CONSTRUÇÃO DE UM VÍDEO DE ANIMAÇÃO SOBRE ADAPTAÇÃO SOCIAL DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS:

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autores

  • ANNA ALICE CARMO GONÇALVES UFRN
  • BRENO WAGNER ARAÚJO COSME DA SILVA UFRN
  • ISABELLE PEREIRA DA SILVA UFRN
  • SIMONE KARINE DA COSTA MESQUITA SESAP
  • IARA LORENA ALVES DE MORAIS UFRN
  • SILVIA KALYMA PAIVA LUCENA UFRN
  • RHAYSSA DE OLIVEIRA E ARAÚJO UFRN
  • ISABELLE KATHERINNE FERNANDES COSTA UFRN

Resumo

INTRODUÇÃO: O cenário mundial passou por transformações, sobretudo diante da nova era proporcionada pelo desenvolvimento tecnológico. A área da saúde não ficou de fora desse panorama e se adequou à nova realidade, incorporando aos seus saberes um novo meio de propagá-los com as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Assim, as TICs, recursos tecnológicos e computacionais relacionados ao processamento e comunicação da informação, proporcionam novas ferramentas para disponibilizar meios, métodos e processos das ciências da saúde1. As TICs podem ser observadas como facilitadoras e potencializadoras do processo de educação em saúde, em que os profissionais da área, sobretudo enfermeiros, podem desenvolver novos produtos e caminhar para a melhora dos atendimentos e para inovação. Dessa forma, um meio de subsidiar esse processo, são os vídeos de animação, os quais se utilizam de áudio e vídeo para compor as narrativas com personagens, legendas e imagens, tornando o processo educativo mais lúdico e dinâmico2,3. Esse tipo de tecnologia tem potencial na educação em saúde de pacientes com condições crônicas, sobretudo as pessoas com estomias intestinais, que após a cirurgia necessitam aprender novas habilidades de cuidado com o corpo, em razão da perda da continência fecal e uso da bolsa coletora, os quais promovem novo estilo de vida4. Assim, os vídeos de animação permitem o compartilhamento de informações, bem como a aprendizagem do público alvo e pode ser uma ferramenta positiva no aprendizado das pessoas com estomias intestinais possibilitando, por meio de um processo lúdico, dinâmico e com imagens, contribuir para a implementação e planejamento do cuidado, uma vez que possibilita uma forma de educar acerca da nova circunstância e promover a reintegração social por meio de orientações de autocuidado e adaptação3,4. OBJETIVO: Relatar a experiência na construção do vídeo de animação sobre adaptação social para as pessoas com estomias intestinais. MÉTODO: Estudo do tipo relato de experiência, delineado a partir das etapas operacionais padronizadas para o desenvolvimento de filmes educativos (pré-produção, produção e pós-produção) utilizadas para produção de um vídeo de educação em saúde para pessoas com estomias intestinais no formato de animação audiovisual, como também, para nortear o relato de experiência. A produção do vídeo iniciou durante a pandemia de COVID-19, a partir de uma experiência prévia dos pesquisadores na construção de um outro vídeo de animação para crianças sobre o novo vírus durante este período. O estudo foi construído durante um mestrado acadêmico e participaram, além do mestrando, estudantes da graduação e da pós-graduação, profissionais da área audiovisual e enfermeiros. O vídeo de animação foi intitulado de “A vida depois da estomia intestinal - um vídeo de animação” e aborda os temas de nutrição, autoimagem, sexualidade e autocuidado e retrata esses tópicos de forma simples e cotidiana, a fim de gerar no público alvo a sensação de pertencimento e naturalidade diante da nova condição após a confecção da estomia intestinal. O vídeo possui 12min22seg e se passa durante a reunião de um grupo de apoio para pessoas com estomias liderado por um enfermeiro. RESULTADOS Iniciou-se a primeira etapa, a pré-produção, na qual realizou-se uma Scoping Review para identificar vídeos de animação sobre estomias. Assim, foi possível perceber a escassez desse material, sobretudo na literatura. Os vídeos encontrados na Scoping foram analisados quanto aos temas abordados e adaptação social para pessoas com estomias foi escolhida para subsidiar o vídeo a ser construído, pois assuntos como sexualidade, interação com a sociedade, roupas adequadas, prática de exercício físico e entretenimento foram pouco