PERFIL DE UM AMBULATÓRIO DE ESTOMATERAPIA EM UM HOSPITAL REFERÊNCIA EM TRAUMA EM FORTALEZA

UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Autores

  • SILVANIA MENDONÇA ALENCAR ARARIPE INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • DÉBORA TAYNÃ GOMES QUEIROZ INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • ANA DÉBORA ALCANTARA COELHO BOMFIM INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • KARINE BASTOS PONTES SAMPAIO INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • ALICE SILVA OSTERNE RIBEIRO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ - UECE
  • KARLA ANDREA DE ALMEIDA ABREU INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • MÁRCIA VITAL DA ROCHA INSTITUTO DR JOSÉ FROTA
  • CARLOS ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI INSTITUTO DR JOSÉ FROTA

Resumo

INTRODUÇÃO No mundo o trauma acomete milhões de pessoas. É considerado um problema de saúde pública e geralmente associa-se a acidentes e a violência urbana1. As vítimas de trauma sofrem lesões que são agravos súbitos a saúde levando a déficits temporários ou definitivos interferindo na qualidade de vida. Em um hospital referência em trauma em Fortaleza alguns pacientes concluem o tratamento tópico das lesões em ambulatório de estomaterapia, propiciando a desospitalização e consequentemente a redução de custos com internação. Assim, são admitidas pessoas com feridas traumáticas egressas das unidades traumatológica, cirurgia geral, vascular e plástica e são acompanhadas por estomaterapeutas até a cicatrização. A relevância em conhecer o perfil de atendimento nesse ambulatório contribui para indicadores hospitalares, provisão de material e avaliação do cuidado prestado. OBJETIVO Conhecer o perfil de atendimento no ambulatório de estomaterapia em um hospital referência em trauma em Fortaleza. MÉTODO Trata-se de um estudo transversal com componente retrospectivo realizado no ambulatório de Estomaterapia de um hospital referência em trauma, localizado em Fortaleza, Ceará, Brasil. Composto por 765 leitos no total. O atendimento ambulatorial acontece nas segundas, quartas e quintas-feiras, no horário das treze às dezessete horas, cujos acompanhamentos são realizados por duas Enfermeiras Estomaterapeutas por dia com auxílio de duas técnicas de Enfermagem. Em média, são executadas doze consultas por turno, nas quais realizam-se consultas de Enfermagem envolvendo anamnese, exame físico , aferição de glicemia e pressão arterial. Além disso detém-se o manejo das feridas, fístulas e complicações de pele periestomas. Realiza-se orientações verbais acerca do cuidado com a ferida no domicílio agregando a entrega de folders educativos para tal. A amostra foi definida em 137 pacientes, utilizou-se como critérios de inclusão pessoas com feridas, fístulas e complicações em pele periestomas que tiveram alta hospitalar do referido hospital e foram admitidas no ambulatório para finalizarem seu tratamento em 2022. Os critérios de exclusão englobaram pacientes oriundos de outros serviços sem perfil para a continuidade no atendimento e aqueles que se evadiram. A coleta de dados aconteceu no período de janeiro a março de 2023 no Serviço de Estomaterapia do hospital em estudo, por meio de instrumento de coleta de dados, elaborado no Google Forms e o resultado compilado em planilhas no software Microsoft Excel. Composto por variáveis sociodemográficas, a saber: procedência, motivo da admissão, sexo, idade, escolaridade e a especialidade que realizou o encaminhamento; e relacionadas a lesão como o tempo de tratamento, a localização, a etiologia, os produtos utilizados e o motivo da alta ambulatorial. Desenvolveu-se a pesquisa dentro dos princípios éticos, com total confidencialidade dos dados de participantes, sob a submissão de Comitê de Ética e Pesquisa CAAE nº 611.459.22.3.0000.5047. RESULTADOS A extração dos dados da planilha preenchida de acordo com os dias de atendimento do ambulatório de estomaterapia, permitiu coletar o perfil de 137 pacientes ao longo do ano de 2022. Dentre os clientes atendidos para avalição da lesão e troca de curativo, 103 (74,5%) foram homens; na faixa etária prevalente de 33 (24,1%), dos 16 aos 45 anos de idade, com destaque a segunda maior porcentagem de 22 (16,1%) correspondente a população acima com idade maior que 60 anos. Estudo realizado no Piauí1, aponta dados semelhantes aos obtidos na presente pesquisa. Os tais destacam a predominância de indivíduos do sexo masculino na faixa dos 21 a 30 anos, dentro do perfil epidemiológico de vítimas de trauma atendidas em um ano no pronto socorro hospitalar no sul do Piauí. Quanto ao nível de escolaridade dos participantes, houve maior predominância do ensino fundamental incompleto com 63(46%), fundamental completo com 29 (21,2%) e médio completo com 23(16,8%). Em pesquisa aplicada na Bahia2, afirmou-se, em consonância, que os indivíduos