LESÃO POR PRESSÃO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA
ANÁLISE COMPARATIVA DA PREVALÊNCIA FRENTE A PANDEMIA DE COVID-19
Resumo
Introdução: A unidade de terapia intensiva é amplamente conhecida como um cenário de alto risco de desenvolvimento de lesões por pressão (LP) e lesões por pressão relacionadas à dispositivos médicos (LPRDM). Todavia, o surgimento de uma doença pandêmica como o COVID-19 ampliou os olhares para a ocorrência destes eventos adversos, tornando necessário ampliar o entendimento sobre a influência da infecção pelo vírus e o desenvolvimento de lesões cutâneas. Objetivo: Analisar a prevalência de LP e LPRDM e os fatores demográficos e clínicos associados à sua ocorrência em pacientes de terapia intensiva, em pacientes com e sem COVID-19. Método: Estudo transversal, retrospectivo, realizado em hospital localizado na cidade de São Paulo. Participaram do estudo pacientes com idade maior ou igual a 18 anos que estiveram internados em UTI no período de abril de 2019 a maio de 2021. Dados demográficos e clínicos foram coletados dos prontuários dos pacientes. Dados sobre as LP/LPRDM foram coletados através de consulta à base de dados “Indicadores de Prevalência de LP”, a partir da anamnese e exame físico de todos os pacientes internados, em um dia específico de cada mês. Os dados foram analisados por estatística descritiva e inferencial. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição. Resultados: A amostra foi composta por 425 pacientes (210 com Covid- 19 e 215 sem a doença). A maioria era do sexo masculino (n = 286/67,3%), com média de idade 70,1 anos (DP =18,4) para pacientes sem Covid e 66,4 anos (DP = 14,3) para aqueles com Covid. Em ambos os grupos a principal comorbidade foi a hipertensão arterial (n = 119/28,0%). A prevalência de LP no grupo sem Covid foi de 26,7% (56/215) e no grupo com Covid, a prevalência foi de 43,8% (92/210). A prevalência de LPRDM foi de 6% (13/215) no grupo sem Covid e 26,7% no grupo com COVID-19 (56/210). Os fatores associados ao desenvolvimento de LP nos pacientes com COVID foram dias de UTI e diabetes, já para o grupo sem este diagnóstico, os fatores foram dias de UTI, SAP3, sexo masculino, idade igual ou superior a 80 anos. Já para as LPRDM, os fatores associados nos pacientes com Covid-19 foram: sexo masculino, uso de ECMO e VMI, e nos pacientes sem este diagnóstico foram SAPS 3 e sexo masculino. Conclusão: A prevalência de LP e LPRDM apresentou maiores taxas em pacientes com Covid-19. Os fatores associados ao desenvolvimento de LP nos pacientes com e sem Covid-19 diferenciaram entre si, reforçando a necessidade de identificação destes pacientes como população em maior risco de desenvolvimento de lesões, bem como reforça a necessidade de ampliar a implementação de medidas preventivas para LP/LPRDM nos pacientes críticos, especialmente naqueles acometidos pela COVID-19.