DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA ATIVA PARA AULA DE MANEJO DE BIOFILME EM FERIDAS:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • ALYNE SOARES FREITAS UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
  • THAÍS LIMA VIEIRA DE SOUZA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • JOYCE DA SILVA COSTA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • CAMILA APARECIDA COSTA SILVA ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • MARIA LAURA SILVA GOMES ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • GABRIEL ANGELO DE AQUINO ACTUS ENFERMAGEM ESPECIALIZADA
  • VINICIUS CARVALHO PEREIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
  • SOLANGE GURGEL ALEXANDRE UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Resumo

Introdução: Feridas que apresentam evolução clínica retardada podem estar associadas à presença de biofilme. Esse termo, por sua vez, pode ser designado quando microrganismos se aderem entre si e a uma superfície, como o leito de uma ferida, e produzem uma matriz extracelular de substâncias poliméricas, formando uma rede extremamente resistente a múltiplas formas de tratamento antimicrobiano1. Sua presença no leito das lesões é considerada uma preocupação crescente, estimula uma resposta inflamatória inapropriada, alterando a progressão da reparação tecidual e, assim, contribuindo para a cronificação da lesão, presença de tecidos de aspectos inviáveis e aumento dos gastos com saúde. Apesar do quantitativo de produções científicas na área, dúvidas sobre sua identificação e seu manejo clínico são recorrentes2. Por ser uma situação presente na prática clínica do enfermeiro estomaterapeuta, profissional qualificado no tratamento de feridas, é importante que em sua formação contemple a aquisição de conhecimentos acerca dessa temática, a fim de propiciar o raciocínio crítico embasado para a tomada de decisão, como identificar as principais complicações presentes em feridas, dentre essas, a presença de biofilme. Para tanto, a utilização de ambiente inovador e criativo pode propiciar melhor aquisição de conhecimentos. Nesse contexto, as metodologias ativas, tais como a simulação realística, são consideradas alternativas relevantes para essa finalidade, tratando-se de recursos tecnológicos utilizados no ensino em ciências da saúde que possibilitam experiências formativas nas diversas situações clínicas, baseadas em fatos reais e em ambiente seguro, favorecendo um raciocínio clínico com desempenho prático, aquisição de habilidades, competências e melhoria na comunicação entre a equipe multiprofissional e paciente3. Objetivo: Descrever a experiência do desenvolvimento de metodologias ativas para aula de especialização em enfermagem em estomaterapia sobre manejo do biofilme em feridas de difícil cicatrização. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido utilizando roteiro elaborado por Mussi, Flores e Almeida (2021)4. Quanto ao período temporal, o estudo ocorreu no mês de março de 2023, sendo dividido em período de desenvolvimento metodológico e em aplicação da metodologia desenvolvida. A primeira etapa contemplou reuniões para a construção de um modelo de simulação realística. O modelo escolhido utilizou a formação de biofilme em pele porcina, sendo desenvolvido em um laboratório de bacteriologia, com as devidas normas de biossegurança5. A atividade pode ser caracterizada como coletiva, com grau de intervenção acadêmica, no nível de ensino superior, tendo como área de conhecimento específica a assistência de enfermagem em estomaterapia no manejo de feridas de difícil cicatrização, sendo parte integrante do módulo curricular de cuidado de pessoas com feridas. A metodologia foi aplicada em sala de aula da especialização em enfermagem em estomaterapia de curso acreditado pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST), localizado no município de Fortaleza-Ceará. Envolveu ação individual, com intervenção indireta de cerca de 36 enfermeiros em formação em estomaterapia (discentes) que se encontravam presentes em sala de aula. O eixo da experiência é a utilização dessa ferramenta