CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO BIOFILME EM FERIDAS COMPLEXAS

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • KARINE BASTOS PONTES SAMPAIO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • SILVANIA MENDONÇA ALENCAR ARARIPE INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • ANA DEBORA ALCANTARA COELHO BOMFIM INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • CARLOS ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • DÉBORA TAYNÃ GOMES QUEIROZ INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • KARLA ANDREA DE ALMEIDA ABREU INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • MARCIA VITAL DA ROCHA INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • RICARDO COSTA DE SIQUEIRA HOSPITAL DISTRITAL GONZAGA MOTA

Resumo

Introdução: O trauma é responsável por 5,8 milhões de óbitos por ano no mundo. As vítimas hospitalizadas podem desenvolver feridas traumáticas complexas de difícil cicatrização. As lesões de difícil cicatrização acometem 5% da população adulta no mundo ocidental e, comumente, apresentam microorganismos.1 Tal fato se deve ao surgimento de biofilmes no leito da ferida, que não são suficientemente controlados pelo sistema imunológico, havendo o prejuízo no processo cicatricial.2 Os biofilmes são definidos por microrganismos ligados uns aos outros ou a uma superfície, reclusos em uma matriz de substância polimérica extracelular, formando um mecanismo de resistência e sobrevivência.3 Consensualmente o cuidado com feridas e a execução de curativos são práticas rotineiras, sendo uma competência reconhecida do enfermeiro, porém este carece de conhecimentos teóricos baseados em evidências científicas para assegurar a qualidade assistencial, bem como intervenções preventivas.4 Atendendo em um hospital terciário da rede pública que é referência Norte e Nordeste no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, como fraturas múltiplas, lesões vasculares e neurológicas graves, enfermeiros estomaterapeutas, pertencentes a Comissão Interdisciplinar de Tratamento de Feridas do referido hospital, atuantes no cuidado de pessoas com feridas extensas agudas e crônicas e ainda preparando as lesões juntamente com as equipes para procedimentos como enxerto de pele e retalho realizados pela equipe da cirurgia plástica assim como acelerando o processo cicatricial para intervenção da equipe da traumatologia no reparo ósseo, observaram em seus atendimentos, índices elevados de feridas complexas com biofilmes. Outra atribuição realizada pela estomaterapia é a promoção de atividades educativas executando treinamentos dos profissionais que prestam assistência aos pacientes com lesões. Desta forma, buscando atender a necessidade de um cuidado sistematizado na assistência prestada nas unidades de internação, evitando assim, o uso inadequado dos produtos aplicados e ampliando a compreensão para a realização de uma abordagem mais direcionada durante a intervenção, criaram um protocolo específico para a instituição no qual por meio deste foram elencadas intervenções para a prevenção e tratamento de biofilme em feridas. A inquietação dos estomaterapeutas levou a capacitação em serviço que por meio da utilização da tecnologia leve dura sensibilizou a equipe de enfermagem quanto as ações propostas pelo protocolo para a limpeza, higienização, uso de coberturas e o desenvolvimento de um olhar criterioso para o melhor manejo durante o cuidado prestado. Assim, o estudo justifica-se pela necessidade de atualização das equipes no manuseio das feridas com biofilme, pois entende-se que a redução microbiana na superfície otimiza o processo de cicatrização. Portanto, torna-se relevante para o profissional por desenvolver um trabalho de qualidade e aperfeiçoar o cuidado com o paciente, além de transmitir o conhecimento da utilização consciente das tecnologias trazendo benefícios quanto a compreensão dos envolvidos afim de alcançar resultados positivos em todo o processo. Objetivo: Relatar a experiência da capacitação realizada in loco com os profissionais de Enfermagem para o manejo adequado no tratamento do biofilme em feridas. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, que consiste na descrição que um autor ou uma equipe fazem de uma vivência profissional tida como exitosa ou não, mas que contribua com a discussão, a troca e a proposição de ideias para a melhoria do cuidado na saúde,5 acerca da capacitação in loco dos profissionais de enfermagem nas unidades selecionadas, traumatológica e clínica cirúrgica, que são as que apresentam o maior quantitativo de feridas complexas com biofilme, em um hospital de urgência e emergência referência em trauma em Fortaleza-Ceará-Brasil. O treinamento foi realizado no período de junho a setembro de 2022, sendo incluídos os profissionais das unidades escolhidas que atuam no manejo de feridas e trabalham no período diurno. A capacitação foi feita de acordo com o quantitativo e disponibilidade em escala do plantão do dia sendo a discussão com duração em torno de uma hora cada encontro não interferindo no horário de trabalho dos partícipes. Foram excluídos aqueles com licença, férias e os que trabalham somente aos finais de semana. Como preparativo de todo o processo, foi realizado um estudo bibliográfico para atualização das condutas diante das lesões identificadas com o biofilme, assim sendo criado o Protocolo de Gerenciamento do Biofilme em Feridas Complexas, que se encontra disponível em meio eletrônico interno da referida instituição para consultas enquanto dúvidas das ações a serem desenvolvidas pelos habilitados. Utilizou-se como abordagem a tecnologia leve-dura com exposição por meio de slides que serviu como guia do conteúdo a ser apresentado, trazendo a conceituação e as orientações para o manejo das lesões com biofilme. Os presentes previamente responderam questões alusivas ao tema e as respostas nortearam e conduziram no desenvolvimento do palestrante quanto ao avanço do conteúdo programático que foi embasado no protocolo Institucional para prevenção e tratamento de biofilme. Ao longo da explanação teórica, foram demonstradas imagens de lesões para que pudessem identificar no leito a presença da biopelícula, assim como diferenciar alguma anormalidade que possa retardar a cicatrização. Resultado: Em dois meses foram capacitados trinta e quatro profissionais. As aulas aconteceram in loco e a cada explanação foram aplicadas questões alusivas ao assunto o que levou os participantes a dúvidas e a necessidade de entendimento quanto as condutas na abordagem do cuidado em cada ação. As principais dúvidas relacionavam-se ao reconhecimento das características do biofilme, a realização da higienização no leito da ferida, desbridamento, gerenciamento do espaço morto e utilização dos antimicrobianos disponíveis. Ao longo da explanação teórica foram esclarecidas as dúvidas e ao finalizar a aula os profissionais foram reavaliados e constatou-se entendimento e aproveitamento em 90% dos participantes. O treinamento foi de grande importância devido a notória melhoria na qualidade da assistência aos pacientes do referido hospital. Conclusão: Os dados revelaram que a capacitação in loco se torna mais proveitosa assegurando uma maior atenção dos envolvidos, que satisfeitos por ampliarem seus conhecimentos sobre um tema tão atual no cuidado com as feridas, ajudou a desenvolvê-los para um raciocínio clínico e uma autonomia na assistência com empoderamento para discussão junto da equipe multidisciplinar por identificar precocemente as infecções nas lesões e evitar complicações que possam levar a cronificação da lesão, o que trouxe benefícios ao paciente em seu tratamento durante a sua hospitalização.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

BASTOS PONTES SAMPAIO, K. ., MENDONÇA ALENCAR ARARIPE, S. ., DEBORA ALCANTARA COELHO BOMFIM, A. ., ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI, C. ., TAYNÃ GOMES QUEIROZ, D. ., ANDREA DE ALMEIDA ABREU, K. ., VITAL DA ROCHA, M., & COSTA DE SIQUEIRA, R. . (2023). CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM PARA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO BIOFILME EM FERIDAS COMPLEXAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/884