TRATAMENTO DE FASCEIITE NECROTIZANTE COM TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução: A TPN é um tipo de tratamento ativo da ferida que promove sua cicatrização em ambiente úmido, por meio de uma pressão subatmosférica controlada e aplicada localmente ¹. No contexto específico do tratamento da fasceíte necrotizante, há relatos de casos em que a TPN foi utilizada com sucesso. Por exemplo, um estudo descreveu um paciente tratado com essa técnica após a remoção dos tecidos mortos, resultando em uma cicatrização mais rápida e no fechamento da ferida cirúrgica ². Outra revisão integrativa menciona que a terapia por pressão negativa é indicada para feridas complexas, incluindo lesões por pressão, feridas necrosantes e queimaduras. Ela promove a formação de tecido de granulação, angiogênese, maior fluxo sanguíneo e diminuição do exsudato. Método: Este é um relato de experiência descritivo e observacional, realizado em novembro de 2022, durante a prática profissional de uma enfermeira estomaterapeuta em um hospital de grande porte em Fortaleza, Ceará. O estudo não exigiu submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa, pois envolveu apenas relato de experiência dos autores, sem exposição de dados que pudessem identificar pacientes ou hospitais. O tratamento foi baseado na evolução da paciente, com melhora clínica e aspecto da lesão, e não utilizou instrumentos direcionadores. A análise dos resultados foi obtida por meio de feedback positivo de enfermeiros, pacientes, familiares e equipe médica. Resultados: Este relato de experiência aborda o tratamento de uma paciente do sexo feminino, obesa, diabética e com histórico de transtorno bipolar e esquizofrenia. Ela foi internada com pé diabético infectado e grave, evoluindo para sepse, com indicação de amputação do pé esquerdo devido à obstrução de múltiplas artérias. Durante a internação, desenvolveu síndrome compartimental lateral da coxa esquerda, exigindo cirurgia de fasciotomia devido à presença de necrose e exsudato purulento. Nesse cenário, a TPN foi solicitada para tratar a região afetada e evitar uma amputação mais extensa. O tratamento com a TPN envolveu o uso de espuma de poliuretano com prata e um reservatório com capacidade de 1000ml, que atingia sua capacidade máxima em aproximadamente 18 horas, devido ao elevado volume de exsudato. Após o início da TPN, a paciente apresentou melhora significativa em seu estado clínico, comprovado pela avaliação da lesão e pelos exames laboratoriais. A redução do exsudato e a melhora no odor foram observadas após a segunda troca de curativo, realizada a cada 72 horas. Conclusão: A terapia por pressão negativa mostrou-se efetiva no tratamento da lesão complexa decorrente de fasciíte necrotizante nessa paciente. Graças ao tratamento realizado, a necessidade de amputação foi evitada, e a paciente recebeu alta da unidade de terapia intensiva, continuando o tratamento em casa. A estabilidade clínica foi alcançada, e o uso da TPN permitiu o tratamento eficaz da ferida, mesmo em um paciente pouco cooperativo. Este relato de caso destaca a relevância da TPN como uma abordagem adjuvante importante para o tratamento de feridas complexas como a fasciíte necrotizante.