IMPACTOS DOS DIFERENTES TIPOS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA QUALIDADE DE VIDA FEMININA
Resumo
Introdução: Incontinência Urinária (IU) tem como definição perda de urina de forma involuntária. Os principais tipos são: Incontinência Urinária de Esforço (IUE), Incontinência Urinária de Urgência (IUU) e Incontinência Urinária Mista (IUM)¹. A IU impacta de forma significativa a vida das pessoas, principalmente mulheres, e interfere na Qualidade de Vida (QV) em diversas nuances acometendo atividades cotidianas, autoimagem, sexualidade, entre outros²-³. Conhecer o impacto na qualidade de vida dessas pessoas é relevante para estomaterapia pois auxilia o profissional no direcionamento de sua prática de forma a atender as necessidades fisiológicas e psicossociais das mulheres. Objetivo: Conhecer o impacto dos diferentes tipos de IU na qualidade de vida feminina. Método: Estudo observacional, do tipo transversal, realizado com 796 mulheres do Brasil entre os meses de março e junho de 2021. A amostra foi obtida por conveniência utilizando-se de convites nas redes sociais (WhatsApp e Instagram). Os dados foram coletados por meio de formulário on-line obtendo informações sociodemográficas, clínicas e sintomas urinários autopercebidos. Os instrumentos utilizados para a coleta foram o ICIQ- FLUTS (para identificação dos tipos de IU) e o CONTILIFE® (para avaliação da QV). Os dados foram tratados de forma descritiva e analítica por meio do Statistical Package for the Social Sciences. Para associação das variáveis de interesse (IU como preditor e QV como desfecho) utilizou-se o teste de Kruskal-Wallis (que teve como finalidade investigar a medida do impacto na QV das mulheres com IU). Adotou-se nível de significância de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com parecer n. 4.270.415. Resultados: A amostra do estudo foi constituída por 796 mulheres de todo o Brasil. Destas, 668 referiram algum tipo de IU. A idade das participantes variou entre 18 e 73 anos (média 34,68; desvio padrão= 12,4). Sobre a prevalência dos tipos de IU, a IUE esteve presente em 6,9% (N=55) das participantes, a de IUU apareceu em 28,1% (N=224), e a IUM em 48,9% (N= 389) das mulheres. O teste de Kruskal-Wallis foi estatisticamente significativo (H(2) = 124,383, p < 0,001) demonstrando que mulheres com IUM tiveram maior impacto na qualidade de vida quando comparados com participantes com IUE (z = 4,389; p < 0,001, r =0,21) e IUU (z = 10,952; p < 0,001; r =0,44). Mulheres com IUE ou IUU, não apresentaram diferenças estatisticamente significantes entre si (z = 1,903; p < 0,171, r = 0,11). Conclusão: Os resultados demonstraram que mulheres com IUM apresentam maior impacto na qualidade de vida considerando que perdem urina tanto em situações de esforço quanto de urgência. Tal resultado não descarta que a IUU e IUE não tragam repercussões a vida dessas mulheres, apenas que estas não apresentam diferenças de impacto entre si. Torna-se fundamental que os estomaterapeutas estejam atentos para a complexidade e multifatorialidade que permeia essa condição e possam alinhar o plano de cuidados em conjunto com a mulher, e sempre que possível com equipe multiprofissional, de forma a reduzir a prevalência de IU, além de evitar as repercussões na qualidade de vida.