CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA: BONECO ESTOMIZADO PARA PACIENTES EM PROCESSO E PÓS- CONFECÇÃO DE ESTOMIA INTESTINAL

Autores

  • FABIANO ANDRADE DA COSTA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • BEATRIZ ALVES DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • CAMILA BARROSO MARTINS UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • HADRYA RACHEL DA CRUZ QUEIROZ UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • KAUANE MATIAS LEITE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • THALIA ALVES CHAGAS MENEZES UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • VIVIANE MAMEDE VASCONCELOS CAVALCANTE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

Resumo

Introdução: A estomia consiste em um procedimento cirúrgico que trata da exteriorização de um órgão oco à parede abdominal, criando uma abertura artificial externa que é denominada estoma. A formulação pode ser temporária ou permanente, ademais, o estoma pode ser classificado como de alimentação, respiratório e de eliminação¹. As estomias intestinais consistem na exteriorização de um segmento intestinal com o intuito de suprir as necessidades de eliminação fecal. O processo de viver com a estomia repercute em aspectos biopsicossociais e promove mudanças e adaptações nos hábitos diários, autocuidado e autoimagem das pessoas. No tocante às principais metas do profissional enfermeiro nessa conjuntura, incluem-se: estabilização do estoma, oferta de cuidados e orientações que possibilitem a prevenção de complicações e a formulação de atividades de educação em saúde com foco no autocuidado2. A tecnologia educacional é uma ferramenta que possibilita fins de aprendizagem e que, quando utilizada pelo profissional de enfermagem, promove o envolvimento e relação enfermeiro- paciente, principalmente quando se refere ao processo de educação em saúde3. Profissionais de enfermagem têm apresentado experiência de educação em saúde bem-sucedida fazendo, por sua vez, a criação e aplicação de tecnologias lúdicas e dialógicas, com resultados positivos na realização de atividades educativas, trazendo a importância da modulação nos hábitos de vida dos indivíduos3. Portanto, tecnologias em saúde necessitam de uma avaliação quanto ao conteúdo, apresentação estrutural e sua aplicação por juízes especialistas na área que será aplicada, considerando que, após validadas possibilitam uma maior fidedignidade, segurança, facilidade de entendimento e vantagem do acesso às informações presentes4. Objetivo: Desenvolver e validar tecnologia educativa para auxiliar o profissional enfermeiro(a) estomoterapeuta em processo de educação em saúde a pacientes que estejam em processo de confecção ou que convive com estomia intestinal. Metodologia: Estudo metodológico sobre produção e validação de tecnologia educativa, com abordagem quantitativa. Neste estudo, a tecnologia criada e validada foi “DOLL GILL”, destinada a profissionais habilitados na área da estomaterapia que tem como finalidade central o cuidado a pessoas que foram ou serão submetidos ao procedimento de confecção de estomia intestinal. Esse instrumento deverá ser aplicado nas consultas pelo profissional estomaterapeuta, seja no âmbito ambulatorial ou hospitalar, tanto nos períodos pré, quanto no pós-cirúrgico, com o intuito de proporcionar uma melhora na qualidade de vida desses pacientes. A escolha do nome “DOLL GILL”, foi para dar significado ao método criado, de forma que "Doll", traduzido da língua inglesa, significa boneco(a), e "Gill" fez-se menção a Norma Gill, homenagem a uma grande mulher na área da estomaterapia. O desenvolvimento do estudo ocorreu em duas grandes fases: a primeira foi referente a construção da tecnologia educativa e seu manual de uso. De início, foi realizada uma revisão bibliográfica sobre a temática estomias intestinais, seus cuidados pré e pós- cirúrgico e orientações gerais acerca do assunto, em seguida, foi pensado como seria o protótipo e qual material e estrutura seria necessária para confecção do mesmo, visando baixo custo, boa durabilidade e uso de forma hábil e dinâmica em consultas e cuidados de enfermagem. Por fim, construiu-se a tecnologia, por meio de corte e costura, de forma artesanal. De posse do boneco foi elaborado um manual de uso, com intuito de facilitar o uso pelo estomaterapeuta, mostrando, por sua vez, todo o passo a passo de aplicação do protótipo. A segunda fase foi destinada ao processo de validação, de forma que, a priori, realizou-se pesquisa dos juízes que atendessem aos critérios estabelecidos, com posterior envio da tecnologia para avaliação e análise dos dados. A tecnologia foi avaliada no tocante a quatro critérios: objetivo, aparência, conteúdo e motivação, cabendo aos juízes avaliar se esses aspectos estavam totalmente adequados, adequado, parcialmente adequado ou inadequado, segundo instrumento avaliativo com respostas em escala de Likert. Além disso, foi oferecido um espaço