FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE DEISCÊNCIA DE FERIDA OPERATÓRIA:
REVISÃO INTEGRATIVA
Resumo
Introdução: A deiscência cirúrgica ou deiscência de ferida operatória (DFO) é uma complicação na cicatrização que pode estar relacionada a um maior tempo de internação, aumento no custo hospitalar e impacto direto no bem-estar do indivíduo. Pode ocorrer até 30 dias após a sutura, embora seja muito comum entre 7-9 dias de pós-operatório. Está comumente interligada à infecção de sítio cirúrgico, porém pesquisas nos mostram que os fatores relacionados ao risco de deiscência são multifatoriais. Objetivo: Evidenciar na literatura os principais fatores de risco para desenvolvimento de deiscência de ferida operatória (DFO). Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo com método de revisão integrativa. Foram utilizadas as bases de dados BVS e PubMed, em humanos, na língua inglesa, portuguesa e espanhola no período de 2010 à 2020. Os descritores utilizados foram deiscência de ferida operatória, procedimentos cirúrgicos, fator de risco, Surgical Wound Dehiscence, Surgical Procedures e Operative. Para análise dos dados utilizou-se a plataforma Rayyan. Critérios de inclusão: indivíduos maiores que 18 anos. Critérios de exclusão: cirurgias pediátricas, odontológicas, oftalmológicas e ginecológicas. Após triagem, foram selecionados 13 artigos, de diversos países, todos publicados em inglês. Resultados: Dos 13 artigos analisados, 90% abordaram fatores relacionados ao indivíduo, são estes: sexo masculino, DPOC, DM, IMC menor ou igual 30kg/m², tabagismo, idade maior ou igual 60 anos, ASA (American Association of Anaesthesia ) maior ou igual 3. Em menor frequência, citaram:, hipoalbuminemia, presença de ascite, realização de quimioterapia e/ou radioterapia, anemia, presença de doença arterial periférica, infarto agudo do miocárdio (IAM), choque cardiogênico, etnia, IMC menor que 30Kg/m2, tamanho elevado da mama e tosse crônica; 33% dos estudos abordavam fatores relacionados aos momentos pré, intra e pós-operatório imediato, sendo esses: procedimentos com tempo maior ou igual 2,5 horas; cirurgias de emergência; técnica cirúrgica; transfusão sanguínea intra-operatória; inexperiência profissional do cirurgião; dois estudos abordaram a técnica cirúrgica como fator de risco para DFO. O momento pós- operatório é evidenciados após as primeiras 24 horas de procedimento cirúrgico e 48% dos artigos abordaram os seguintes fatores: infecção de sítio cirúrgico; tempo prolongado de internação; reoperação em até 30 dias. Relacionado a este grupo, 4 indicaram a presença de hérnia incisional como fator de risco; e ao menos 1 artigo citou a presença de tosse, a internação em UTI, ISC, mediastinite e IRC como sendo fator de risco para DFO. Conclusão: a deiscência de ferida operatória é um problema que pode impactar a qualidade de vida dos pacientes. O conhecimento dos principais fatores desencadeantes é muito importante afim de direcionar uma avaliação minuciosa do enfermeiro e evitar complicações. Este estudo vem corroborar com esse objetivo e dar base para o próximo passo a qual pretendemos monitorar esses eventos.