CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE CUIDADOS COM A PELE DE PACIENTES ADMITIDOS EM TERAPIA INTENSIVA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução: Os cuidados com a pele são de extrema importância no ambiente hospitalar, especialmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por se tratar de uma área com maior risco para o desenvolvimento de lesões por pressão (LP).Além do impacto financeiro, as LP afetam negativamente os pacientes física, social e psicologicamente e estão associadas ao aumento da morbidade e mortalidade. (1,2,3) Neste relato de experiência, descrevemos a construção e implementação de um protocolo assistencial de cuidados com a pele de pacientes admitidos em UTI com base em evidências científicas atualizadas, práticas clínicas consolidadas e a expertise da equipe de enfermeiros. Objetivo: relatar a experiência da construção e implementação de um protocolo assistencial de cuidados com a pele de pacientes admitidos em uma UTI de um hospital público. Método: relato de experiência. Em fevereiro de 2022, enfermeiros do grupo de trabalho “Cuidados com a pele” reuniram-se e debateram sobre o desenvolvimento de um descritivo de cuidados com a pele, tendo como norteadores o exame físico e a pontuação da Escala de Braden aplicada ao paciente admitido na UTI. Após, foram construídas consultorias padronizadas de prevenção de feridas e estruturado um guia de recomendações de coberturas para auxiliar os enfermeiros à beira do leito na indicação de tratamentos. Todo o material construído foi submetido à discussão e aprovação pelo grupo. No mês subsequente, o grupo capacitou os enfermeiros intensivistas do hospital em questão sobre o novo protocolo assistencial e a operacionalização desse. Resultados: construíram-se consultorias padronizadas a serem adotadas na prescrição de enfermagem com cuidados e coberturas em consonância com a classificação de risco identificada: paciente com risco elevado ou muito elevado e paciente sem risco, risco leve ou moderado. A totalidade (n=67) dos enfermeiros foi capacitada pelo grupo, de acordo ainda com as rotinas institucionais de prescrição e de dispensação de coberturas. Os textos estruturados ficam disponíveis nos computadores das áreas assistenciais e são facilmente transpostos para o prontuário eletrônico do paciente. A padronização não compromete a autonomia do enfermeiro para personalizar o cuidado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Como um desafio inicial para implementação deste protocolo, pode-se citar a estranheza da equipe para com essa padronização, o que gerou certa resistência. Entretanto, essa limitação foi facilmente contornada com a educação dos profissionais e as vivências compartilhadas de como o recurso auxilia a prática e orienta um cuidado de qualidade e assertivo. Ainda, ao que se pôde observar, os recursos disponíveis na instituição foram melhores alocados com o direcionamento das estratégias de acordo com o risco do paciente. Conclusão: A implementação do protocolo buscou não apenas garantir a integridade da pele dos pacientes, mas também otimizar a qualidade dos cuidados prestados durante a estadia na UTI. Além disso, a padronização das condutas auxiliou na melhor alocação de recursos, na educação em serviço e na tomada de decisão dos enfermeiros.