PERFIL, PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO E FATORES ASSOCIADOS EM MULHERES PRATICANTES DE CROSSFIT®

Autores

  • CAMILA BARROSO MARTINS UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • BEATRIZ MOREIRA ALVES AVELINO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • TIFANNY HORTA CASTRO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • HADRYA RACHEL DA CRUZ QUEIROZ UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • FRANCISCO RAIMUNDO SILVA JUNIOR UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • PEDRO MIGUEL ALVES ROCHA UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC
  • RIKSBERG LEITE CABRAL HOSPITAL MUNICIPAL JOÃO ELÍSIO DE HOLANDA - MARACANAÚ
  • VIVIANE MAMEDE VASCONCELOS CAVALCANTE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ - UFC

Resumo

Introdução: A incontinência urinária (IU) é a perda de urina de forma involuntária e possui uma etiologia multifatorial. Estima-se que 200 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de incontinência urinária e que afete em média 15% a 30% da população'. Alguns fatores de risco para o desenvolvimento de incontinência incluem histórico familiar de incontinência, sexo feminino, raça branca, atividade física de alta intensidade, sobrepeso com fatores agravantes de obesidade, paridade, constipação, tabagismo e idade avançada (perimenopausa para as mulheres)2. Assim, sabe-se que o exercício físico é fator interveniente para ocorrência de Incontinência Urinária de Esforço (IUE) devido ao aumento da pressão intra-abdominal que sobrecarrega a musculatura do assoalho pélvico podendo facilitar o escape involuntário de urina. Cerca de metade das mulheres que sofrem de incontinência urinária apresentam IUE, sendo que a incidência varia de 28% a 51% em mulheres atletas com idades entre 25a 49 anos3. Diversos esportes são apresentados na literatura como prevalentes na ocorrência desta incontinência, como vôlei, levantamento de peso olímpico, corrida, entre outros4. A prática de Crossfit®, uma modalidade esportiva de alta intensidade que envolve vários grupos musculares, pode aumentar o risco de incontinência urinária de esforço. Esse tipo de incontinência é causado pelos mecanismos associados à prática de atividade física de alto impacto. Além dos efeitos fisicos mencionados anteriormente, a incontinência urinária tem um impacto negativo na vida daqueles que a desenvolvem, podendo causar sofrimento psicológico que leva a consequências como depressão, redução das interações sociais, diminuição da atividade sexual e outras práticas comuns do dia a dia, justificando assim o interesse na produção sobre evidências científicas sobre a temática. Objetivo: Apresentar o perfil, prevalência de incontinência urinária de esforço e fatores associados em mulheres praticantes de Crossfit®. Método: Estudo observacional, transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido junto a mulheres praticantes de Crossfit® Training em Fortaleza-Ceará. A amostra por conveniência foi de 385 mulheres, no período de coleta de março a junho de 2021. Incluíram-se no estudo mulheres que praticavam apenas Crossfit®, sem associação com outra modalidade esportiva. Excluíram-se mulheres menores de 18 anos. A coleta de dados foi por meio de questionário produzido no Google Forms, disponibilizado por meio das redes sociais (Whatsapp e Instagram), para mulheres que praticam a modalidade, para captura dos dados sociodemográficos, história pregressa e hábitos miccionais relacionados à prática do Crossfit®. Os dados foram inseridos em planilha Excel® e posteriormente exportados para o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 23.0. A análise dos dados se baseou em testes estatísticos descritivos (medidas de frequência, tendência central e dispersão) e analíticos (teste do qui-quadrado). O nível de significância admitido foi de 0,05. Foram avaliados: perfil sociodemográfico por questionamento sobre: raça, estado civil, trabalho, estuda, se já esteve grávida e se já se encontra na menopausa; tempo de prática da modalidade (em meses) e de percepção de perda de urina (em meses). Sendo realizado associação entre variáveis de condições clínicas, sociodemográficas e percepção de perda de urina. O estudo foi aprovado pelo comitê de Ética em Pesquisa sob número de parecer 4.131.462. Resultados: Nas análises sociodemográficas tivemos no que diz respeito a idade mediana de 30 anos e desvio padrão de 7 anos. No tocante ao peso houve mediana de 65 kg e desvio padrão de 10 kg, a altura foi 163 cm com desvio padrão de 5 cm. Para variável raça, 182 (46,3%) se autodeclararam pardas, 176 (44,8%) brancas, 23 (5,9%) pretas, 9 (2,3%) amarelas e 3 (0,7%) indígenas. Em relação a gestação e paridade, fatores que podem influenciar o desenvolvimento da incontinência urinária, 257 (65,4%) das participantes eram nulíparas e nuligestas e 136 (34,6%) já estiveram grávidas. Além disso, é importante observar que cinco (1,2%) mulheres se encontravam na menopausa. A maior parte das mulheres (86,8%) referiu ter conhecimento sobre a existência de exercícios para o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, entretanto, menos de um quarto das participantes (24,4%) praticavam esses exercícios. Ao serem questionadas quanto ao tempo de realização do Crossfit®, encontrou-se intervalo temporal amplo, variando de um até 154 meses de prática, com mediana de 24 meses. Já o período em que foi percebida o início da perda de urina variou de um a 124 meses, com mediana de 12 meses. Quando questionadas se percebiam perda de urina durante a prática de Crossfit®, 121 (30,8%) afirmaram que “sim”, onde 61(15,5%) referiram perda de urina anterior à prática da modalidade, e apenas 07 (5,8%) das que perceberam perda de urina durante o exercício, referiram ter alguma condição de saúde que justificasse essa perda. Das 121 mulheres incontinentes, 94 (77,7%) não buscaram nenhum tipo de serviço de saúde. A baixa adesão à execução (menos de 25% das mulheres referiram realizá-los) sugere deficiência no entendimento da importância dessa prática, especialmente frente à realização de modalidade esportiva que tem o potencial de predispor a incontinência urinária, condição que pode ser evitada mediante a realização desses exercícios. As mulheres relataram perdas urinárias durante exercícios como pulo de corda (n=96, 79,3%), box jump (n=52, 42,97%), front squat (n=39, 32,23%) squat clean (n=33, 27,27%), exercícios de pulos, as atividades que envolvem saltos e aterrissagens forçadas são causadores de escapes urinários, e agachamentos que devido a sua mecânica aumentam consideravelmente a pressão intra-abdominal. Realizaram-se associações de algumas variáveis e a perda de urina durante a prática de Crossfit® e encontraram-se associações significativas entre ter estar grávida (c2(1) = 9,093 p = 0,003, IC 1,236) e de perda de urina prévia (c2(1) = 53,415 p = 0,000, IC 4,244); como fatores intervenientes para perca de urina durante a prática de atividade física. Conclusão: A prevalência de IUE em mulheres praticantes de Crossfit® foi significativa ao passo que três a cada 10 mulheres apresentaram incontinência. Tal condição pode interferir nas atividades cotidianas, como exercícios fisicos, trabalho, vida social e até mesmo nas emoções das participantes. É importante reconhecer os impactos negativos que a incontinência urinária de esforço pode ter na qualidade de vida das mulheres e buscar tratamento adequado para minimizar essas limitações e promover o bem-estar. Faz-se necessário a intervenção do estomaterapeuta para indicação de treinamentos específicos sobre percepção cinestésica e força do assoalho pélvico.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

BARROSO MARTINS, C. ., MOREIRA ALVES AVELINO, B. ., HORTA CASTRO, T. ., RACHEL DA CRUZ QUEIROZ, H. ., RAIMUNDO SILVA JUNIOR, F. ., MIGUEL ALVES ROCHA, P. ., LEITE CABRAL, R. ., & MAMEDE VASCONCELOS CAVALCANTE, V. . (2023). PERFIL, PREVALÊNCIA DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO E FATORES ASSOCIADOS EM MULHERES PRATICANTES DE CROSSFIT®. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/764