USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E ALTERAÇÕES NO PADRÃO DE MICÇÃO DE ENFERMEIROS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Resumo
Introdução: A pandemia de COVID-19 impôs diversas alterações nos modos de vida. No tocante a atenção a saúde, os hospitais encontraram-se lotados e sobrecarga de trabalho dos profissionais de enfermagem1. Sabe-se que o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) é imprescindível entre os profissionais de saúde a fim de protegê-los de infecções. É fato que existem dificuldades no manejo e uso de EPIs e que estas podem impactar na saúde urinária desses profissionais2. A hipótese deste estudo é que houve mudanças no padrão miccional de enfermeiros relacionadas ao uso de EPI durante a pandemia de COVID-193. Objetivo: analisar alterações nos padrões miccionais de enfermeiros e no uso de EPI durante a pandemia de COVID-19. Método: Estudo observacional, transversal, realizado junto a 490 enfermeiros por meio de formulário semiestruturado com variáveis sociodemográficas, profissionais e hábitos miccionais adotados nas últimas quatro semanas de trabalho, bem como a aplicação do ICIQ- FLUTS que possui doze itens que visam avaliar os sintomas do trato urinário inferior com pontuação máxima de 48 pontos, onde valores maiores significam maior gravidade dos sintomas urinários. A pontuação referente aos sintomas de enchimento varia de 0 a 16, sintomas de esvaziamento de 0 a 12 e sintomas de incontinência de 0 a 20. O formulário foi disponibilizado online por meio de redes sociais para enfermeiros de todas as regiões do Brasil no período de março a abril de 2021. As análises estatísticas foram realizadas com o Statistical Package for the Social Sciences versão 23.0 Foi realizada análise descritiva e analítica. Para associação bivariada, utilizou-se o Qui-quadrado, considerando p-valor < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer n. 4.505.992. Resultados: A idade média dos profissionais foi de 36 (±8,8 anos com intervalo de 22 a 70 anos). Entre os participantes, 426 (86,9%) eram mulheres, 284 (58%) trabalhavam em apenas uma instituição, com carga horária semanal média de 47 (±21,7) horas. A pontuação total do ICIQ-FLUTS foi de 8,58 (± 4,82) pontos, com pontuação relacionada aos sintomas de enchimento de 3,62 pontos (± 2,27), aos sintomas de esvaziamento de 2,15 pontos (± 1,98) e aos sintomas de incontinência foram 2,90 pontos (± 2,52). O comportamento miccional dos profissionais é apresentado por meio de questões relacionadas ao hábito adotado nas últimas quatro semanas de trabalho. Apresentou associação estatisticamente significativa a presença de urgência urinária e realizar menos que 4 micções nas últimas 24h (p=0,003), redução de idas ao banheiro (p=0,000), evitar ir ao banheiro durante o plantão (p=0,000), evitar sentar no vaso sanitário (p=0,005), o uso do EPI dificultou sua ida ao banheiro (p=0,018). Conclusão: O traje necessário para cuidar das vítimas do COVID19 impactou negativamente o comportamento de saúde dos enfermeiros que trabalham na linha de frente. Urgência miccional foi predominantemente apresentada por profissionais que adotaram comportamentos nocivos como ficar longos períodos sem urinar ou evitar ir ao banheiro. Os dados desta pesquisa lançam luz sobre a necessidade de ações para prevenir tais comportamentos e suas consequências.