ASPECTOS CLÍNICOS E SOCIODEMOGRAFICOS DA PESSOA COM ESTOMIA EM UM SERVIÇO DE ESTOMATERAPIA NO SUL DO BRASIL: UM MAPEAMENTO DOCUMENTAL

Autores

  • EDAIANE JOANA LIMA BARROS HU FURG
  • EDUARDO DE SOUZA SARAIVA ESCOLA DE ENFERMAGEM FURG
  • TUANY ARAUJO BISCAGLIA ESCOLA DE ENFERMAGEM FURG
  • GIOVANA CALCAGNO GOMES ESCOLA DE ENFERMAGEM FURG
  • FERNANDA SIMÕES VALADÃO ESCOLA DE ENFERMAGEM FURG

Resumo

Introdução: A confecção de estomias intestinal ou urinária são situações que podem atingir pessoas de todas as idades e gênero. Geralmente, são confeccionadas cirurgicamente no organismo da pessoa e recebem o nome conforme sua localização anatômica (DINIZ, et al, 2020). A realização de uma estomia se faz necessária quando da impossibilidade do trânsito intestinal e/ou urinário de maneira fisiológica. Dependendo da etiologia da doença, os estomas intestinais ou urinárias são classificados quanto ao tempo de permanência em definitivos ou temporários. As estomias temporárias são realizadas para proteger uma anastomose e seu fechamento ocorre em um curto espaço de tempo quando o problema que levou a sua realização foi corrigido. Nas ostomias definitivas um segmento do intestino é retirado e são produzidas quando não existe a possibilidade do reestabelecimento do trânsito intestinal normal, geralmente em casos de câncer (QUEIROZ, et al, 2017). Frente a isso, o objetivo desse estudo é descrever/contextualizar acerca da população que é atendida no Serviço de Estomaterapia, a fim de demonstrar quem são as pessoas que acessam esse serviço. E, a partir disso contribuir com a promoção da assistência de enfermagem com excelência, equidade e universalidade. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa documental, descritiva com abordagem quantitativa do tipo transversal. A coleta de dados ocorreu no mês de dezembro de 2022. Foi utilizado o roteiro de coleta de dados, elaborado pelos pesquisadores e baseado nas informações contidas nas fichas cadastrais as quais são preenchidas no momento em que o paciente se vincula ao Serviço de Estomaterapia. Dos 169 cadastros analisados, foram excluídos 19, pois estavam incompletos, ficando, então, 150 fichas cadastrais para análise. O método de análise dos dados empregado no presente estudo foi a estatística descritiva e do programa de software estatístico R Commander. A análise estatística permite que os leitores, os pacientes e os gestores de saúde, façam a interpretação das informações oriundas dos dados coletados durante a execução de uma pesquisa e assim usá-las em prol da sociedade. A estatística descritiva é uma parte da estatística que auxilia os pesquisadores e os leitores a entenderem as informações de dados coletados por meio da sua organização e sumarização. (RODRIGUES; LIMA; BARBOSA, 2017). O parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa que autorizou a pesquisa é o de N° 5.839.705/2022. Resultados: A realização desta pesquisa possibilitou conhecer o perfil clínico/sociodemográfico dos estomizados atendidos atualmente no Serviço de Estomaterapia em um Hospital Universitário no sul do país. Os dados encontrados mostram com relação ao gênero, verificou-se que 51,3% (77) dos pacientes estomizados atendidos no Serviço de Estomaterapia são homens e 48,7% (73) são mulheres. O mesmo achado está presente no estudo de Almeida e Silva (2015). Quanto a idade, observou-se que: 0 – 1 ano 0,7% (1); 2 – 12 anos 2,7% (4); 13 – 19 anos 1,3% (2); 20 – 40 anos 8,6% (13); 41 – 60 anos 30% (45); e, Acima de 60 - 56,7% (85). A partir desses dados é possível verificar que a maioria dos pacientes estomizados do Serviço de Estomaterapia são maiores de 60 anos e isso faz com a Assistência de Enfermagem seja pensada visando as especificidades desse grupo, como, por exemplo, indicações de autocuidado no domicílio, materiais que sejam de fácil manuseio, pensando em uma menor destreza manual. No quesito escolaridade, teve predomínio de pacientes com ensino fundamental incompleto 40% (60), seguido de fundamental completo 20,7% (31), médio completo 11,3% (17), superior completo 10% (15), analfabeto 8,6% (13), médio incompleto 4,7% (7) e superior 4,7% (7). Conhecer o nível de instrução formal da pessoa estomizada é importante para que o enfermeiro faça, por exemplo, as escolhas adequadas de linguagem no momento de orientar o paciente para o autocuidado, pois se o paciente tem poucos anos de escolaridade será necessário uso de termos mais acessíveis para que ele compreenda como realizar o cuidado