PREVALÊNCIA DE ÚLCERA DA PERNA DECORRENTE DA DOENÇA FALCIFORME EM MINAS GERAIS
Palavras-chave:
Anemia Falciforme, Úlcera da perna, Prevalência, EstomaterapiaResumo
Abstract INTRODUÇÃO: úlceras da perna são uma das complicações da doença falciforme (DF), sua prevalência varia com a idade, tipo de doença e geograficamente 1, sendo 18,6% em Ghana, 3,5% na Itália e 2,4% nos Estados Unidos 2. Em Minas Gerais (Brasil), um pequeno estudo com pessoas com DF identificou uma prevalência de úlceras da perna de 5% 3. OBJETIVO: estimar a prevalência de pessoas com úlceras da perna decorrente da DF no estado de Minas Gerais. MÉTODO: estudo transversal, com realização do censo da população, tendo como referência 5.379 pessoas com DF, maiores de 18 anos e cadastradas nos 11 centros da Fundação Hemominas distribuídos em Minas Gerais. O projeto foi aprovado pelos Comitês de Ética em Pesquisa nos pareceres n° 08052818.3.0000.5149 e 08052818.3.3001.5118. RESULTADOS: a prevalência estimada de úlcera da perna decorrente da DF em Minas Gerais foi de 1,4%. Dos participantes do estudo, 88,9% eram naturais de Minas Gerais, 54,2% solteiros, 48,6% se declararam negros e outros 48,6% pardas, com idade média de 39 anos (mínimo de 18 e máximo de 64), 72,2% residiam em casa própria, 88,9% tinham água tratada, 75%, rede de esgoto e 87,5% coleta de lixo. Dos entrevistados, 36,1% eram aposentados, 61,1% tinham renda de um salário mínimo, a mediana de anos de estudo foi de 10,5 (Quartil 1 = 5,00 e Quartil 3 = 11,00), 50% tinham ensino médio completo e 2,8% ensino superior completo, 29,2% relataram as repercussões clínicas da doença como o principal motivo para interrupção dos estudos. Quanto às atividades de lazer, 50% citaram a igreja como atividade preferencial e 41,7% assistir televisão. Em relação às variáveis clínicas, a DF do tipo HbSS, 91,7%, foi predominante, 80,6% não ingeriam bebida alcoólica e 79,2% negaram tabagismo. A úlcera era única em 59,7% das pessoas, 77,8% das úlceras ativas eram redicivantes e a mediana do tempo de existência da úlcera foi de 3 anos (Quartil 1 = 0,53 e quartil 3 = 7,7). CONCLUSÃO: a prevalência estimada foi inferior aos dados identificados na literatura, entretanto, o número de recidiva e o tempo de existência da úlcera eram elevados, dados que devem ser investigados em novos estudos.
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Referências
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