EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE PÉ DIABÉTICO NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA
Resumo
Introdução: O diabetes mellitus é passível de complicações tanto a curto como a longo prazo. Entre as complicações temos a hipoglicemia, a hiperglicemia, a cetoacidose metabólica, a micro e macroangiopatia e a neuropatia, que levam ao dano, disfunção ou falência de órgãos. O pé diabético é uma das complicações associadas à diabetes mellitus, atribuíveis à doença vascular, neuropatia e infecção¹. Embora a ciência tenha avançado de maneira significativa nos últimos anos, atualmente o DM é uma doença de prevalência crescente em todo o mundo, tornando-se um problema de saúde pública, sendo considerado um dos principais fatores de morbimortalidade no Brasil². Uma estratégia de prevenção, de combate e de conscientização das doenças, entre elas a diabetes mellitus, validada pelo Ministério da Saúde, é a promoção de ações educativas, in loco, nas unidades de saúde, em todos os níveis de assistência à saúde³. As Ligas Acadêmicas de Estomaterapia são iniciativas estudantis que visa complementar a formação acadêmica da graduação em enfermagem na área de Estomaterapia, por meio de atividades que atendam o trinômio universitário de extensão, pesquisa e ensino?. Umas das finalidades das Ligas é desenvolver atividades assistenciais de prevenção e cuidado em estomias, feridas e/ou incontinência sob supervisão docente. A participação dos discentes em ações de extensão durante a graduação permite aos acadêmicos maior memorização, aperfeiçoamento e prática das suas habilidades e conhecimentos adquiridos em sala de aula, através da realização de e participação de ações extramuro, ações práticas de educação em saúde, como a desenvolvida pelos acadêmicos, além dos estudos teóricos realizados em palestras, minicursos e em discussão de artigos científicos em momentos de reuniões internas??. Esse estudo se torna relevante por contribuir para disseminação da importância das ações de extensão promovidas por ligas acadêmicas tanto para a formação do discente como para o serviço e a sociedade, além de promover a conscientização sobre uma condição que pode levar a complicações graves, hospitalizações caras e procedimentos médicos invasivos. Objetivo: Relatar experiência de uma ação de extensão universitária sobre pé diabético. Método: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência sobre a experiência de desenvolver uma ação educativa sobre pé diabético com os profissionais de um hospital infantil de referência em Fortaleza. O relato de experiência tem como característica principal a descrição das ações realizadas, este é um tipo de produção de conhecimento, cujo texto apresenta uma vivência acadêmica e/ou profissional em um, ou mais, pilares da formação universitária (ensino, pesquisa e extensão)6. Assim, a escolha por este tipo e a abordagem de pesquisa tem profunda adesão aos objetivos propostos. Realizado em parceria com Serviço Especializado em Estomias, Feridas e Incontinências de um Hospital Infantil de referência em Fortaleza no Estado do Ceará, esse serviço integra o Sistema Único de Saúde (SUS) compondo a rede de hospitais terciários públicos do estado. O Serviço de ambulatório do hospital infantil é composto por várias especialidades e por profissionais enfermeiros, técnicos de enfermagem, pessoal dos serviços gerais e do setor administrativo como recepcionistas, esses foram o público alvo da ação. A atuação das acadêmicas de enfermagem se deu enquanto integrante e extensionista da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia (LEE) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Participaram desta ação três acadêmicas e três profissionais do Serviço de Estomaterapia do hospital, a ação foi realizada no dia dezesseis de maio de 2022, no período da tarde, de 14h às 18h, totalizando uma carga horária de 4 horas. Esse estudo obedeceu à Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), por não apresentar dados direta ou indiretamente de pacientes, profissionais, ou prontuários, não foi submetido ao comitê de ética. Resultados: Para a realização da ação educativa, os acadêmicas desenvolveram duas principais etapas: 1) Preparação e organização; 2) Ação educativa sobre diabetes mellitus(DM) e pé diabético e; 3) Avaliação dos pés. Para a preparação dos ligantes, foi realizado um estudo em trabalhos científicos sobre DM e pé diabético. Na organização da ação educativa, os acadêmicos da Liga Acadêmica de Enfermagem em Estomaterapia se reuniram para discutir data, horário, conteúdo abordado, o que seria realizado e foi decidido quem da equipe estaria no dia da ação presencial. No dia da ação, o hospital disponibilizou uma das salas do ambulatório, que foi dividida em três estações. A primeira etapa foi a coleta dos dados, tínhamos um questionário, disponibilizado pelo serviço de estomaterapia. Na qual o público participante preenchiam informações como: idade, sexo, diagnóstico prévio de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus ou outra comorbidade, duração da DM, peso e altura para cálculo do Índice de Massa Corporal, hábito alimentar, sedentarismo, tabagismo, etilismo, entre outras informações, para traçar um perfil da pessoa participante da ação. Posteriormente, a segunda etapa ocorreu por meio da divulgação de informação e conscientização, na qual aconteceu a atividade de educação em saúde, com auxílio de folderes informativos e discurso sobre DM, alimentação adequada, controle glicêmico, importância da prática de atividade física, bem como hábitos de vida saudável, no geral. Na terceira etapa, houve a avaliação dos pés: 1) dermatológica, na qual avaliamos a presença de calos e vilosidades, alteração na umidade, presença de micose interdigital, presença de queratoses e rachaduras, ressecamento da pele, verrugas, lesões, bolhas, úlceras, presença de pele atrófica, reluzente, despigmentada, hipo ou hipercorada, com ausência de pelos ou pilificação, características de alteração na circulação sanguínea do membro; 2) aspectos ortopédicos: os itens avaliados foram presença ou não de deformidades dos pés, tais como o formato do pé, características dos dedos, presença de hálux valgus e hiperextensão dos tendões; 3) avaliação neurológica: alteração de força, como dorsiflexão, flexão plantar e extensão do hálux. E avaliação da sensibilidade tátil, protetora e dolorosa, as quais foram realizadas respectivamente com a passagem de um chumaço de algodão no membro e uso de monofilamento e de um instrumento pontiagudo (palito fixo) aplicado no mesmo local e maneira do monofilamento, o participante da ação expressava verbalmente quais as sensibilidades estão presentes ou não; 4) avaliação de autocuidado, como corte correto das unhas, com avaliação de anormalidades como onicocriptoses e onicogrifoses, e as condições de higiene dos pés. Quando estes exames se apresentam alterados é um indicativo de pé neuropático. Por fim, foi realizada hidratação e massagem relaxante nos pés, no mesmo momento foram realizadas orientações sobre os cuidados e prevenção de lesões, todas as ações realizadas foram acompanhadas pelos enfermeiros estomaterapeutas do setor. Considerações finais: Ante ao exposto, pôde-se considerar que a participação em ações educativas são de suma importância para a formação do acadêmico de enfermagem, pois permite aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos nas aulas e complementar o processo de aprendizagem. Além de proporcionar orientação, conhecimento e auxiliar as pessoas e profissionais na detecção precoce e manejo do pé diabético, abordando um problema de saúde pública. Por fim, tais vivências possibilitaram maior experiência prática, desenvolvimento de habilidades, contribuindo para a formação do futuro profissional de enfermagem.