EFICÁCIA DA LASERTERAPIA DE BAIXA INTENSIDADE EM PACIENTE COM NEUROPATIA DIABÉTICA ATRAVÉS DO INSTRUMENTO MICHIGAN NEUROPATHY SCREENING INSTRUMENT
Resumo
Introdução A terapia laser de baixa intensidade (TLBI), possui efeitos semelhantes aos de medicações anti-inflamatórias não esteroidais (AINEs) devido à inibição da concentração de prostaglandina ES2, cicloxigenase 2 e histamina, com a alteração da produção de citosinas inflamatórias, induzindo o aumento do fluxo sanguíneo local e promovendo a liberação e remoção de substâncias relacionadas à dor 1. Outra medida terapêutica importante é o Intravascular Laser Irradiation Of Blood (ILIB), que consiste na aplicação de feixes de luz na artéria radial. O ILIB é eficaz no tratamento das alterações vasculares, responsáveis pela maioria das complicações que ocorrem no diabetes. Estudo realizado em pacientes com neuropatia diabética demonstrou que a terapia com ILIB foi eficaz na redução da dor e na melhoria da qualidade de vida 2. Assim, com o intuito de detectar a presença de neuropatia periférica diabética (NPD) em ambientes ambulatoriais foi desenvolvida a ferramenta Michigan Neuropathy Screening Instrument (MNSI). Este instrumento é dividido em duas partes. A primeira é a versão do paciente, que inclui perguntas sobre sintomas de DPN (perguntas "Sim" ou "Não"). A segunda é uma avaliação física, que inclui 5 testes: teste de monofilamento, aparência dos pés, ulceração, reflexos do tornozelo e percepção de vibração 3. Diante dos benefícios apresentados da TLBI e ILIB surgiu como objeto de estudo a avaliação da eficácia da laserterapia de baixa intensidade em paciente com neuropatia diabética através do instrumento Michigan Neuropathy Screening Instrument. Método Estudo clínico de método experimental, prospectivo de abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Integral em Saúde (CAIS) na UNILAB. O estudo foi realizado no período de julho de 2022 a Outubro de 2022. A população foi composta por indivíduos que convivem com DM e frequentam assiduamente o serviço para consultas. A coleta de dados foi realizada com 32 participantes, mas 06 pacientes tiveram intercorrências no decorrer da coleta de dados e não concluíram o protocolo de prevenção de complicações do pé com risco de lesão. Para análise dos dados foram selecionados 26 participantes. Para o grupo controle, o tratamento foi placebo, ocorreu uma simulação da aplicação a cada 48 horas com o equipamento da TLBI ligado em 1 J/cm² e foi irradiado no pé nos pontos do 1º, 3º e 5º metatarsos, 1º e 3º tarsos e região dorsal do pé. Uma borracha redonda de material E.V.A de cor marrom foi colocada na ponta da caneta para ocluir a passagem da luz de laser. O grupo TLBI utilizou o comprimento de onda de 660 nm; 100 mW de potência, tempo de aplicação 13 s, área do feixe 0,06 cm², dose de 6J/cm² e emissão continua. A TLBI foi irradiada no pé nos pontos do 1º, 3º e 5º metatarsos, 1º e 3º tarsos e região dorsal do pé. O grupo TLBI + ILIB utilizou o mesmo protocolo estabelecido para o grupo TLBI. Depois ocorreu a aplicação com ILIB com protocolo estabelecido pelo fabricante de forma contínua e direta do laser vermelho com comprimento de onda de 660nm, 100 mWde potência na região da artéria radial com tempo de 20 minutos de aplicação. A frequência de aplicação para tratamento de todos os protocolos foi a cada 48 horas,12 aplicações durante 23 dias. A aplicação do instrumento Michigan Neuropathy Screening Instrument ocorreu a cada 03sessões com aplicação para acompanhamento dos grupos. Resultados Tabela - Análise de comparação pareada no início e no final do protocolo clínico para rastreamento neuropático de indivíduos que convivem com DM. N:26. Ceará- 2023. Rastreamento da neuropatia Não Sim Não Sim N(%) N(%) N(%) N(%) P-valor Variáveis TLBI + ILIB 1. Dormência nos pés nos últimos dias? 3(33,3) 6(66,7) 9(100,0) 0(0,0) 0,031 2. Dor em queimação nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 5(55,6) 4(44,4) 8(88,9) 1(11,1) 0,250 3. Pontadas nas pernas ou pés nos últimos dias? 4(44,4) 5(55,6) 9(100,0) 0(0,0) 0,063 4. Cãibras nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 3(33,3) 6(66,7) 9(100,0) 0(0,0) 0,031 5. Sente fraqueza muscular a maior parte do tempo? 5(55,6) 4(44,4) 9(100,0) 0(0,0) 0,125 6. A pele dos seus pés é seca a ponto de rachar? 5(55,6) 4(44,4) 9(100,0) 0(0,0) 0,125 7. Consegue sentir os pés quando caminha? 