abordados na amostra analisada. Para os personagens, foi realizada uma pesquisa epidemiológica para identificar, na sociedade, os grupos de pessoas que mais possuíam estomias intestinais e também foi levado em consideração o caráter inclusivo, para garantir que haja a identificação do público alvo com o conteúdo do vídeo. A animação possui cinco personagens: Luiz, enfermeiro e coordenador do grupo; Emilly, mulher de 26 anos, branca, heterossexual, casada, com ensino superior completo e com estomia há apenas um mês; Rita, mulher, negra, 59 anos, heterossexual, aposentada, casada, ensino superior completo e com estomia há 5 anos; João, homem, branco, 50 anos, heterossexual, aposentado, ensnino fundamental incompleto, aposentado e com estomia há 10 anos; Roberto, homem, negro, 51 anos, heterossexual, divorciado, ensino fundamental completo, porteiro e com estomia há 4 anos. A segunda etapa, após os comentários e avaliações dos juízes acerca do roteiro do vídeo, a história da animação foi definida e retrata o encontro das pessoas com estomias, onde elas conversam sobre os desafios que surgem a partir da confecção da estomia e o que fizeram para superá-los, além de tirar dúvidas entre si e receber o apoio daqueles que passam e entendem a nova realidade delas. Esse formato foi inspirado em um projeto de extensão durante a graduação de um dos pesquisadores, em que os discentes promoviam grupos de apoio para pessoas com estomia para discutir acerca de autonomia, autocuidado e adaptação durante o ano de 2019 em um centro de referência para pessoas com estomias. Assim, foi possível resgatar as memórias dessas vivências e pô-las nos personagens, nas suas histórias e nos seus relatos, tanto para os “pacientes” quanto na figura do “enfermeiro”. Para esta etapa, foram realizadas reuniões com a equipe do audiovisual para definir o tipo de desenho, realizar modificações e discutir acerca do desenvolvimento. Além da gravação das vozes, realizada na universidade dos pesquisadores, pelos membros do grupo de pesquisa e outras pessoas interessadas em participar. Na última etapa, a pós produção, ocorreu a edição e organização das cenas do vídeo, realizada em conjunto com especialistas de mídia e editores de vídeo. A divulgação do vídeo foi realizada na plataforma de vídeos YouTube, na qual qualquer pessoa do mundo pode ter acesso livre e gratuito ao vídeo, podendo ser acessada por pessoas com estomias, familiares e profissionais da área da saúde para realizarem suas ações de educação em saúde, acrescentando à tecnologia a possibilidade de promover autonomia, mudança e transformação social. A experiência no desenvolvimento de vídeos de animação sobre adaptação social de pessoas com estomas intestinais permitiu a ampliação do conhecimento sobre as vivências e dificuldades da pessoa com estomia e a aproximação da saúde com a tecnologia, contribuindo para uma formação acadêmica com vivência multiprofissional e mais compreensiva diante das dificuldades que essa condição impõe aos seus portadores. Além de permitir o aprofundamento na temática. CONCLUSÃO A construção de um vídeo de animação demanda a contribuição de diversos profissionais da área da saúde e do audiovisual, no qual a experiência e os conhecimentos de cada um são pertinentes para o desenvolvimento de um bom material. Assim, o vídeo “A vida depois da estomia intestinal – um vídeo de animação” é um importante apoio para enfermeiros e pessoas com estomia quando se fala em educação em saúde e adaptação. Assim, mediante uma era de tanta desinformação, produzir um material com embasamento teórico e científico capaz de contribuir para a qualidade de vida das pessoas com estomia é bastante recompensador. Trabalhos como esse podem contribuir para a transformação social e gerar autonomia no público alvo.

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Publicado

2024-01-02

Como Citar

ALICE CARMO GONÇALVES, A., WAGNER ARAÚJO COSME DA SILVA, B. ., PEREIRA DA SILVA, I. ., KARINE DA COSTA MESQUITA, S. ., LORENA ALVES DE MORAIS, I. ., KALYMA PAIVA LUCENA, S., DE OLIVEIRA E ARAÚJO, R. ., & KATHERINNE FERNANDES COSTA, I. . (2024). CONSTRUÇÃO DE UM VÍDEO DE ANIMAÇÃO SOBRE ADAPTAÇÃO SOCIAL DE PESSOAS COM ESTOMIAS INTESTINAIS:: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/519