MEDIÇÃO LABORATORIAL DAS PRESSÕES DE INTERFACE EM SUPERFÍCIE CORPORAL
Resumo
Introdução: As Lesões por Pressão (LPPs) são feridas que se desenvolvem em decorrência da compressão entre proeminências ósseas e uma superfície por longos períodos. Esta circunstância dificulta o aporte sanguíneo local, provocando isquemia e fragilidade tecidual na região afetada, tornando- a mais propícia ao rompimento e desenvolvimento de feridas. Fatores intrínsecos (idade, mobilidade física prejudicada, redução da sensibilidade e tônus muscular, estado nutricional, alteração do nível de consciência) e extrínsecos (umidade, fricção, cisalhamento, tipo de superfície de apoio e permanência no mesmo decúbito por longos períodos) contribuem para o surgimento das LPPs. Entre as estratégias para a avaliação de risco para ocorrência de LPP, a aplicação de escalas de predição se mostra eficaz, como a de Braden. Importantes alterações clínicas dos pacientes em risco de desenvolver LPP em internação hospitalar, principalmente os com mobilidade prejudicada, necessidades de cuidados intensivos e semi- intensivos e que demandam longos períodos de internação, motivam o uso de novas tecnologias e desenvolvimento de protocolos de avaliação que constituem ferramentas para a prevenção das LPPs. Nesse contexto, a Faculdade de Enfermagem da UFJF recebeu equipamento para mensuração de pressão de interface Palm Q®, que avalia a pressão exercida em regiões corporais e a superfície de apoio, como preditor de avaliação de risco para LPP. Objetivo: Testar e padronizar a aferição do uso do sensor de pressão de interface Palm Q® em laboratório. Método: Estudo transversal, analítico e quantitativo, realizado em laboratório da Faculdade de Enfermagem da UFJF. Os locais de aferição foram escápula, região sacral e calcâneo. Primeiramente, foi realizado treinamento com a equipe de avaliação e elaborado protocolo para padronização das medidas. As aferições foram realizadas no mesmo dia por três avaliadores e seis indivíduos voluntários posicionados na mesma maca com colchão do laboratório. Foram coletados dados de peso, idade e as medidas de pressão de interface dos voluntários. O aparelho exige contato direto com a pele. Os dados foram planilhados no Microsoft Excel® e transferidos para o software Stata 16, onde foram realizadas as medidas de posição (média) e de dispersão (desvio padrão, mínimo e máximo) dos valores de pressão obtidos pelos avaliadores em cada região alvo (sacra, escápula e calcâneo). O coeficiente de correlação intraclasse foi calculado baseado no modelo de concordância absoluta entre os avaliadores. Resultados: Foram necessárias três rodadas de ajustes no protocolo de aferição para padronização das atividades entre os avaliadores. Foram realizadas três medidas em cada região corporal selecionada e considerado a média das mesmas como o valor de pressão local. O teste de confiabilidade entre-avaliadores demonstrou excelente concordância entre as medidas realizadas e as médias das aferições de cada avaliador foram semelhantes, sendo liberado o uso para o ambiente clínico. Conclusão: Após treinamento consistente e ajustes necessários entre os avaliadores para a execução do protocolo de mensuração e aferição de pressão interface por meio do equipamento Palm Q® em um ambiente controlado, foi constatado que as medidas obtidas apresentaram uma ICC confiável, demonstrando a eficiência do protocolo elaborado para esse fim.