim, quando a sensibilidade periférica está comprometida pela doença, associada as deformidades do pé, a fraqueza de músculos, traumatismos mecânicos e uso de calçados inadequados, produzirão hiperqueratoses, fissuras, escoriações, bolhas, erosões e úlceras crônicas, sendo a maioria das úlceras localizadas na região plantar, distribuídas principalmente nas áreas que suportam peso, enquanto estes andam ou ficam de pé. Dessa forma, a estomaterapia, uma especialidade exclusiva da enfermagem, pode possibilitar aos graduandos da área a promoção de ações de educação em saúde que objetivam melhorar a qualidade de vida das pessoas, possibilitando aos indivíduos compartilhar experiências e aprender sobre os cuidados das feridas em hanseníase³. Neste contexto, para proporcionar autonomia aos usuários e prevenir incapacidades, o Grupo de Apoio ao Autocuidado (GAC) em hanseníase tem papel fundamental na capacidade de fornecer o conhecimento necessário da doença e prevenção de complicações aos pacientes, como as feridas, com a prática de autocuidado, bem como estratégias de ensino e atividades de educação em saúde4. OBJETIVO Descrever a experiência da realização de oficinas sobre feridas para pessoas afetadas pela hanseníase, em Grupos de apoio ao autocuidado em hanseníase, em Pernambuco, Brasil. MÉTODO Relato de Experiência da realização de oficinas sobre feridas em hanseníase ministrada por graduandos de enfermagem no mês de julho de 2023, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa e Extensão sobre Cuidados, Práticas sociais e Direito à saúde das Populações Vulneráveis (Grupev), a partir de Programa de extensão universitária. O Grupo tem por objetivo realizar pesquisas e atividades de extensão voltadas aos cuidados e direitos de pessoas atingidas pela hanseníase, em parceria com Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase, secretarias de Saúde e uma organização Holandesa, Netherlands Hanseniasis Relief - Brasil (NHR-Brasil). As oficinas foram realizadas nas reuniões mensais dos Grupos de apoio ao autocuidado em hanseníase em um Hospital de referência estadual de Pernambuco e uma Policlínica na cidade de Recife-PE, ambos locais de referência para hanseníase. A oficina foi realizada a partir de uma metodologia problematizadora, com plano de oficina criado pelo grupo, formado por três etapas: a primeira etapa, uma roda de conversa e troca de experiência sobre o tema; a segunda etapa, uma discussão sobre cuidados das feridas em hanseníase com apoio de uma apresentação em slide; a terceira etapa, uma dinâmica final de mitos e verdade. Também foi feita a distribuição de folders informativos produzidos pelos próprios estudantes. RESULTADOS As oficinas tiveram como objetivo principal discutir com os usuários acometidos pela hanseníase como prevenir o surgimento de feridas, cuidados com o curativo e como identificar sinais clínicos de piora da lesão, bem como discorrer sobre o tratamento e potenciais riscos para feridas crônicas. Inicialmente, na dinâmica de entrada, foi feito um círculo e perguntas como "Alguém já teve alguma experiência com feridas?’’, “Quanto tempo levou para a ferida cicatrizar?” para buscar entender o que os usuários sabiam sobre feridas, suas experiências e que tipo de tratamento fizeram. Ao final da dinâmica de entrada, foi perguntado qual dúvida eles tinham sobre o tema e iniciado a discussão sobre feridas em hanseníase, com o auxílio de uma apresentação em slide no datashow que se constitui na segunda etapa do plano. Durante a explicação os estudantes falaram sobre o conceito de feridas, como a hanseníase pode ser potencializadora de uma lesão, prevenção, tratamento, cuidados com o curativo, o que não usar, o que não fazer e fatores de risco para quem possui uma ferida. Em ambos os grupos em que as oficinas foram desenvolvidas, os usuários demonstraram interesse sobre o tema ao decorrer da apresentação, e tiveram participação ativa dentro de todos os temas, alguns expuseram fotos de úlceras antigas tratadas e sua evolução, assim como lhe foi orientado pelos profissionais como seria a realização desses curativos em casa. Foi enfatizado que os curativos deveriam ser acompanhados por profissionais de saúde, contudo em uma das oficinas um usuário relatou que teve uma experiência com uma lesão, mas não foi acompanhado por profissionais de saúde da Unidade de Saúde da Família (USF) distrital, sendo assim, foi salientado durante a oficina a importância desse acompanhamento para avaliar possíveis causas externas ou doenças facilitadoras, além da evolução da ferida. Além disso, muitos mostraram-se surpresos com a informação sobre o uso de alguns produtos como, por exemplo, o álcool que deveria ser evitado na limpeza das feridas e sobre o uso de receitas caseiras que não devem ser utilizadas. Na etapa seguinte do plano, denominada dinâmica de Mitos e Verdades, realizou-se perguntas sobre o tema para verificar a aprendizagem adquirida pelos usuários durante a oficina. Ao final foi perceptível o nível de satisfação dos participantes pelos elogios e comentários positivos sobre as informações passadas, tendo eles demonstrado entender a importância do cuidado com as mãos e pés a fim de evitar feridas e incapacidades. CONCLUSÃO Durante a oficina de feridas em hanseníase, a interação entre usuários e estudantes de enfermagem permitiu um desenvolvimento no processo de mudança de comportamento relacionado ao atendimento assistencial e na compreensão da estomaterapia em feridas como definidora da prevenção de incapacidades nos pacientes acometidos pela hanseníase, entendendo o indivíduo como um ser particular e integral. Ademais, percebeu-se que os usuários já possuíam alguma experiência com feridas crônicas e por isso foi essencial ter essa oficina para informar sobre as feridas e de como preveni-las, já que as pessoas acometidas pela doença tem fatores potencializadores para a formação de lesões e precisam de um olhar mais amplo para o processo de cura, pois a doença exige aspectos psicossociais que são negligenciados. Além disso, especialmente durante a oficina de feridas, bem como nas demais atividades de educação em saúde foi possível o desenvolvimento da escuta ao próximo.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

REGINA ARCANJO LINS, V. ., MICHELLE TAURINO DA SILVA, A. ., MARIA DOS SANTOS SILVA, A. ., CHRISTINE MOURA DOS SANTOS, D. ., HUMBERTO DE MELO SILVA, H. ., CONCEIÇÃO VENTIN LIMA, M. ., & DELMONDES DO NASCIMENTO, R. . (2023). OFICINA SOBRE FERIDAS EM HANSENÍASE E CUIDADOS COM CURATIVO EM DUAS UNIDADES DE REFERÊNCIA EM HANSENÍASE EM PERNAMBUCO. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/818