com baixa escolaridade são o mais envolvidos em acidentes traumáticos geralmente com óbito. Analisando-se a procedência dos pacientes atendidos no ambulatório, 75 (54,7%) destes são advindos da capital Fortaleza, com segunda maior predominância da principal metrópole de Fortaleza, Caucaia, com 12 (8,8%). Dentre as regiões interioranas do estado do Ceará, destaca-se o Sertão Central com maior quantidade de municípios compostos por Quixadá, Banabuiú, Madalena, Boa Viagem, Quixeramobim, Choró, Jaguaribe, totalizando 6 (6,4%). A maior incidência de indivíduos interioranos no ambulatório está relacionada com a grande ocorrência de acidentes automobilísticos e de motocicletas, que são comuns nesses locais. Em consonância a afirmação anterior, observa-se que o principal motivo de admissão no serviço de trauma ocorre por acidente de moto 56 (40,9%), sendo 14 (25%) destes na faixa etária de 31 a 45 anos. Outro motivo de destaque é a queda 24 (17,3%), pois destes, 12 (50%) possuíam acima de 60 anos de idade, com média de 75,8 anos, o que corrobora com a análise de perfil dos idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva em estudo realizado no Ceará3 , afirmando que essa média de idade pode estar relacionada com os idosos apresentarem um perfil de população hígida, ou seja, com independência e autonomia para as atividades básicas de vida diária, levando uma vida ativa e expondo a vários riscos ambientais suscetíveis ao trauma. Outra variável analisada no presente estudo, é o encaminhamento da especialidade para o ambulatório, indicando que 58 (42,4%) dos pacientes são encaminhados pelo traumatologista. A partir das variáveis sociodemográficas, verifica-se os dados relacionados a lesão, para compreensão do perfil de acompanhamento/tratamento realizado no ambulatório de estomaterapia. A localização da lesão possui predominância nos membros inferiores com 64 (46,7%) dos traumas ocorridos. Além disso, a etiologia traumática destaca-se com 103 (75,9%) dentre as lesões tratadas no serviço. Nota-se a forte relação entre tais variáveis com a ocorrência de acidentes de moto, pois dentre esses, 28 (51,5%) foram causadores de trauma em membros inferiores e geraram lesões crônicas. Tendo isso em vista, analisa-se os principais produtos utilizados de acordo com as lesões tratadas no ambulatório, e, dentre os 25 disponíveis, a Gaze com PHMB (Polihexametileno biguanida) predomina com 46 (33,6%), que possui capacidade de eliminação de microorganismos de forma seletiva e com amplos benefícios para o leito da ferida, a saber: não provoca irritabilidade cutânea e maceração dos tecidos, além de eliminar odores. Com base na relação das variáveis apresentadas, considera-se o motivo da alta como importante indicador para o atendimento do ambulatório e eficiência do seu serviço. Assim, 84 (61,3%) das altas foram relacionadas a cicatrização da lesão; 23 (16,8%) receberam orientações para manutenção em domicílio; e destaca-se 6 (4,4%) que receberam alta por evasão do serviço. É válido informar que pacientes recebem alta da estomaterapia e são encaminhados para outras especialidades dentro do Serviço de pronto atendimento para outras resoluções tais como enxertia de pele e outras intervenções cirúrgicas. CONCLUSÃO A análise do perfil dos pacientes possibilita a difusão de conhecimentos a sociedade científica, sobre o processo de consulta ao paciente atendido pelos enfermeiros estomaterapeutas no ambulatório do estudo. Com isso, observou-se a prevalência de homens adultos, com baixa escolaridade, envolvidos em acidentes de moto, como principal perfil de atendimento. Destacando assim, as lesões com etiologia traumática e utilização de produtos com foco na descontaminação do leito da ferida, e com resultado predominante de cicatrização. Tais informações foram relevantes para os indicadores da Instituição e concomitantemente aos enfermeiros estomaterapeutas que a partir dos índices apresentados poderão criar estratégias para otimizar o atendimento ambulatorial, priorizando melhores insumos, inovando técnicas para melhorar a taxa cicatricial das feridas. Sugere-se para futuros estudos, a ampliação no número de componentes da amostra por meio de parcerias com outros serviços de estomaterapia, de modo a compartilhar informações sobre a otimização da cicatrização de acordo com cada perfil.

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Publicado

2023-10-21

Como Citar

MENDONÇA ALENCAR ARARIPE, S. ., TAYNÃ GOMES QUEIROZ, D. ., DÉBORA ALCANTARA COELHO BOMFIM, A. ., BASTOS PONTES SAMPAIO, K. ., SILVA OSTERNE RIBEIRO, A. ., ANDREA DE ALMEIDA ABREU, K. ., VITAL DA ROCHA, M. ., & ANDRÉ LUCAS CAVALCANTI, C. . (2023). PERFIL DE UM AMBULATÓRIO DE ESTOMATERAPIA EM UM HOSPITAL REFERÊNCIA EM TRAUMA EM FORTALEZA: UM ESTUDO RETROSPECTIVO. Congresso Brasileiro De Estomaterapia. Recuperado de https://anais.sobest.com.br/cbe/article/view/804