INCIDÊNCIA E FATORES PREDITIVOS PARA AMPUTAÇÕES EM PESSOAS COM DIABETES ATENDIDAS EM DOIS AMBULATÓRIOS DE ESTOMATERAPIA
Resumo
Introdução: Aproximadamente 18.6 milhões de pessoas são afetadas por uma úlcera do pé diabético (UPD) por ano mundialmente, aproximadamente 50 a 60% das úlceras evoluem para infecção e destas 20% para uma amputação (Armstrong DG, Tan TW, Boulton AJM, Bus SA, 2023). As amputações de MMII são impactantes, reduzem significativamente a qualidade de vida e são responsáveis por altos índices de morbidade e mortalidade, distúrbios emocionais e gastos com saúde (Huang Y et al, 2018). Embora esta seja a última escolha de tratamento, por vezes, são inevitáveis para salvar a vida do indivíduo (Botros et al., 2019). Objetivos: Mensurar a incidência cumulativa de amputações e os respectivos fatores preditivos em pessoas com DM portadoras de UPD. Método: Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, retrospectivo com 281 pacientes com DM, portadores de UPD, realizado em dois serviços de estomaterapia de uma operadora de saúde no município de São Paulo. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (52574821.9.0000.5533) os dados foram coletados por meio de acesso aos prontuários eletrônicos entre os anos de 2015 e 2020 incluindo as variáveis sociodemográficas (sexo e idade) e clínicas: tabagismo e etilismo; Diabetes tipo 1 ou 2, tempo desde o diagnóstico de DM, índice de massa corporal, hipertensão arterial sistémica, retinopatia diabética, doença renal crônica, neuropatia periférica diabética (NPD), infarto agudo do miocárdio, doença arterial periférica (DAP) e acidente vascular encefálico; e as características da amputação (nível e lateralidade). As características sociodemográficas e clínicas foram comparadas entre os pacientes com e sem amputação. As análises estatísticas foram realizadas através do teste t ou teste de Wilcoxon-Mann- Whitney para variáveis quantitativas e teste ?2 de Pearson ou teste exato de Fisher para variáveis categóricas. A possível associação de fatores preditivos para amputação foi investigada por meio da regressão logística, incluindo todas as variáveis com nível de significância de 5% (p ? 0,05). Resultados: A amputação esteve presente em 77 pacientes, representando uma incidência cumulativa de 32% em 5 anos. Houve associação estatisticamente significativa entre NPD (p <0,001; Intervalo de confiança: 2,061 – 8,083; Razão de chance: 4) e DAP (p <0,001; Intervalo de confiança: 2,3 – 15,5; Razão de chances: 5,5) e a ocorrência de amputação. O grau de amputação mais frequente foi a desarticulação de dedos (86%). Conclusão: A incidência de amputações foi alta mesmo tratando-se de serviços especializados devido à gravidade dos pacientes. O presente resultado reforça a importância de discutir e compreender a conscientização sobre os fatores de risco e as complicações das úlceras do pé diabético e as consequentes amputações para contribuir com o aprimoramento do conhecimento sobre cuidados com os pés, educação do paciente, aplicação de abordagens preventivas, além da elaboração de métodos prioritários para redução das amputações de membros inferiores. Uma abordagem proativa para identificar pacientes com DAP e a NPD tem o potencial de prevenir ou retardar a progressão das complicações.