SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA INCONTINÊNCIA FECAL NO MANEJO DE "SKIN FAILURE" NO PACIENTE COM COVID-19: ESTUDO DE CASO

Autores

  • Talita dos Santos Rosa EEUSP - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (SÃO PAULO -SP)
  • Aline de Oliveira Ramalho EEUSP - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (SÃO PAULO -SP), HSL - Hospital Sírio-Libanês (SÃO PAULO -SP)
  • Eliane Mazocoli HSL - Hospital Sírio-Libanês (SÃO PAULO -SP)
  • Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos EEUSP - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (SÃO PAULO -SP)
  • Paula Cristina Nogueira EEUSP - Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (SÃO PAULO -SP)

Palavras-chave:

covid-19, incontinência fecal, skin failure

Resumo

INTRODUÇÃO: Skin Failure ou falência aguda da pele, são lesões decorrentes da hipoperfusão tecidual, geralmente desenvolvida em períodos críticos e de instabilidade hemodinâmica, e comumente são confundidas com lesões por pressão (LP)1,2 Quando em região sacral/glútea, as feridas tornam-se um desafio para o Estomaterapeuta, pois a manutenção do curativo é prejudicada pela presença de incontinência urinária e/ou fecal (IF)3. No paciente crítico com COVID-19 a incontinência IF/diarréia é um achado comum4, e seu manejo pode ser complexo. O sistema de gerenciamento para incontinência fecal (SGIF) é uma maneira eficaz de manter ou melhorar a integridade da pele perianal e glútea, além de promover economia de recursos e diminuição da carga de trabalho5.

OBJETIVO: Descrever o uso de um SGIF, como método auxiliar no tratamento de Skin Failure, após reconstrução cirúrgica com retalho miocutâneo. MÉTODO: Trata-se de um estudo observacional descritivo, retrospectivo, do tipo relato de caso. A coleta de dados ocorreu em prontuário, no período de 23 de março a 04 de setembro de 2020. O local de estudo foi um hospital particular, de grande porte, em São Paulo e foi extraído do estudo aprovado no comitê de ética, sob o número 38930920.7.0000.5461.

RESULTADOS: A.Z, 76 anos, internado em unidade de terapia intensiva por síndrome do desconforto respiratório agudo, relacionada a infecção por COVID-19. Comorbidades: hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca obstrutiva, diabetes mellitus, dislipidemia, hipotireoidismo e obesidade. Evoluiu com quadro clínico grave e injúria renal aguda. Submetido à ventilação mecânica não invasiva e drogas vasoativas. Durante os primeiros quinze dias de internação apresentou inúmeras labilidades hemodinâmicas. Apresentou durante este período de gravidade lesão com característica isquêmica na região sacral, definida inicialmente como lesão por pressão tissular profunda, porém, foi reclassificada como Skin Failure. A lesão evoluiu, acometendo camadas mais profundas dos tecidos, como músculo e osso, necessitando de desbridamento cirúrgico e reconstrução, através de retalho miocutâneo extenso. Devido à IF prévia, com 4 a 7 episódios de evacuações ao dia, apresentava risco para complicações da cicatrização do retalho, tanto pela contaminação, quanto pelo excesso de mobilizações no paciente, além do difícil gerenciamento da umidade na pele. Foi discutido com equipe multiprofissional estratégias de desvio fecal, sendo indicado o uso do SGIF. Este foi mantido por 28 dias, momento em que foi considerada a cicatrização completa do retalho.

Conclusão: Este estudo ressalta a importância da atuação multiprofissional e do estomaterapeuta na tomada de decisão, sendo excepcional sua percepção, mesmo em feridas com abordagem cirúrgica. Nesse contexto, o SGIF, embora seja pouco difundido no Brasil, contribuiu com o sucesso da intervenção cirúrgica, com consequente redução de troca de curativos, diminuição de custos e menor sobrecarga da equipe de enfermagem, ao diminuir as trocas de fraldas e procedimentos de higiene íntima, culminando na cicatrização completa da lesão.

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Referências

- Dalgleish L, etal. Acute Skin Failure in the Critically Adult Population: A Systematic Review. Adv Ski Wound Care. 2020,Feb1;33(2):76–83.

- Kim JH, etal. A case of acute skin failure misdiagnosed as a pressure ulcer, leading to a legal dispute. Arch Plast Surg.2019,46:75–8.

- Sandy-Hodgetts K, et al. International best practice recommendations for the early identification and prevention of surgical wound complications. Wounds International.2020

- Lin L, et al. Gastrointestinal symptoms of 95 cases with SARS-CoV-2 infection. Gut.2020;69(6):997-1001.

- Padmanabhan A, etal. Clinical Evaluation of a Flexible Fecal Incontinence Management System. American Journal of Critical Care,2007;16(4):384-393.

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Publicado

2020-12-11

Como Citar

Rosa, T. dos S., Ramalho, A. de O., Mazocoli, E., Santos, . V. L. C. de G., & Nogueira, P. C. (2020). SISTEMA DE GERENCIAMENTO DA INCONTINÊNCIA FECAL NO MANEJO DE "SKIN FAILURE" NO PACIENTE COM COVID-19: ESTUDO DE CASO. Congresso Paulista De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cpe/article/view/20