AUTOCUIDADO DE PACIENTES COM FERIDAS COMPLEXAS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE ENFERMAGEM

Autores

  • RAYANNE DE SOUSA BARBOSA UNIVS
  • ELIABE ALVES DE LIMA UNIVS
  • RAYANNE ANGELIM MATIAS UNIVS
  • MARCOS ALAN SOUSA BARBOSA PREFEITURA MUNICIPAL DE ICÓ-CE
  • CLECIANA ALVES CRUZ UNIVS
  • LAYANE RIBEIRO LIMA UNIVS

Resumo

Introdução: As feridas complexas são aquelas que não cicatrizam dentro do período de tempo de 3 meses, e que permanecem retidas em algumas das fases do processo cicatricial1 . Sendo consideradas um problema de saúde pública, essas lesões acometem 5% da população adulta no mundo ocidental, se tornando um grande desafio terapêutico2. Por isso, a participação do paciente na adesão terapêutica e na realização do autocuidado permite o sucesso e a continuidade no tratamento. Com isso, percebe-se que a enfermagem está diretamente relacionada ao cuidado, sendo atuante no ensino do autocuidado, que se configura em uma estratégia relevante, para enfrentar os problemas relacionados ao processo cicatricial. Sendo necessário a realização de intervenções educacionais, com o intuito de estimular a prática de autocuidado, fazendo o paciente protagonista do seu cuidado3. Posto isso, Dorothea Orem define o autocuidado em sua teoria como “o ser humano cuidando de si”, afim de manter a vida, a saúde e o próprio bem-estar, e ainda afirma que a realização do autocuidado é capaz de manter o funcionamento humano e a integridade estrutural, que resultam no desenvolvimento do indivíduo4. O autocuidado é iniciado através da educação em saúde, levando o paciente a assumir medidas preventivas, e tornando-o capaz de identificar precocemente intercorrências clínicas, para minimizar as complicações causadas pelas feridas . Dado o exposto surge a seguinte pergunta de pesquisa: como se dá o autocuidado de pacientes com feridas complexas atendidos em um ambulatório de enfermagem? O estudo é justificado pela necessidade de avaliar o autocuidado de pacientes com feridas complexas, visto que essa ação é essencial para reduzir o tempo de tratamento e aumentar a qualidade de vida dessas pessoas. Objetivo: Avaliar o autocuidado de pacientes com feridas complexas atendidos em um ambulatório de enfermagem. Metodologia: O estudo foi do tipo exploratório descritivo com abordagem qualitativa, realizado na cidade de Icó, no Ceará, localizado na Região Centro Sul do Estado, distando 385,1 km da capital Fortaleza. O município conta com uma clínica escola do Centro Universitário Vale do Salgado UNIVS, localizado na Avenida Nogueira Acioly, Centro – Icó/CE, inaugurada em 25 de agosto de 2016, e presta atendimentos nas áreas de Enfermagem, Fisioterapia e Psicologia. A pesquisa aconteceu no ambulatório de feridas da Clínica Escola. A amostra foi composta por 10 pacientes portadores de feridas complexas atendidos no Ambulatório de Prevenção e Tratamento de Lesões- APTL. Os critérios de inclusão do estudo foram: pacientes atendidos no ambulatório e que possuíam feridas complexas. Os critérios de exclusão foram: aquelas pessoas com alguma incapacidade que as impossibilitasse de responder o instrumento de coleta de dados, como pessoas com deficiência visual, auditiva ou cognitiva, e os critérios de descontinuidade foram o abandono do tratamento, expressão do desejo de não mais participar do estudo ou óbito. A coleta ocorreu de forma presencial, nos meses de fevereiro e março de 2023 através da utilização de um formulário sociodemográfico e clínico, e uma entrevista semiestruturada com questões voltadas para o autocuidado. Os dados coletados foram gravados e analisados através do método de Análise de Conteúdo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Doutor Leão Sampaio- Unileão, sob o parecer nº 4.294.319. Resultados: Participaram do estudo 10 pessoas de 25 a 77 anos de idade, maioria do sexo masculino, com o ensino médio completo, aposentados, com renda de até 1 salário mínimo e casados. Quanto aos dados clínicos, as lesões prevalentes foram erisipela bolhosa e lesões traumáticas, com variação de tempo de tratamento de 4 meses a 4 anos e a principal complicação foi a extensa perda de