1(11,1) 8(88,9) 0(0,0) 9(100,0) 1,000 8. Se tiver sintomas nos pés, os sintomas se agravam a noite ou dia? 4(44,4) 5(55,6) 7(77,8) 2(22,2) 0,375 Variáveis TLBI 1.Dormência nos pés nos últimos dias? 4(44,4) 5(55,6) 6(66,7) 3(33,3) 0,500 2.Dor em queimação nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 3(33,3) 6(66,7) 6(66,7) 3(33,3) 0,375 3.Pontadas nas pernas ou pés nos últimos dias? 4(44,4) 5(55,6) 6(66,7) 3(33,3) 0,500 4.Cãibras nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 1(11,1) 8(88,9) 7(77,8) 2(22,2) 0,031 5.Sente fraqueza muscular a maior parte do tempo? 4(44,4) 5(55,6) 8(88,9) 1(11,1) 0,219 6.A pele dos seus pés é seca a ponto de rachar? 1(11,1) 8(88,9) 7(77,8) 2(22,2) 0,031 7.Consegue sentir os pés quando caminha? 1(11,1) 8(88,9) 0(0,0) 9(100,0) 1,000 8.Se tiver sintomas nos pés, os sintomas se agravam a noite ou dia? 1(11,1) 8(88,9) 3(33,3) 6(66,7) 0,500 Variáveis Controle 1.Dormência nos pés nos últimos dias? 3(37,5) 5(62,5) 4(50,0) 4(50,0) 1,000 2.Dor em queimação nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 4(50,0) 4(50,0) 4(50,0) 4(50,0) 1,000 3.Pontadas nas pernas ou pés nos últimos dias? 3(37,5) 5(62,5) 4(50,0) 4(50,0) 1,000 4.Cãibras nas pernas e/ou pés nos últimos dias? 3(37,5) 5(62,5) 7(87,5) 1(12,5) 0,125 5.Sente fraqueza muscular a maior parte do tempo? 7(87,5) 1(12,5) 7(87,5) 1(12,5) 1,000 6.A pele dos seus pés é seca a ponto de rachar? 5(62,5) 3(37,5) 7(87,5) 1(12,5) 0,625 7.Consegue sentir os pés quando caminha? 0(0,0) 8(100,0) 0(0,0) 8(100,0) - 8.Se tiver sintomas nos pés, os sintomas se agravam a noite ou dia? 2(25,0) 6(75,0) 2(25,0) 6(75,0) 1,000 Fonte: Autor ¹ Teste de McNemar, ao nível de 5%. A amostra foi composta de 26 participantes, sendo grupos Controle (8), TLBI (9), TLBI + ILIB (9). Na tabela, comparação intergrupo da aplicação do instrumento Michigan Neuropathy Screening Instrumente no início e no final do protocolo clínico para rastreamento neuropático. Em comparação intergrupos, no grupo controle não houve diferença significativa no início e ao final do protocolo clínico nas variáveis referente ao rastreamento neuropático. Observa-se melhora dos participantes nas variáveis 4 e 6 respectivamente (p > 0,125) e (p > 0,625). No grupo TLBI, verificou-se que houve diferença significativa no início e no final do protocolo clínico para as variáveis 4 e 6, respectivamente (p < 0,031) e (p < 0,031) em relação ao grupo controle. Nas demais variáveis sobre o rastreamento neuropático houve melhora no início e no final do protocolo clínico. No grupo TLBI + ILIB, verificou-se que houve diferença significativa no início e no final do protocolo clínico nas varáveis 1 e 4 respectivamente (p < 0,031) e (p < 0,031) em relação ao grupo controle. O grupo TLBI e o grupo GI2 tiveram diferença significativa e equivalente na variável 4 (p < 0,031). Em comparação ao grupo TLBI + ILIB, todas as perguntas referentes ao rastreamento neuropático tiveram melhora no final do protocolo clínico em relação ao grupo controle e ao grupo TLBI, exceto a variável 6 desse grupo que teve diferença significativa (p < 0,031) em relação ao TLBI + ILIB. Discussão Em comparação ao rastreamento neuropático intergrupos, no grupo controle não houve diferença significativa no início e ao final do protocolo clínico nas perguntas referente ao rastreamento neuropático. O protocolo clínico aplicado no grupo TLBI foi eficaz para prevenir complicações da neuropatia periférica, entretanto, em comparação ao grupo TLBI + ILIB, todas as perguntas referentes ao rastreamento neuropático tiveram melhora no final do protocolo clínico em relação ao grupo controle e ao grupo TLBI. No presente estudo, o ILIB associado com a TLBI teve resultados significativos na diminuição de dormências, dor, pontadas e pinicões nos pés. Nesse sentido, A TLBI é uma alternativa de prevenção para as complicações da neuropatia diabética, pois tem mostrado efeitos benéficos no processo de cicatrização de feridas, na neuropatia e no metabolismo sanguíneo de pacientes que convivem com diabetes 4. Outrossim, uma das alternativas para alívio da dor e doenças inflamatório é o ILIB, torna-se imprescindível sua aplicação para fins terapêuticos. De fato, durante as últimas três décadas, muitos estudos mostraram que a TLBI tem efeitos positivos no tratamento de várias doenças, que cursam com dor e processos inflamatórios 5. Conclusão Observou-se neste estudo que os protocolos aplicados dos grupos TLBI e TLBI + ILIB com seus respectivos parâmetros foram eficazes para melhora dos sinais e sintomas da dor neuropática, bem como melhora da sensibilidade térmica utilizando tubos de ensaio e termômetro digital. O grupo TLBI + ILIB apresentou resultados mais eficazes no rastreamento neuropático com o Michigan Neuropathy Screening Instrumen em relação ao grupo TLBI. O grupo controle não apresentou melhora no rastreamento neuropático.