PERCEPÇÕES DE PESSOAS COM ESTOMIA SOBRE SUA TRAJETÓRIA DE VIDA APÓS O PROCESSO DE ESTOMIZAÇÃO
Abstract
INTRODUÇÃO: A estomia é um procedimento cirúrgico que cria o estoma, um orifício na parede abdominal ou na traqueia, de maneira definitiva ou provisória permitindo a comunicação do meio interno do corpo com o meio externo. A cirurgia é feita como recurso para proporcionar a sobrevida do paciente. Estima-se que existam no Brasil mais de 400 mil pessoas estomizadas. Os casos predominantes são as estomias intestinais de eliminação, do tipo colostomia, definitivas e indicadas quando alguma parte do intestino apresenta disfunção ou lesão. O perfil predominante das pessoas com estomia constitui-se por mulheres acima de 60 anos, sendo o câncer colorretal a principal causa cirúrgica(1). O Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, classifica a estomia como deficiência física. Assim, o indivíduo submetido a esse tipo de procedimento passa a integrar o grupo das pessoas com deficiência, vivenciando novas dimensões de experiência corporal, emocional e social. A principal motivação para o desenvolvimento deste estudo decorre, além da vivência pessoal como pessoa com estomia, da constatação da escassez de investigações da atuação da Psicologia no campo da estomia. Diante desse panorama, coloca-se a questão norteadora: Como as pessoas com estomia percebem as mudanças vivenciadas após o processo de estomização, enquanto pessoas com deficiência? OBJETIVO: Refletir sobre as percepções das pessoas com estomia e sua vivência após o processo cirúrgico de estomização, sob as perspectivas da psicologia e da bioética. MÉTODO: Este estudo consiste em uma revisão documental. É um recorte do projeto de dissertação de mestrado. Para sua elaboração, foram analisados 46 artigos selecionados dentre os 120 que compõem o conjunto de referências do projeto original. Foram estabelecidas duas categorias: Vivência da estomia e Legislação e rede de apoio. Vivência da estomia: Após a cirurgia, a perda do controle esfincteriano e a dependência imposta pela bolsa coletora podem comprometer a sensação de autonomia. No período pós-operatório surge a necessidade de adaptação às alterações da imagem do próprio corpo. Trata-se de mudanças que podem ocasionar depressão, baixa autoestima e sentimentos de raiva, invalidez e incapacidade, entre outros, que podem gerar uma série de obstáculos na reintegração e ajustamento à vida familiar, social e laborativa. A estomização pode se apresentar ao indivíduo como uma mutilação incompatível com a vida social, profissional e até mesmo familiar. A redução da autoestima, provocada pela nova condição corporal, pode levar ao desenvolvimento de quadros depressivos e até mesmo ideações suicidas(2) . A pessoa que se depara com a necessidade de realização de uma estomia, pode vivenciar grandes desafios psicossociais à adaptação à nova condição. A vivência da estomia, transforma a percepção que o indivíduo tem de seu próprio corpo(3). A concepção de corporeidade é retomada na Bioética de Intervenção, que articula o corpo individual com o corpo social(4) . Legislação e Rede de apoio: A rede de apoio é elemento fundamental no processo de cuidado à pessoa com estomia e desenvolvimento de sua autonomia, através da assistência clínica, apoio psicológico e educação em saúde. A rede social de apoio constituída pela família, amigos e profissionais de saúde são fundamentais no que tange ao suporte emocional, material e nas atividades diárias, podendo ser considerados fortes aliados no enfrentamento dos obstáculos que surgem com o adoecimento. A presença do estoma reduz a autoestima, dificulta as relações sociais do indivíduo, entretanto, os pacientes que recebem acompanhamento da equipe de saúde e apoio familiar adequado, podem apresentar melhor qualidade de vida. No campo da bioética, o artigo 3º da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos estabelece que a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais devem ser respeitados integralmente. A Portaria nº 793, de 24 de abril de 2012, instituiu a Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, e a Portaria nº 400, de 16 de novembro de 2009, assegura atenção integral às pessoas com estomia no âmbito da Atenção Básica. O setor de estomias integra a Rede de Atenção à Saúde (RAS), onde destaca-se a importancia do enfermeiro estomaterapeuta. Sua atuação abrange todo o processo da estomização, desde o momento de sua indicação até o pós-operatório imediato e fase ambulatorial de acompanhamento. Além disso, ele atua como educador, orientando o paciente para o tratamento e autocuidado(5). RESULTADOS: O recebimento do estoma necessita de preparação e atendimento tanto multisciplinar como interdisciplinar. O conhecimento sobre a rede social de apoio é importante para o cuidado às pessoas com estomias.Downloads
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Published
2025-10-01
How to Cite
Reis, M. M., Pereira, L. A., & Zanella, D. C. (2025). PERCEPÇÕES DE PESSOAS COM ESTOMIA SOBRE SUA TRAJETÓRIA DE VIDA APÓS O PROCESSO DE ESTOMIZAÇÃO. Brazilian Congress of Stomatherapy. Retrieved from https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2321
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Artigos
