DERMATITE ASSOCIADA À INCONTINÊNCIA: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

Resumo

Introdução Pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) apresentam um perfil de saúde crítico e maior risco para o desenvolvimento de lesões de pele1. Dentre tais lesões, destacam-se aquelas relacionadas à umidade, internacionalmente conhecidas pelo termo Moisture-associated Skin Damage (MASD)1, sendo a Dermatite Associada à Incontinência (DAI) a mais comum delas1-5. A ocorrência de DAI causa dor, desconforto, aumento do tempo de internação e risco de infecção ao paciente, e maior custo com o tratamento ao serviço de saúde3-4. Objetivo e Método Estimar e analisar a prevalência pontual de DAI e os fatores demográficos e clínicos associados à sua ocorrência em pacientes adultos internados em UTIs. Trata-se de estudo transversal, observacional, retrospectivo realizado em três hospitais públicos universitários, de alta complexidade, localizados nas cidades de São Paulo e Campinas. A coleta de dados foi realizada a partir do banco de dados de um projeto de pesquisa que compôs um estudo multicêntrico, selecionando as informações referentes às variáveis demográficas, clínicas e de DAI dos 105 pacientes internados nas UTIs dos três hospitais. Os dados foram analisados por estatística descritiva e análise de associação bivariada por meio dos testes estatísticos Qui quadrado de Person e Teste exato de Fisher para as variáveis categóricas e os testes Teste t de Student e teste Wilcoxon-Mann-Whitney para as variáveis numéricas. O nível de significância estatístico adotado foi de 5% (p≤0,05). O cálculo de prevalência pontual foi realizado considerando o número de pacientes com DAI em relação ao total de pacientes incluídos no estudo x 100. O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição proponente. (CAAE: nº 24486719.1.0000.5392). Resultados Dos 105 pacientes, houve predomínio do sexo masculino (58/55,24%) e média de idade de 55,76 (DP 16,39). O tempo médio de internação na UTI foi de 23,70 dias (DP=119,97), sendo as admissões cirúrgicas e de urgência as mais frequentes, com 34,29% cada uma delas. Com relação à presença de Incontinência, da amostra total, 8 (7,62%) pacientes apresentavam incontinência anal, 2 (1,90%) apresentavam incontinência urinária e 1 (0,95%) apresentava incontinência mista; 73 (69,52%) pacientes utilizavam algum dispositivo para incontinência no dia do estudo, sendo que 94 (89,52%) pacientes faziam uso de fraldas. Dos 105 pacientes, 10 apresentaram DAI, perfazendo uma prevalência pontual de 9,52%. Dos 10 pacientes que apresentaram DAI, 8 eram provenientes da Instituição A, perfazendo uma prevalência de 12,70% (8/63 pacientes) e 2 casos de DAI foram identificados na instituição C, o que determina uma prevalência de 6,25% (2/32 pacientes). Não houve casos de DAI na Instituição B (10 pacientes) no dia da coleta de dados. O fator associado à DAI foi o tipo de admissão hospitalar, destacando-se a admissão por trauma (p = 0,02). Conclusão A prevalência pontual de DAI no presente estudo foi de 9,52% e o fator associado à sua ocorrência foi o tipo de admissão. A DAI é considerada uma condição evitável e deve ser adequadamente manejada para proporcionar uma assistência de qualidade.