para sugestões e críticas para melhoria da tecnologia. Na análise dos dados obtidos na avaliação, calculou-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), empregado para avaliar a concordância dos juízes quanto à representação dos itens e ao conteúdo do estudo. O IVC geral do instrumento foi medido pelo seguinte cálculo: a razão entre o somatório de todos os IVC avaliados isoladamente e o número total de itens. Foi considerado o índice superior ou igual a 0,75 para o julgamento de cada critério e global da tecnologia4. A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade Federal do Ceará sob número de parecer 4026646 e atendeu aos preceitos éticos da resolução 466/2012, que trata da pesquisa com seres humanos5. Resultados: A amostra selecionada para o convite para participação na pesquisa foi de seis profissionais, destes, 5 (83,3%) eram mulheres e 1 (16,6%) era homem, tinham idade entre de 32 e 58 anos (média de 45 anos). O tempo médio de formado dos profissionais foi de 19 anos, 5 (83,3%) eram estomaterapeutas. Sobre as titulações acadêmicas, 1 (16,6%) era mestre e 5 (83,3%) tinham doutorado, 2 (33,3%) eram docentes, 6 (100%) têm prática clínica recente, 3 (50%) tem pesquisas publicadas sobre o tema em estudo, 3 (50%) tem artigo publicado sobre o assunto. A pesquisa foi realizada de maneira presencial, onde foi enviado aos profissionais o protótipo, manual de uso, o instrumento de avaliação e o termo de consentimento livre e esclarecido. Em suma, o protótipo foi criado de forma artesanal, por meio de corte e costura em tecidos, com 60 cm, pele branca e parda, cabelos artificiais curtos de coloração preta e marrom, olhos representados por dois botões preto, nariz, boca e orelhas em posição de semelhança humana. Tem dois braços e duas pernas simétricas com articulação única em posição de ombro e femoral, apresenta-se com tronco 1/3 do tamanho do boneco que diferencia masculino e feminino. O feminino tem mamas protusas e o homem mais plana. Na região do abdomen observa-se uma cicatriz de uma antiga ferida operatória já cicatrizada e botões metálicos onde deverão ser alocados os estomas em forma de botões. Na parte interna encontram-se órgãos móveis, como: intestino delgado, intestino grosso, bexiga e útero e fixos, como: fígado, pâncreas, rins, estomago, baço, diafragma pélvico e pelve, além das genitálias masculinas e femininas. Junto ao boneco tem-se alguns materiais extras, como: uma espécie de cinta modelável com desenho representando um abdomen demarcado para confecção do estoma, estoma de biscuit em formas variadas, roupas de enxoval hospitalar (com touca descartável) e roupas de uso diário (vestido, camiseta, calça e short), bolsa de estomia, além dos adjuvantes necessários para cuidado com estoma (pó de hidrocolóide, cinta). Sobre o processo de avaliação dos itens, a tecnologia teve IVC total de 0,92. No critério denominado “Objetivo foi avaliado se boneco estava adequado ao público alvo, se acessórios eram de fácil compreensão e se transmite com clareza o que a tecnologia propõe, teve IVC de 0,94. O critério “Aparência”, consistiu em verificar as características do boneco (se adequado para uso no ambiente de trabalho do público alvo, formas, cores, estruturas, tamanho e diferença de gênero e raça) e teve IVC total de 0,88. No que concerne a esse critério os juízes sugeriram algumas alterações, dentre elas: a substituição dos botões metálicos dos estomas por velcro, permitindo mais durabilidade; envolver o boneco em plástico filme, permitindo uma limpeza com álcool a 70% considerando o ambiente e o risco de infecção. O terceiro critério foi o “Conteúdo” teve IVC de 0,85 e consistiu em avaliar as características e conteúdos do manual de uso: se explica como boneco deverá ser utilizado quanto a demarcação do estoma, cuidados pré e pós-operatórios, autocuidado pós confecção do estoma. Considerando alguns aspectos apontados pelos juízes, o manual de uso passou por algumas alterações quanto às orientações dos cuidados no pós-operatório, permitindo orientações para prática do autocuidado. No que concerne ao critério “motivação” que os juízes avaliaram se a tecnologia instiga a mudanças de comportamento e atitude e se motiva o público alvo, obteve-se IVC de 1. Conclusão: “Doll Gill” foi desenvolvido e validado, sendo uma ferramenta de apoio nas consultas de enfermagem por estomaterapeutas para promover autocuidado a pessoas com estomia intestinal, contribuindo para o planejamento e melhoria da assistência prestada.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

ANDRADE DA COSTA, F. ., ALVES DE OLIVEIRA, B. ., BARROSO MARTINS, C. ., RACHEL DA CRUZ QUEIROZ, H. ., MATIAS LEITE, K. ., ALVES CHAGAS MENEZES, T. ., & MAMEDE VASCONCELOS CAVALCANTE, V. . (2023). CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCATIVA: BONECO ESTOMIZADO PARA PACIENTES EM PROCESSO E PÓS- CONFECÇÃO DE ESTOMIA INTESTINAL. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/875