AVALIAÇÃO DE UM MODELO DE FERIDA CUTÂNEA COM BIOFILME DE PSEUDOMONAS AERUGINOSA EM CAMUNDONGOS
Palavras-chave:
Biofilmes, Pseudomonas aeruginosa, Cicatrização, Enfermagem Baseada em evidências, EstomaterapiaResumo
INTRODUÇÃO: a complexidade dos biofilmes bacterianos e as limitações do seu manejo na prática clínica requerem o desenvolvimento de modelos experimentais para o estudo do comportamento desses microrganismos em vivos, de forma a amparar o gerenciamento desses microrganismos na prática clínica. O modelo experimental de ferida cutânea com biofilme de Pseudomonas aeruginosa torna-se um importante instrumento de identificação do biofilme e de avaliação de novas possibilidades terapêuticas para o processo de cicatrização de feridas crônicas.
OBJETIVO: construir e validar um modelo experimental de ferida cutânea excisional com biofilme de Pseudomonas aeruginosa em camundongos.
MATERIAL E MÉTODO: trata-se de estudo pré-clínico, de natureza quantitativa e translacional. Utilizaram-se camundongos C57BL/6 saudáveis, com idade entre 8 e 12 semanas e peso entre 20 e 30g. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos denominados como controle (Pbs) e intervenção (Pa). O perfil de formação e indução do biofilme foi avaliado por meio da cinética de fechamento das feridas, cultura quantitativa das feridas, quantificação de leucócitos no sangue periférico e avaliação das feridas por meio da microscopia eletrônica de transmissão (MET). As análises estatísticas foram realizadas por meio do software GraphPad Prism versão 6.0 e os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média. Consideraram-se significantes os valores de p RESULTADOS: a carga bacteriana segura para indução da infecção com P. aeruginosa e sobrevivência dos animais foi 104 UFC/mL. A avaliação da cinética de fechamento e da área das feridas demonstrou que, no tempo de 5 e 7 dias, os animais do grupo Pa tiveram um retardo no processo de cicatrização,
estatisticamente significativo, quando comparado ao grupo Pbs. Macroscopicamente, observou- se que as feridas do grupo Pa foram recobertas, de forma parcial ou em sua totalidade, por tecido necrótico de aspecto amarelo, úmido e espesso até o 10º dia dos experimentos. Houve maior variação ponderal nos animais do grupo Pa comparados ao grupo Pbs, sendo estatisticamente significante no tempo de 5 dias, entretanto, apesar de ambos os grupos sofrerem perda ponderal acentuada, não houve diferença estatisticamente significativa. As diferenças observadas na cultura das feridas no tempo de 5 e 7 dias e a quantificação global e diferencial dos leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, linfócitos, basófilos e monócitos) não foram significativas neste estudo. Na avaliação das feridas pela MET não foi possível identificar a presença de bactérias em sua forma planctônica ou do biofilme bacteriano.
CONCLUSÃO: a carga bacteriana utilizada para indução da infecção nas feridas foi segura para garantir a sobrevivência dos animais e a colonização destas, confirmada pelo retardo do processo de cicatrização e ausência de infecção sistêmica nos animais do grupo intervenção. Entretanto, a avaliação por meio da MET não detectou a presença do biofilme ou da Pseudomonas em sua forma planctônica nas feridas investigadas. Tal fato demonstra a necessidade de ajustes na técnica empregada para a MET de modo a garantir a identificação do biofilme para validação do modelo de feridas infectadas proposto.
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Referências
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