O CUIDADO ESTOMATERAPÊUTICO COM ENFOQUE NA SEXUALIDADE DE MULHERES LÉSBICAS ESTOMIZADAS: LACUNAS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA E IMPLICAÇÕES PARA UM CUIDADO HUMANIZADO.
Abstract
Introdução As necessidades de saúde de mulheres lésbicas ainda são pouco reconhecidas nos serviços de saúde e na literatura científica, contribuindo para barreiras no acesso a um cuidado integral, qualificado e livre de discriminação. Essa negligência se torna ainda mais crítica em áreas especializadas como a estomaterapia, que lida com intervenções que impactam diretamente aspectos íntimos da vida dos indivíduos, como sexualidade, autoimagem e relações afetivas¹,². Embora exista uma produção significativa sobre a qualidade de vida de mulheres estomizadas, ela costuma partir da perspectiva heteronormativa, ignorando outras orientações sexuais e seus impactos nas relações afetivas, nas práticas sexuais e na forma de vivenciar o próprio corpo após a estomia. Mulheres lésbicas estomizadas enfrentam desafios específicos, como a invisibilidade de sua orientação sexual no atendimento, a ausência de uma linguagem inclusiva, o despreparo profissional para compreender as dinâmicas desse grupo, o receio de discriminação e a escassez de acolhimento que dialogue com sua realidade. Avançar no cuidado de mulheres lésbicas estomizadas é essencial não só para preencher uma lacuna científica, mas para garantir um atendimento equitativo e sensível às suas especificidades. Replicar abordagens gerais desconsidera suas experiências afetivas, corporais e sexuais, e a ausência desse recorte compromete a qualidade e a humanização do cuidado estomaterapêutico. Objetivo Analisar a literatura existente sobre o cuidado estomaterapêutico a partir da perspectiva da sexualidade, com ênfase nas vivências, demandas e necessidades específicas de mulheres lésbicas estomizadas. Método Trata-se de uma revisão integrativa³, realizada nas bases SciELO, LILACS e PubMed, utilizando os descritores “estomaterapia”, "enfermagem", “estoma cirúrgico”, “sexualidade” e “lésbicas”, todos validados no DeCS/MeSH e combinados com operadores booleanos. Foram incluídas publicações dos últimos dez anos, entre 2015 e 2025, em língua portuguesa, que abordassem aspectos da sexualidade no contexto da estomia, excluindo estudos focados exclusivamente no público masculino. Resultados A análise preliminar evidenciou uma escassez significativa de estudos que abordem diretamente a interseção entre estomaterapia, sexualidade e mulheres lésbicas. Os trabalhos direcionam-se majoritariamente à população heterossexual, o que evidencia um vazio científico no reconhecimento da diversidade sexual no cuidado em estomaterapia. Na base PubMed, não foram identificados estudos relacionados à temática. Já na SciELO, localizou-se o artigo “Sexualidade de pessoas com estomias intestinais”?, e na LILACS, a pesquisa “Vida e sexualidade de mulheres estomizadas: subsídios à enfermagem”?. Embora ambos tragam contribuições relevantes sobre a sexualidade de pessoas estomizadas, nenhum deles aborda a realidade das mulheres lésbicas de forma específica. Esses trabalhos também apontam para obstáculos como a ausência de linguagem inclusiva, o despreparo dos profissionais e a negligência em relação à diversidade sexual no atendimento clínico. Conclusão Conclui-se que a invisibilidade das mulheres lésbicas na literatura científica sobre estomaterapia compromete a integralidade, equidade e a qualidade do cuidado ofertado. A predominância de uma abordagem centrada no público heterossexual e masculino revela uma lacuna crítica de conhecimento e formação profissional. Este cenário reforça a urgência de ampliar a produção científica que contemple a interseccionalidade entre gênero, orientação sexual e condição clínica, promovendo práticas mais inclusivas, sensíveis e humanizadas no campo da estomaterapia.Downloads
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Published
2025-10-01
How to Cite
Maia, D. C. (2025). O CUIDADO ESTOMATERAPÊUTICO COM ENFOQUE NA SEXUALIDADE DE MULHERES LÉSBICAS ESTOMIZADAS: LACUNAS NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA E IMPLICAÇÕES PARA UM CUIDADO HUMANIZADO. Brazilian Congress of Stomatherapy. Retrieved from https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/1976
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Artigos