ATITUDES FRENTE AO DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ASSOCIAÇÃO COM O CONTROLE GLICÊMICO
Resumo
Introdução: Considerado um grande problema de saúde pública, tem-se o Diabetes Mellitus (DM), caracterizado por ser uma condição incapacitante e configurado como a 9ª principal causa de morte em âmbito mundial.¹ Sabe-se que o controle do DM envolve diversos fatores, em especial ao estilo de vida hodierno e não sadio. Para avaliação da aderência terapêutica e acompanhamento glicometabólico de indivíduos com DM, utiliza-se o marcador bioquímico, hemoglobina glicada (HbA1c), tipificada pela fidedignidade e maior conveniência clínica.2 Diante das singularidades da condição descrita, destaca-se a necessidade de estratégias multifatoriais de cuidados e acompanhamento longitudinais - ações tangentes a Atenção Primária à Saúde (APS) - visando adoção de melhores hábitos cotidianos de forma consciente, que influenciem positivamente em suas atitudes.3 A atitude que o indivíduo apresenta diante do DM, reflete na forma com que o mesmo desempenha a manutenção desta condição. Objetivo: Investigar a associação entre as variáveis clínicas e sociodemográficas e as atitudes das pessoas frente ao DM. Método: Trata-se de um estudo transversal, realizado com indivíduos que apresentam DM da APS. A coleta de dados foi executada através de entrevistas, avaliações clínicas e de exames laboratoriais, apresentando tamanho amostral de 1077 pessoas. Os valores de HbA1c foram retirados do laboratório público do município e a avaliação da atitude dos participantes frente ao DM, foi realizada através do questionário Diabetes Attitude Questionnaire (ATT-19), validado para o Brasil.4 O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE 45582021.8.0000.5545, sendo seguido as recomendações para a pesquisa com seres humanos. Resultados: Perante análise das condições clínicas dos participantes do estudo, observou-se prevalência de obesidade em 49,9% dos adultos e sobrepeso/obesidade em 61,9% dos idosos, mau controle da HbA1c para 13,9% dos adultos e 20% dos idosos. Por meio do teste de Mann-Whitney foi realizado a comparação da mediana dos escores de atitude avaliados por meio da escala ATT-19, sendo observado diferença significativa na mediana dos escores de atitude em função da HbA1c, tanto em adultos (p=0,001) quanto em idosos (p=0,001), bem como em função do sexo (p< 0,001). Em relação à escolaridade, pessoas com ensino maior ou igual ao ensino fundamental completo apresentaram maiores medianas dos escores de atitude (65Md), com diferença significativa (p=0,003). Na variável renda, observou-se diferença significativa (p<0,001) entre até 2 salários-mínimos (64Md) e acima de 2 salários-mínimos (65,5Md). Verificou-se diferença estatística (p=0,015) na mediana dos escores de atitudes frente a presença do risco da Doença do Pé Relacionado ao Diabetes Mellitus (DPRDM). Conclusão: As pessoas com melhor controle glicêmico, sexo masculino, maior escolaridade, melhor renda e com maior risco para DPRDM apresentam melhor atitude frente ao DM. Contribuição para estomaterapia: No que tange os cuidados de enfermagem perante aos indivíduos com DM, o estudo em questão torna-se significante haja visto a relevância de compreender a associação entre as variáveis citadas e desempenhar capacitações profissionais acerca da problemática, prevendo uma assistência de excelência.