AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS COM PÉ DIABÉTICO POR ESTOMATERAPEUTAS
Resumo
INTRODUÇÃO: O crescimento populacional é um fenômeno de ordem mundial e no Brasil não está sendo diferente, pois sua população está passando por um momento de modificação na conformação, em que as taxas de natalidade e de mortalidade estão reduzindo, fenômeno denominado de Transição Demográfica, o que vem acarretando na acentuação do processo de envelhecimento populacional. O processo de envelhecimento pode interferir na funcionalidade da pessoa idosa e quando associado a processos patológicos o comprometimento funcional tende a elevar. A capacidade funcional é definida como a habilidade do indivíduo de realizar atividades, que o permite viver de forma independente e autônoma. O Diabetes Mellitus (DM) é uma das patologias que torna o idoso mais propenso a não conseguir realizar as suas atividades cotidianas plenamente, pois está associado ao comprometimento da funcionalidade desse indivíduo, na medida em que se relaciona à incapacidade física e baixa qualidade de vida. O quadro de DM produz modificações no organismo a nível de alterações de ordem neurológica e vascular, o que acarreta na mudança da conformação da anatomia e fisiologia normal dos pés, no qual tais alterações podem evoluir para úlceras nos pés. Além do mais, uma das principais complicações associadas ao DM é o pé diabético, podendo acarretar em repercussões nocivas que vão desde ao surgimento de feridas crônicas até a amputação de membros inferiores, estando relacionado a redução das atividades de vida diária e, consequentemente, da capacidade funcional. Por conseguinte, o paciente com DM e pé diabético, por estar relacionado a lesão nos pés, requer uma atenção especial por parte do enfermeiro estomaterapeuta (ET), visto que este é especializado no tratamento e prevenção de feridas. O presente estudo se justifica pelo fato de que a população idosa vem crescendo e consequentemente urge a necessidade de uma assistência em saúde mais especializada para tal grupo. Além disso, há o aumento do acometimento por Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), no qual o Diabetes Mellitus (DM) e suas complicações, como o pé diabético, são uma das principais doenças que vem afetando este grupo populacional. Por isso, é preciso que haja uma qualificação do profissional de enfermagem, no caso o estomaterapeuta, no que tange ao conhecimento das particularidades do idoso e a avaliação de sua capacidade funcional. Diante do exposto, foi formulada a seguinte pergunta norteadora para o estudo: quais cuidados os enfermeiros estomaterapeutas utilizam para avaliar a capacidade funcional de idosos com pé diabético? OBJETIVO: Conhecer os cuidados dos estomaterapeutas em relação aos aspectos associados à capacidade funcional de idosos com pé diabético. MÉTODOS: Trata-se de um recorte de um estudo maior que buscou investigar os cuidados realizados por estomaterapeutas a pacientes idosos com pé diabético, sendo um estudo descritivo com corte transversal. A pesquisa foi realizada nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste). A população foi composta por estomaterapeutas, cuja amostragem deu-se por estratificação, a posteriori, utilizou-se na seleção uma amostra de cada estrato. A captação dos sujeitos deu-se através dos membros com título de estomaterapeuta associados à Associação Brasileira de Estomaterapia – SOBEST (2020), totalizando 339 estomaterapeutas. A aplicação da fórmula das populações finitas, considerando-se prevalência presumida de 50%, erro tolerável de 0,05 e o grau de confiança de 95%, resultou em uma amostra de 180 participantes. São critérios de inclusão: ser estomaterapeuta, trabalhar ou já ter trabalhado com idosos, diabetes e pé diabético. Como critérios de exclusão: estomaterapeuta que nunca atuou na área de estomaterapia. A coleta de dados se deu por meio de questionário eletrônico, que foi enviado através de e-mail e mídias sociais aos estomaterapeutas, de abril a junho de 2021, sendo obtido no final 154 respondentes. Para a análise de dados realizou-se descrição das variáveis nominais por meio de frequência simples e relativas, e para variáveis numéricas foram apresentados a mediana e o intervalo interquartílico de 75%. O presente estudo foi submetido à apreciação do Comitê de Ética da Plataforma Brasil apresentando número do parecer de 4.613.606. RESULTADOS: Em relação à capacidade funcional, iremos apresentar os aspectos investigados por estomaterapeutas acerca da capacidade funcional de pessoas idosas com pé diabético. Durante a consulta de enfermagem a condição de saúde mais investigada foi o déficit cognitivo, com 141 respondentes (91,6%), seguido de imobilidade com 141 (91,6%), fragilidade com 134 (87,0%) e instabilidade postural/quedas com 132 (84,7%). Quanto a deambulação, 147 (95,5%) investigavam o uso de sapatos ortopédicos, 140 (90,9%) afirmaram observar uso de dispositivos auxiliares de marcha, sendo os a bengala, com 144 respondentes (93,5%) o mais prevalente. Ainda com relação aos aspectos relacionados à capacidade funcional da pessoa idosa, algumas situações clínicas podem impactar diretamente no autocuidado, sendo o déficit auditivo, com 122 entrevistados (79,2%) o mais pontuado, seguido do nível educacional com 107 (69,5%) e índice de massa corporal específico para pessoas idosas com 92 (59,7%). No que tange a independência da pessoa idosa, o tópico higiene pessoal obteve 141 respostas (91,6%), seguido de alimentação com 138 (89,6%) e deitar, levantar e sentar com 130 (84,4%), sendo os mais prevalentes. Quanto às instruções de saúde, 153 (99,4%) afirmaram investigar se a pessoa idosa tem capacidade de seguir orientações, além de considerar importante identificar se a pessoa idosa dispõe de cuidador para auxiliar nas atividades cotidianas. CONCLUSÃO: Conhecer as ações realizadas pelos estomaterapeutas na avaliação da capacidade funcional dos idosos com pé diabético é indispensável para a coordenação do cuidado, prevenção de complicações e manutenção da qualidade de vida da pessoa idosa, destacando a importância dessa avaliação pelo profissional. Além disso, levando em consideração que a população idosa está crescendo cada vez mais, urge a necessidade de profissionais de saúde cada vez mais capacitados para tratar das particularidades decorrentes do processo de envelhecimento do indivíduo, objetivando um tratamento integral que resulte na melhora da qualidade de vida da pessoa idosa. Dessa forma, faz-se necessário a busca contínua do aperfeiçoamento da assistência de enfermagem que vise um olhar muito além da patologia em si, mas também de suas condições e diversos fatores envolvidos no processo saúde-doença, para que assim, mais condutas de promoção e prevenção, tratamento específico e humanizado sejam implementadas na assistência do profissional enfermeiro.