O USO DE CATETER VESICAL DE DEMORA POR IDOSOS PÓS-CIRÚRGICOS: DESAFIOS PARA O CUIDADO NO DOMICÍLIO
Resumen
Introdução: O cateterismo vesical consiste na introdução de um cateter até a bexiga para a retirada da urina, trata-se de um procedimento invasivo utilizado em pacientes com dificuldades de eliminação urinária, sendo comum em idosos no pós-operatório devido às alterações fisiológicas do envelhecimento, pois com a fragilidade do sistema urinário essa condição tende a se agravar(1). Essa fragilidade é especialmente relevante em situações clínicas mais complexas, como o período pós-cirúrgico. Contudo, seu uso está associado a complicações, como infecções do trato urinário, lesões e dificuldades na mobilidade e autocuidado, especialmente quando o idoso retorna ao domicílio com o dispositivo(1,2). A Lei nº 7.498/1986 do Conselho Federal de Enfermagem define a instalação do cateter vesical de demora como uma atribuição privativa do enfermeiro, reforçando também o papel do enfermeiro não só na inserção, mas também no cuidado contínuo e acompanhamento. Nesse contexto, a alta hospitalar de pacientes idosos demanda preparo técnico e sensibilidade por parte do enfermeiro, pois envolve aspectos complexos que vão além do encerramento da internação. É fundamental abordar, de forma clara, a explicação sobre a condição de saúde, sua evolução esperada, orientações de autocuidado, uso correto das medicações, possíveis intercorrências, data de retorno ao serviço de saúde, cuidados no período entre as consultas, além de garantir espaço para dúvidas e confirmar se paciente e família compreenderam as informações repassadas pelos profissionais de enfermagem. Tais medidas são essenciais para prevenir complicações no período em que o idoso estiver fora do ambiente hospitalar e sem acompanhamento direto de profissionais de saúde(3). Objetivo: Identificar os desafios de idosos pós- cirúrgicos no uso do Cateter Vesical de Demora no domicílio. Método: Estudo qualitativo, realizado em uma clínica urológica da grande Florianópolis, no período entre maio e julho de 2020, com idosos acima de 60 anos, que foram submetidos à cirurgia e que necessitam ir para o domicílio em uso de Cateter Vesical de Demora. A coleta deu-se por questionário semi-estruturado, composto de duas partes sendo a primeira aplicada durante a internação para a caracterização do idoso e a segunda realizada após a alta dependendo do tempo de permanência com cateter. A caracterização dos sujeitos foi apresentada de forma descritiva e a análise dos dados qualitativos foi realizada por análise temática conforme Minayo(4). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer nº 3.945.629 e CAAE 27847519.7.0000.0121. Resultados: Participaram do estudo 16 idosos todos do sexo masculino, o tempo de permanência com o cateter foi de três a 24 dias, as principais causas para o uso do cateter as cirurgias: ressecção endoscópica da próstata (6), ressecção endoscópica da bexiga (5), prostatectomia (3), uretrotomia (1) e uretroplastia (1). Ainda, a maioria relatou conviver com câncer na próstata (9) e nenhum dos participantes contava com cuidadores em domicílio, apenas 2 participantes informaram contar com a família para cuidados específicos. A partir dos questionários identificou-se quatro categorias temáticas a saber: desafios em estar com cateter; necessidade de suporte no cuidado com o cateter; complicações relacionadas ao cateter e, educação em saúde para alta hospitalar. Reconhece-se que o processo de alta hospitalar é uma transição importante do cuidado, que pode gerar ansiedade e insegurança em alguns pacientes, principalmente pacientes idosos sem acompanhamento de cuidadores ou rede de apoio estruturada. Assim, as principais dúvidas trazidas pelos idosos foram acerca da fixação do cateter, locomoção e esvaziamento da bolsa. Acerca das complicações a obstrução foi a mais recorrente. Quanto às orientações recebidas para o preparo da alta hospitalar, quatro foram feitas pela enfermeira, quatro por médicos, duas por técnicos de enfermagem e um idoso mencionou que recebeu orientação por toda a equipe de enfermagem de forma conjunta. Conclusão: Destaca-se a importância das orientações no momento da alta, uma vez que, o manejo inadequado do cateter por falta de conhecimento pode gerar complicações. Com o estudo foi possível identificar que as orientações no momento da alta foram incipientes e que a movimentação estando com cateter foi o maior incômodo entre os idosos. Acredita-se que este estudo possa contribuir para o reconhecimento das principais dúvidas dos idosos em relação aos cuidados com o cateter e, além disso, oferecer subsídios para ampliar as estratégias de orientação na alta hospitalar, promovendo maior segurança para idosos, seus cuidadores e familiares no cuidado domiciliar.Descargas
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Publicado
2025-10-01
Cómo citar
Gelsleuchter, J. C., Locks, M. O. H., Girondi, J. B. R., Soldera, D., Vieira, L. T., Penha, L. P. D., Borges, Ágatha M. G., & Silva, R. H. D. (2025). O USO DE CATETER VESICAL DE DEMORA POR IDOSOS PÓS-CIRÚRGICOS: DESAFIOS PARA O CUIDADO NO DOMICÍLIO. Congreso Brasileño De Terapia Estomal. Recuperado a partir de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/2346
Número
Sección
Artigos
