RECORRÊNCIA DE ÚLCERAS NOS PÉS EM PESSOAS COM DIABETES MELLITUS:
REVISÃO INTEGRATIVA
Resumo
Introdução: Este estudo tem o objetivo identificar na literatura a prevalência de recorrência de lesões nos pés em pessoas com Diabetes Mellitus e mapear os fatores de risco para a recorrência de úlceras nos pés em pessoas com Diabetes Mellitus (DM). Embora a recorrência de úlceras nos pés tenha recebido cada vez mais atenção, ainda existem poucos estudos sobre a prevalência e fatores de risco para a recorrência e sua identificação ainda não alcançou um consenso (HUANG et al., 2019). Justificativa: Estima-se que aproximadamente 15 a 25% das pessoas com DM desenvolvem úlceras nos pés durante a vida (INTERNATIONAL WORKING GROUP ON DIABETIC FOOT–IWGDF, 2019). Uma pesquisa na Alemanha e República Tcheca identificou que a recorrência cumulativa de úlceras nos pés foi de aproximadamente 70%, com risco de recorrência maior naqueles pacientes com úlcera no mesmo local a primeira úlceração (OGURTSOVA et al., 2021). Outro estudo publicado em 2017 inserido neste presente trabalho demonstrou que aproximadamente 40% dos pacientes com úlceras nos pés apresentam recorrência dentro de 1 ano após a cicatrização da úlcera, quase 60% em 3 anos e 65% em 5 anos (ARMSTRONG; BOULTON; BUS, 2017). Metodologia: Trata-se de revisão integrativa da literatura, baseada na questão norteadora de pesquisa “Qual a prevalência e fatores de risco associados à recorrência de úlceras nos pés em pessoas com diabetes mellitus no cenário mundial?”. Foram incluídos 10 artigos originais, selecionados a partir da Scientific Electronic Library Online (SciELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS), PubMed, Scopus, Web of Science Cinahl e Embase. A avaliação inicial e seleção dos documentos científicos foram realizados de forma independente por dois autores com auxílio do software online Rayyan. Resultados/Discussão: Os estudos incluídos foram publicados em 2022 (n=1), 2021 (n=3), 2020 (n=3), 2019 (n=1) e 2018 (n=2). Mostrando uma prevalência média de 30% a 65% de recorrência de úlceras nos pés no primeiro ano após a cicatrização completa da primeira lesão. Os fatores de risco principais associados foram neuropatia, deformidades anatômicas, amputações prévias e alterações vasculares. Onde neuropatia e amputação prévia foram citados em 40% dos estudos. O paciente com DM apresentou um aumento em 30% no risco de alterações anatômicas nos pés permanentes e ocorrência de amputações não traumáticas. Conclusão: Mesmo havendo a cura, o paciente permanece com debilidades físicas e perda de sensibilidade, por conseguinte, o risco alto de resurgimento de uma lesão. Enfatiza-se nos achados que o tratamento deve imprescindívelmente controlar os níveis glicêmicos, educar o paciente acerca dos cuidados com os pés e uso de calçado adequado, tão como o monitoramento das complicações vasculares, sabendo que o fluxo sanguíneo adequado é primordial para a cicatrização de úlceras do pé diabético e essas alterações microvasculares também implicam em maiores tendências a se desenvolver uma recidiva de lesão. Saber reconhecer um pé em risco e instituir medidas preventivas cabíveis para cada caso, pode ajudar a diminuir os casos de recorrência de ulcerações.