tecido e a infecção local. Quanto a avaliação do autocuidado, os principais resultados nas unidades de registro e contexto foram relacionados a cuidados direcionados ao curativo que eram potencializadas pelas orientações de enfermagem e categorizadas de acordo com os Sistemas de Enfermagem presentes na Teoria do Autocuidado de Orem, são elas: ações de autocuidado dos portadores de feridas complexas a partir do sistema educação e a segunda categoria aborda o sistema parcialmente compensatório ao trazer as contribuições de enfermagem para o autocuidado dos pacientes com feridas complexas. Discussões: O autocuidado está diretamente atrelado a adesão terapêutica do paciente, por isso, as ações de autocuidado com a ferida complexa, vão além dos cuidados apenas com a lesão. Tratando-se de feridas difíceis de cicatrizar, é necessário saber lidar com a demora no processo cicatricial e a ocorrência de recidivas, por isso, os pacientes se tornam responsáveis pela realização dos cuidados diários com a lesão, como limpeza e troca de curativo e a identificação dos sinais e sintomas de complicações. Corrobora-se que para a realização do autocuidado de qualidade, o conhecimento científico deve estar atrelado ao saber popular, para que haja uma melhor compreensão sobre o cuidar. Mediante isso, a prática do autocuidado revela que cada paciente é um indivíduo único, com os seus próprios costumes, crenças, dificuldades, histórico de doenças pregressas e familiares, e isso reflete na sua singularidade para enfrentamento da lesão5. É necessário enxergar o paciente dessa forma, para que intervenções gerais, como ingesta de dieta adequada para sua comorbidade, sejam aplicadas e assim, seja possível obter resultados positivos. A educação em saúde realizada pelo Enfermeiro proposta pelo sistema educação é um mecanismo de promoção da saúde, capaz de gerar autonomia, de forma flexível, contínua e em diálogo com os vários fatores que envolvem portar uma ferida complexa. Com o objetivo de repassar orientações aos pacientes, de acordo com suas necessidades, levando um serviço capaz de atuar a longo prazo na qualidade de vida do paciente, e de forma a incentivar a realização do autocuidado. No que diz respeito ao sistema parcialmente compensatório é importante que o enfermeiro tenha conhecimento teórico- prático, para que sua assistência impacte positivamente na vida dos pacientes. Direcionando o foco em suas reais necessidades, e implementando o processo de enfermagem para auxiliar na organização das informações e para o melhoramento estratégico de cuidados aos pacientes. Além disso, através da Teoria do Autocuidado a enfermagem atua no processo de autonomia do paciente, através de cuidados (sistema parcialmente compensatório) e das orientações (sistema apoio educação), que se complementam a medida que o paciente obtém êxito no processo cicatricial e na diminuição de recidivas. Conclusões: Portanto, foi notório que as ações de autocuidado estão relacionadas ao que os pacientes julgam ser pertinentes para a cicatrização da ferida, através dos cuidados e das orientações de enfermagem. Percebe-se a necessidade dos profissionais repassarem mais orientações aos pacientes, em todos os aspectos, explanando e exemplificando a importância, razão e benefícios para realizar as ações de cuidados, pois é por meio destas orientações que os pacientes baseiam suas ações de autocuidado. E para tal, podem adotar a Teoria do Autocuidado de Orem, como subsídio de sua conduta profissional. Dessa forma, é imprescindível um olhar holístico ao paciente, além de capacitação profissional que possam facilitar o tratamento de um paciente com ferida complexa. Para isso, é importante, novas pesquisas na área, afim de elevar a qualidade da assistência.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Downloads

Publicado

2024-01-02

Como Citar

DE SOUSA BARBOSA, R., ALVES DE LIMA, E., ANGELIM MATIAS, R., ALAN SOUSA BARBOSA, M. ., ALVES CRUZ, C., & RIBEIRO LIMA, L. . (2024). AUTOCUIDADO DE PACIENTES COM FERIDAS COMPLEXAS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE ENFERMAGEM. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/609