ativa, criativa e transformadora no ambiente educacional. Os recursos utilizados foram material impresso, o modelo ex vivo de ferida, swab, meio de transporte e lâmina de bisturi. Por se tratar exclusivamente de estudo descritivo, optou-se por não utilizar nenhum método analítico. O estudo foi pautado pela vivência dos autores, respeitando a confidencialidade e dados dos envolvidos indiretamente, não houve necessidade de submissão em Comitê de Ética em Pesquisa - CEP. Resultados: O desenvolvimento metodológico partiu da vivência dos autores com modelo ex vivo de ferida em pele porcina e na atuação clínica como estomaterapeutas, tratando de feridas associadas ao biofilme. Visualizou-se a necessidade de incrementar a abordagem da temática de manejo do biofilme em feridas com técnicas diferenciadas, haja vista a relevância do tema para o cuidado de pessoas com feridas de difícil cicatrização. Para tanto, foi apresentada a proposta às coordenadoras da instituição em questão, que prontamente incorporaram à grade curricular do módulo de feridas. A partir disso, foram realizadas reuniões na modalidade online e foi elaborado o roteiro de aula teórico-prática, cuja estrutura contemplou a divisão dos discentes em dois grupos, de aproximadamente 18 alunos por turno (manhã e tarde). Em cada turno, os alunos passaram por três estações teórico-práticas: A) Avaliação e manejo de biofilme em feridas; B) Lesão por pressão e técnicas de mensuração; C) Deiscência de ferida operatória. Cada estação comportou uma média de 6 alunos, com duração de 40 minutos, em que a estação A foi dividida em cinco momentos: 1) Apresentação e discussão de caso clínico relacionado a ferida de difícil cicatrização com presença de biofilme; 2) Visualização e identificação do biofilme no modelo ex vivo de ferida em pele porcina; 3) Aplicação da técnica de desbridamento instrumental conservador, padrão ouro no tratamento de biofilme; 4) Coleta de swab de ferida infectada utilizando a técnica de Levine para posterior análise microbiológica; e 5) Construção do raciocínio crítico reflexivo para elencar possíveis alternativas terapêuticas para o caso. A partir da análise e ampla discussão acerca dessas situações problema, os alunos foram expostos às problemáticas relacionadas à formação de biofilme em feridas, seus malefícios e principais condutas a serem realizadas diante desse achado. O intuito dessa abordagem era focar no preparo do leito da ferida, com o desbridamento como estratégia de tratamento contra biofilmes, devendo ser complementado com tratamentos antimicrobianos, uma vez que o desbridamento não o remove isoladamente. Percebeu-se o entusiasmo dos discentes ao adentrar na estação teórico-prática, relatando ser algo diferente que possibilitava uma visualização mais clara de como se apresenta o biofilme no leito da ferida. No decorrer das discussões, os discentes foram participativos, realizando diversos questionamentos acerca da temática. Após as atividades, os discentes e as coordenadoras do curso avaliaram a metodologia desempenhada como algo positivo, criativo e inovador. Conclusão: A utilização de simulação realística como metodologia ativa no processo de ensino- aprendizado é inovadora e eficaz na articulação de conteúdos teórico-práticos, sendo capaz de formar profissionais mais críticos, reflexivos e preparados para a atuação profissional, providos com a maturidade esperada pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Com isso, esses simuladores possibilitam treinamento prévio em ambiente seguro, proporcionam aumento da autoconfiança e precisão, promovem a livre tomada de decisão, além do desenvolvimento profissional e estímulo à reflexão de situações-problema.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Downloads

Publicado

2024-01-02

Como Citar

SOARES FREITAS, A., LIMA VIEIRA DE SOUZA, T., DA SILVA COSTA, J., APARECIDA COSTA SILVA, C., LAURA SILVA GOMES, M., ANGELO DE AQUINO, G., CARVALHO PEREIRA, V., & GURGEL ALEXANDRE, S. (2024). DESENVOLVIMENTO DE METODOLOGIA ATIVA PARA AULA DE MANEJO DE BIOFILME EM FERIDAS:: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/466