ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO ESTOMATERAPEUTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES REALIZADAS NO COTIDIANO DE TRABALHO

Abstract

Introdução: As lesões cutâneas estão relacionadas à impactos físicos, psíquicos, sociais e econômicos aos indivíduos e se configuram como um motivo de busca por atendimento comum nos serviços de Atenção Primária à Saúde (APS). O manejo dessas condições envolve a oferta de cuidado ampliado e realizado pela equipe multiprofissional, com destaque para atuação e protagonismo da equipe de enfermagem(1,2,3). Recentemente, no município de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde implantou os polos de prevenção e tratamento de lesões que visam organizar a linha de cuidado dos usuários com lesões cutâneas na rede de atenção à saúde(3) . Estes polos contam com a presença do enfermeiro especialista (Estomaterapeuta ou Dermatologista), responsável por avaliar e prescrever a conduta a ser realizada pelos profissionais de referência além de compartilhar saberes e práticas com as equipes de APS. Por se tratar de um serviço recente no município, a descrição precisa das atividades e distribuição do tempo dispendido entre os cuidados diretos e indiretos realizados por estes profissionais, podem oferecer subsídios para o planejamento da força de trabalho.

Objetivo: descrever as atividades realizadas e o tempo despendido pelo enfermeiro estomaterapeuta em um serviço de APS. Método: trata-se de um estudo observacional, transversal, descritivo, realizada em um polo de prevenção e tratamento de lesões localizado em uma UBS da região sul do município de São Paulo. Para a coleta de dados, utilizou-se a técnica time motion, no qual foi realizada a observação de uma semana típica de trabalho de um enfermeiro estomaterapeuta. Para análise dos dados, foram empreendidas análises descritivas. Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob o número CAAE: Parecer no 4.746.712/2021. Destaca- se que a condução do estudo foi realizada em conformidade com a Resolução no 466/2012, que regulamenta a pesquisa com seres humanos. Resultados: foram observadas 44,7 horas da rotina de trabalho do enfermeiro. Durante esse período, as intervenções com maior frequência e o tempo despendido foram, respectivamente 1) procedimentos ambulatoriais (tempo médio de 31 minutos); 2) documentação (tempo médio de 30 minutos); 3) troca de informações sobre cuidados de saúde e/ou serviço de saúde (tempo médio de cinco minutos); 4) atividade associada (tempo médio de dois minutos); 5) organização do processo de trabalho (tempo médio de seis minutos). Conclusão: os achados fornecem um panorama das intervenções/atividades realizadas e como elas se distribuem no tempo de trabalho do enfermeiro estomaterapeuta, o que pode fomentar reflexões sobre as práticas envolvidas no cotidiano laboral e a discussão acerca do planejamento da oferta de cuidado à população.