do seu estoma no domicílio. No que tange as causas de indicações da cirurgia de confecção de estomias de eliminação, tem-se que 92,7% (139) são de etiologia patológica e 7,3% (11) de origem acidental. Soma-se a isso, as patologias mais encontradas para as estomias intestinais foram o neoplasia de reto 36% (50), neoplasia de retossigmoide 11% (15), neoplasia de outras porções do cólon 7,1% (10). Essa informação demonstra a importância da equipe de enfermagem para desenvolver atividades de prevenção das neoplasias que acometem o intestino, bem como a identificação e o diagnóstico precoce dessas doenças. Além das neoplasias, as doenças inflamatórias que causaram cirurgias de confecção de estomias de eliminação intestinal são: Doença de Crohn 1,5% (2), retocolite 1,5% (2), enterocolite 0,7% (1), colite ulcerativa/isquêmica1,5% (2) e diverticulite 2,9% (4). Para as estomias de eliminação urinária, a neoplasia de bexiga (9), obstrução renal (1) e neoplasia de uretra (1) são as causas da confecção do estoma dos pacientes atendidos no Serviço de Estomaterapia. Para as causas de origem acidental são acidente por arma de fogo 63,6% (7), queimadura em grande extensão 9,1% (1), perfuração de sigmoide 9,1% (1), lesão em região anal/retal 18,2 (2). Na avaliação quanto ao tipo de estomia, os dados mostram que a maioria dos pacientes têm colostomia 68,7 (103), em seguida ileostomia 18,7% (28) e urostomia 9,3% (14). 2,7% (4) dos pacientes apresentam colostomia e ileostomia e 0,6% (1) dos pacientes têm colostomia e urostomia. No estudo de Diniz et al (2020) é igualmente descrito que a colostomia é a mais prevalente. Em se tratando da raça/etnia, se autodeclararam negra 13,3% (20), pardo 2,7% (4) e branca 84% (126), o que pode indicar um menor acesso da população negra/parda aos serviços de saúde. O estado civil dos pacientes ficou 28% (42) solteiro, 44% (66) casado, 5,3% (8) divorciado e 22,7 (34) outros. Para o item área de moradia, obteve-se 96,7 (145) para área urbana e 3,3% (5) para área rural. Esse dado aponta um possível estilo de vida na zona urbana que levaria às pessoas e necessitarem de cirurgias de confecção de estomias. No que tange o tempo de permanecia do estoma, 61,3% (92) é temporário. Já 38,7% (58) tem estoma definitivo. Saber o tempo de permanência do estoma é importante para que o enfermeiro possa conduzir a assistência de modo a orientar o paciente, especialmente nos casos em que a estomia é definitiva, porém o paciente não aceita sua condição de pessoa estomizada. Sobre quanto tempo o paciente está vinculado ao Serviço de Estomaterapia, tem-se 20-30 anos 3,3% (5); 10-19 anos 4% (6); 8-9 anos 16,7% (25); 1-7 anos 53,3% (80); e, menos de 1 ano 22,7% (34). Saber o tempo que o paciente está usufruindo do Serviço de Estomaterapia é importante para saber qual a opinião do paciente estomizado sobre o cuidado que lhe é dispensado, sobre as orientações de cuidado com o estoma, se estão sendo efetivas. É evidente a importância que a equipe de enfermagem conheça as características sócio/demográficas da população atendida, de modo a atuar satisfatoriamente nas abordagens clínicas (FREITAS, BORGES, BODEVAN, 2018). Também é importante a avaliação dos Serviços em Saúde para que seja realizada uma reorganização da assistência com o objetivo de alcançar os princípios da universalidade, equidade e integralidade. Conclusão: A partir dos resultados obtidos com a pesquisa, espera-se contribuir para o desenvolvimento de estudos que propiciem a reflexão para uma Assistência de Enfermagem, especialmente na Atenção à Saúde da Pessoa com Estomia. Com a identificação do perfil dessas pessoas atendidas no Serviço de Estomaterapia, será possível organizar a assistência conforme as necessidades específico/singulares de cada um. A partir dos resultados do estudo, o enfermeiro terá melhores ferramentas para trabalhar na educação/letramento em saúde, o letramento em saúde está diretamente relacionado à promoção da saúde e prevenção de agravos, pois ao conhecer o contexto biopsicossocial do paciente é possível organizar a Assistência de Enfermagem voltada para as necessidades individuais.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

JOANA LIMA BARROS, E. ., DE SOUZA SARAIVA, E. ., ARAUJO BISCAGLIA, T. ., CALCAGNO GOMES, G. ., & SIMÕES VALADÃO, F. . (2024). ASPECTOS CLÍNICOS E SOCIODEMOGRAFICOS DA PESSOA COM ESTOMIA EM UM SERVIÇO DE ESTOMATERAPIA NO SUL DO BRASIL: UM MAPEAMENTO DOCUMENTAL. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/506