ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM PARA A PESSOA COM ESTOMIA (RAEPE)

Autores

  • NILDETE VARGAS POZEBOM TELESSAUDERS
  • KARIN VIEGAS UFCSPA

Resumo

INTRODUÇÃO O contexto que envolve uma estomia (1) não altera apenas aspectos biológicos, pode muitas vezes resultar em morbidade psicológica e tem efeitos emocionais que afetam negativamente a qualidade de vida dos pacientes (1–3). Nessa perspectiva, os efeitos adversos de um estoma refletem nas relações familiares e sociais, no emprego e na atividade sexual dos pacientes (4). Esses sentimentos negativos podem ser reforçados por fatores socioeconômicos e culturais em que o indivíduo com estoma está inserido, podendo causar isolamento social e a sensação de mutilação (2). Desta maneira, a situação em que os pacientes se encontram quando recebem alta hospitalar demanda cuidados especiais. O atendimento ao paciente com estomia no Rio Grande do Sul (RS) acontece de maneira compartilhada entre Estado e município. O acesso é viabilizado via Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde é realizado o pré-cadastramento do usuário, mediante a documentação, no sistema de Gerenciamento do Usuário com Deficiência (GUD). Dessa forma os insumos de estomia são solicitados. As Coordenadorias Regionais de Saúde finalizam este cadastro e inicia a dispensação do material. Também é responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde (SES)/RS realizar o levantamento dos materiais cadastrados e quantidades dispensadas para fins de aquisição dos insumos (5). A consulta de enfermagem fica a cargo dos enfermeiros da Secretaria Municipal de Saúde, sendo organizada e priorizada de acordo com as determinações de cada município. O que provoca uma desigualdade na assistência prestada ao paciente com estomia. O objetivo desta pesquisa foi elaborar e avaliar um Roteiro de Avaliação de Enfermagem no Cuidado a Pessoa com Estoma cadastrados na Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul. MÉTODO Trata-se de uma pesquisa de implementação, também conhecida como Ciência da Melhoria do Cuidado de Saúde. Esse tipo de pesquisa auxilia na compreensão dos desafios a serem enfrentados pela realidade e como eles impactam no processo de trabalho. Esta proposta de sistematização da assistência de enfermagem ao paciente estomizado foi desenvolvida em colaboração com o DGAE -DAE/ Serviço de Estomias da Secretaria Estadual de Saúde do Reio Grande do Sul, bus=cando as melhores evidências disponíveis. A população que fará uso do instrumento são os enfermeiros que atuam no atendimento ao paciente com estomas intestinais cadastrados no sistema GUD (Gerenciamento do Usuário com Deficiência). O DEGAE tem como objetivo principal a organização das Redes de Atenção à Saúde Secundária e Terciária no Estado. O setor da SES é responsável pela habilitação de serviços de alta complexidade, do controle, avaliação e monitoramento dos serviços e do apoio técnico aos municípios e regionais (5). Para o processo de viabilização foi utilizada a ferramenta PDSA: Fase 1: Planejar - Justificativa: nortear o enfermeiro para a avaliação do paciente, registrando a consulta que alimentará os dados do sistema GUD com atualizações da situação de saúde do paciente e gerenciamento de estoque de materiais. Responsável: pesquisadora e o setor DGAE-DAE/SES. Local: Rio Grande do Sul. Prazo: dezembro 2022. Procedimentos: elaboração do RAEPE, em formato PDF (Portable Document Format). Recursos: internet, elaboração do documento. Fase 2: Fazer - Realizada validação com 14 especialistas estomaterapeutas e atuantes no cuidado a pessoa com estoma. O documento ainda aguarda a etapa de teste de aplicabilidade para posterior inserção no GUD. Fase 3: Estudar - Analisado o retorno dos juízes quanto ao conteúdo e layout do documento, acatado as possíveis melhorias e ajustes sugeridos. Fase 4: Agir - Elaboração do documento finalizado. Aguarda disponibilização no sistema GUD. O estudo seguiu as diretrizes da Resolução 466/12 e foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. RESULTADOS Conforme o planejamento metodológico proposto, facilitando sua compreensão. Fase Planejar - Desenvolvimento do Roteiro para Avaliação de Enfermagem do Paciente com Estoma. Aqui são apresentadas a ficha desenvolvida, que foi enviada para apreciação dos juízes. Fase Fazer – Por meio de grupo de whats app da seção RS da Sobest (Associação Brasileira de Estomaterapia) foi questionado quais profissionais que atuavam no atendimento de pessoas com estomas abdominais de eliminação e poderiam avaliar o instrumento RAEPE. O documento RAEPE foi encaminhado via e-mail para os juízes juntamente com o termo de consentimento livre e esclarecido e o questionário para avaliação do documento. Fase Estudar - Análise das modificações sugeridas pelos juízes Foram convidados 14 participantes para compor o grupo de juízes que avaliaram o roteiro para avaliação de enfermagem do paciente com estoma. Todos aceitaram participar. A escolha dos juízes deu- se por meio do grupo de Estomaterapia e que trabalham com pacientes estomizados. Como critério de inclusão: atuar como enfermeiro (assistencial ou gerencial) em unidade que atende paciente ostomizado há pelo menos um ano; ou ter especialização em estomaterapia. Os dados demográficos dos juízes são apresentados como seguem: sexo feminino N 14 (100%), idade (média e desvio padrão) 45,1 (± 9,9), maior nível de ensino: graduação 1 (7,1), especialização 10 (71,4), mestrado 2 (14,4), doutorado 1 (7,1). Anos de trabalho como enfermeiro: 4 a 10 anos, 5 (35,6), 11 a 20 anos 4 (28,6), 21 a 30 anos 2 (14,4), 31 a 36 anos 3 (21,4). Tempo de trabalho cuidando de pessoas estomizadas: 4 a 10 anos 9 (64,3), 11 a 20 anos 1 (7,1), 21 a 30 anos 2 (14,3), não responderam 2 (14,3). Vínculo na área de estomaterapia: assistencial 12 (85,7), administrativo 2 (14,3). Fase Agir - O roteiro final, foi disponibilizado por e-mail para os enfermeiros que trabalham no atendimento as pessoas com estomias em Estado do Rio Grande do Sul (RS), para posterior testagem. Aguarda retorno para disponibilização no sistema GUD. CONCLUSÃO O conteúdo do instrumento RAEPE subsidia as etapas de elaboração para o plano de cuidado do paciente com estomia intestinal, favorecendo a qualidade do cuidado. O mesmo permitirá a avaliação da pessoa com estomia por profissionais de enfermagem sem experiência de atuação na área, mas que estão próximos ao paciente na Atenção Primária em Saúde. Neste estudo, validou-se o conteúdo do instrumento denominado “Roteiro de Avaliação da Pessoa com Estomia (RAEPE)”. Na avaliação dos juízes todos os itens incluídos no instrumento obtiveram concordância acima de 80%. Com a aplicação na prática desta ferramenta haverá não somente a promoção de uma avaliação mais completa do estomizado, mas também um registro padronizado dos dados, fundamental para o desenvolvimento de novos estudos e projetos quanto aos diagnósticos de enfermagem e intervenções. Melhorar a assistência de enfermagem além de contribuir para a reabilitação do paciente, também contribui para o processo administrativo que gerencia o fornecimento de equipamentos e inicia o processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

VARGAS POZEBOM, N. ., & VIEGAS, K. . (2023). ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DO ROTEIRO DE AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM PARA A PESSOA COM ESTOMIA (RAEPE). Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/878